Empresa diz que desocupação de terreno em Fortaleza foi acompanhada por policiais; Polícia Militar nega


Durante a desocupação, homens encapuzados dispararam contra as pessoas; uma mulher foi baleada no peito e morreu. Após a morte, manifestantes fizeram protestos e depredaram ônibus. Empresa diz que desocupação de terreno em Fortaleza foi acompanhada por policiais; Polícia Militar nega
Thiago Gadelha/SVM
A Polícia Militar do Ceará negou ter acompanhado a operação de desocupação de terreno no Carlito Pamplona, em Fortaleza, na terça-feira (10), contrariando o que diz a Fiotex, empresa proprietária do local.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp
O terreno era ocupado por diversas famílias. Na madrugada de terça, um grupo de três homens encapuzados, se identificando como policiais, intimidou as pessoas para retirá-los do local. Durante a ação, houve disparos de tiros, e uma moradora do local morreu atingida no peito. Após a morte de Ana Mayane dos Reis Severino, de 28 anos, houve protestos violentos, com ataques a ônibus na região.
Polícia dispersa protesto de moradores após morte em desocupação em Fortaleza
Os três homens encapuzados foram presos após a chegada da polícia. O g1 questionou a Secretaria da Segurança Pública se os presos são de fato policiais, como eles se apresentaram no local, mas a pasta não respondeu ao questionamento. No entanto, a Polícia Militar afirma que não teve participação oficial na ação de desocupação.
Policiais e manifestantes entram em confronto após morte de mulher em expulsão de terreno
TV Verdes Mares/Reprodução
Mayane chegou a ser socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento do Cristo Redentor, mas não resistiu ao ferimento. Ela deixa o marido e a filha de 4 anos. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará afirmou que a morte de Mayane está sendo investigada pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), que esteve no local.
Ao longo da manhã de terça-feira, um grupo de moradores continuou o protesto, fechando a avenida Francisco Sá e montando barricadas, até que a polícia dispersou o movimento.
O governador Elmano de Freitas (PT) se pronunciou nas redes sociais na tarde desta terça, e destacou que o episódio de violência na desocupação ocorreu em um terreno de propriedade privada.
“Três suspeitos de envolvimento no caso já foram identificados, sendo que dois deles conduzidos à delegacia para prestar depoimento. Determinei ao nosso secretário da Segurança Pública rigorosa apuração deste lamentável episódio”, afirmou Elmano.
Após ataque a ônibus, bando instalou barricadas de fogo em vias de Fortaleza
TV Verdes Mares/Reprodução
O que diz a proprietária do terreno
Em nota enviada ao g1, a empresa têxtil Fiotex, proprietária do terreno onde estava o acampamento desocupado, afirmou que o terreno é alvo de demarcação irregular e que chegou a registrar um boletim de ocorrência no 34º Distrito Policial.
A empresa afirmou que adotou “medidas para cessar a demarcação ilegal” e que, no momento que sua equipe chegou, não havia moradores no terreno.
“A ação foi testemunhada por policiais militares e ocorreu de forma pacífica por quase duas horas. A equipe foi surpreendida por agressores vindos de fora do terreno, arremessando pedras, ateando fogo e realizando disparos contra todos que se encontravam no local e seus arredores”, diz a Fiotex. “A Fiotex não compactua com atos de violência. A empresa está à disposição dos órgãos de segurança para colaborar com as investigações e se solidariza com a família da vendedora Mayane Lima e com todas as outras vítimas”
Conforme a Fiotex, um trator utilizado na ação foi destruído e incendiado, e dois colaboradores ficaram feridos.
A Polícia Militar disse que, sob a perspectiva das ações preventivas de segurança pública, oficiou a empresa proprietária do terreno que o mesmo estaria sendo alvo de demarcações irregulares, bem como orientou como a empresa proceder em caso de solicitação de medidas judiciais, portanto, legais.
Já com relação à presença de viaturas e/ou policiais militares no local, anteriormente ao acionamento da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), na manhã desta terça-feira, irá averiguar os fatos por meio do procedimento pertinente.
Ataque a ônibus
O motorista de um coletivo atacado afirmou que dezenas de pessoas, armadas com paus e pedras, atacaram o veículo.
Segundo informações de testemunhas, o ônibus trafegava pela Avenida Leste-Oeste quando foi abordado por dezenas de homens.
As pessoas jogaram pedras, e alguns passageiros sofreram ferimentos leves. O motorista desviou o caminho por alguns metros e estacionou o veículo na Avenida Filomeno Gomes.
“Eram dezenas de pessoas. Aí começou a gritaria e minha atitude foi sair da frente. Esses homens correram em direção ao coletivo. Estavam armados com pedra e pedaços de pau. Foi bem assustador”, afirmou o motorista do ônibus.
Passageiros que estavam no veículo relataram à TV Verdes Mares ter sofrido ferimentos leves com os estilhaços dos vidros destruídos; outros disseram que ficaram bastante assustados com o ataque.
Segundo a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), o grupo tentou incendiar um dos três ônibus atacados. Devido aos ataques, algumas linhas de ônibus deixaram de circular e outras tiveram a rota alterada.
No início da tarde de terça-feira, os ônibus suspensos e os que sofreram mudança nos itinerários voltaram a circular normalmente.
Homens encapuzados foram presos após desocupação que terminou com morte de mulher em Fortaleza
TV Verdes Mares/Reprodução
Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:
C
Adicionar aos favoritos o Link permanente.