Estrela de ‘Ainda estou aqui’, Fernanda é a 2ª brasileira a ser indicada ao Oscar como melhor atriz – a primeira foi sua mãe, Fernanda Montenegro, por ‘Central do Brasil’, em 1999. Professora de teatro de Fernanda Torres, Louise Cardoso diz que, aos 14 anos, aluna ‘já dava sinais dessa grande atriz que se tornou’
A atriz Fernanda Torres, agora indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo trabalho no filme “Ainda estou aqui”, deu os primeiros passos da carreira do Teatro Tablado, onde teve aulas com Louise Cardoso.
“Ela tinha 14 anos quando entrou para a minha turma e, naquela época, por incrível que pareça, já dava sinais dessa grande atriz que ela se tornou hoje em dia. Aconteça o que acontecer, seja feliz, o Brasil inteiro tá com você”, afirma Louise.
Em “Ainda estou aqui”, Torres revive a história real de Eunice Paiva, advogada e mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva. Eunice passou 40 anos procurando a verdade sobre Rubens (interpretado por Selton Mello), seu marido desaparecido durante a ditadura militar no Brasil.
O filme, um original Globoplay, foi nomeado em outras 2 categorias: Melhor Filme e Melhor Filme Internacional. Fernanda é a segunda brasileira a ser indicada ao Oscar. Aprimeira foi sua mãe, Fernanda Montenegro, por ‘Central do Brasil’, em 1999.
Mas, ocupar esse posto é algo que ela nunca imaginou, e uma entrevista sobre o assunto viralizou nas redes sociais. Em 1998, ela disse no Roda Viva que “nunca ia rolar”.
“Quando eu ganhei Cannes, primeiro lá na Tijuca, o meu tio Paulo virou pra mim… Acho que ele nem sabia direito onde era Cannes, ele falou pra mim: ‘quero te ver um dia no Oscar’. E eu olhei pra ele falei ‘nossa, tio Paulo não tem ideia do que é e da sorte que é chegar até aqui, o Oscar não vai rolar nunca'”.
Além de ser indicado, o sucesso internacional do filme serve como motor para um mercado que se reaqueceu no Rio. Segundo a prefeitura, houve crescimento de 56% na economia do audiovisual carioca nos últimos três anos. Uma indústria que emprega mais de 20 mil trabalhadores.
Filme “Ainda Estou Aqui”, direção Walter Salles
Imagem: Reprodução
Orgulho da Tijuca
A Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro, se encheu de orgulho nesta manhã com o anúncio de que a tijucana disputará o Oscar.
Em um dos lugares mais movimentados da região, perto da Praça Sáenz Peña, muitas pessoas expressaram alegria com a indicação da atriz e do filme.
A designer de interiores Aline Adomaipis afirmou que adora o trabalho de Fernanda e que vai torcer por ela no Oscar.
g1 foi às ruas para saber o que o povo achou das indicações de ‘Ainda estou aqui’
“Acho que todas as indicações abrem portas e, como ela mesmo disse, precisam conhecer o Brasil, que a gente tem muita coisa boa”, disse Aline.
O publicitário Israel Santana Esteves citou Vani, de “Os Normais”, e Fátima, “Tapas e Beijos”, como duas de suas principais lembranças com Fernanda. Ele falou sobre a importância das indicações para o cinema nacional e, assim como Aline, ressaltou a necessidade de valorizar os artistas nacionais.
“Acho importante a gente ter o Brasil sendo representado lá fora e, principalmente, a valorização do cinema nacional, que muitas vezes não é valorizado aqui mesmo. Eu acho que isso uniu o povo brasileiro e, agora, com o filme ganhando mais prêmios, é muito bom. E é um filme que representa o povo brasileiro e uma fase difícil e que mostra nossa história”, disse Israel.
A psicóloga Jaqueline Machado também admira o trabalho da atriz.
“Ela é um ícone, e a gente tem mais é que torcer sim. Ela merece todos os créditos. A gente torce que ela consiga mais prêmios porque isso dá visibilidade à nossa cultura. E a gente precisa de coisas boas”, disse.
O militar Alexandre Andrade, marido de Jaqueline, lembrou que o talento de Fernanda vem de berço.
“Estou torcendo, até por ser filha de uma grande atriz. Isso traz coisas boas para o nosso país, que estamos precisando”, finalizou.
Falando em mãe e filha, Ana Maria Santos de Carvalho e a filha, Mônica Carvalho, estavam combinando o melhor horário para ver o filme quando souberam da indicação de Fernanda Torres.
“Estamos doidas para ir, fui ver horários do cinema e, claro, vamos torcer por ela. Mais uma indicação de uma atriz brasileira. Isso chama a atenção para o cinema nacional. A mãe dela faz sucesso e agora é a vez dela”, disse Monica.
A mãe acompanhou o elogio: “Sou fã dela também”, completou.
A figurinista Elaine Mendes fez questão de ser otimista.
“Eu torço e tenho a certeza de que nós vamos ser indicados muitas e muitas vezes ainda”, finalizou.
Aline Adomaipis, Alexandre Andrade, Jaqueline Machado e Israel Esteves celebram indicações ao Oscar
Miguel Folco/g1
Tijucana
Fernanda passou a infância na Tijuca. Ela chegou a manter um perfil no X com o usuário “a tijucana”, onde compartilhava seus trabalhos e pensamentos do dia a dia.
Em uma das publicações, feita em 14 de outubro de 2010, a atriz falava sobre a rua em que cresceu.
“A tijucana passou a infância na rua Padre Elias Goraiebe, atrás da Sanz Peña, e foi sócia do Tijuca Tênis Clube”, escreveu.
Totalmente indicada
Fernanda Torres ganha Globo de Ouro de melhor atriz de drama
Mario Anzuoni/Reuters
Ela é a segunda atriz brasileira indicada na categoria de Melhor Atriz, 25 anos depois da mãe, Fernanda Montenegro, em 1999, pelo filme “Central do Brasil”. Na época, quem levou a estatueta para casa foi a atriz Gwyneth Paltrow, pela atuação em “Shakespeare Apaixonado”.
As duas foram indicadas por trabalhos com o cineasta Walter Salles.
No começo de janeiro, Fernanda conquistou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em filme de drama. A vitória é inédita para o país na categoria. Fernanda concorria com Nicole Kidman (“Babygirl”), Angelina Jolie (“Maria Callas”), Kate Winslet (“Lee”), Tilda Swinton (“O quarto ao lado”) e Pamela Anderson (“The last showgirl”).
Carnaval
Foliões se fantasiaram de Fernanda Torres no tapete vermelho do Oscar 2025
Reprodução
Com as conquistas no começo da temporada de Carnaval, Fernanda foi homenageada com a criação de um bloco de carnaval na Tijuca chamado “Braba Igual à Mãe”.
O cortejo saiu da Rua Padre Elias Gorayeb, onde a atriz passou parte da infância, e passou pela Rua Barão de Mesquita, onde ficava o Departamento de Operações de Informações do 1º Batalhão de Polícia do Exército (DOI-I), local em que o ex-deputado Rubens Paiva foi assassinado, durante a Ditadura Militar.