Pessoas mais jovens podem se candidatar a cargos sênior? Por que é importante se candidatar no nível correto? Especialistas respondem a dúvidas comuns sobre hierarquia de vagas no mercado.
A classificação de cargos em níveis júnior, pleno e sênior já virou prática no mercado de trabalho, mas ainda gera dúvidas entre os profissionais na hora de se candidatar a uma vaga.
Especialistas entrevistados pela BBC News Brasil afirmam que é comum os candidatos sentirem dificuldade em dizer em qual nível eles estão e para quais podem se candidatar, já que as definições dos cargos podem variar de uma empresa para a outra.
Além disso, os critérios usados para definir experiências e habilidades profissionais não são simples — e vão muito além de tempo de carreira ou formação.
“Por mais que sejam importantes, essas características de forma isolada não determinam o nível de um candidato”, destaca a gerente sênior de Gente&Gestão da Catho, Carolina Tzanno.
Então, como saber se você está em uma posição júnior, pleno ou sênior, ou se pode se candidatar a algum desses níveis?
Primeiro, vamos às principais características que os recrutadores buscam em cada nível e as principais diferenças entre os profissionais em cada posição, segundo especialistas entrevistadas pela BBC News Brasil:
Júnior: possui competências técnicas iniciais e estão em fase de aprendizado, sendo mais dependentes de orientação e supervisão para realizar suas atividades. O profissional júnior se destaca pelo potencial de crescimento e pela disposição em adquirir novas habilidades, buscando consolidar sua experiência prática.
Pleno: apresenta maior domínio técnico e autonomia. O profissional de nível pleno contribui de forma consistente para os projetos e processos da organização, assumindo responsabilidades de maior complexidade do que o nível júnior mas com menor necessidade de supervisão direta. Além disso, costuma demonstrar iniciativa e capacidade de solucionar problemas de forma proativa, agregando valor ao time.
Sênior: É um profissional mais experiente, atuando como grande referência em sua área. Com uma visão estratégica mais ampla, ele lidera e gerencia projetos de alta complexidade e serve como referência técnica e comportamental. Seu papel pode incluir também o desenvolvimento de talentos, atuando como mentor para profissionais em níveis mais juniores, fortalecendo o conhecimento e a colaboração dentro da equipe.
Além desta primeira orientação, há um outro passo que parece óbvio, mas que não é seguido por muita gente, de acordo com as entrevistadas: ler os pré-requisitos e critérios das vagas.
É nessa parte dos anúncios que estão as principais informações sobre o que os recrutadores esperam de um candidato do nível especificado.
Com isso em mente, o profissional precisa analisar as próprias experiências e competências para entender se elas são compatíveis com o anúncio.
Para a gerente de Recrutamento & Seleção da Gupy, Gabriela Xavier, um ponto-chave é analisar a complexidade das responsabilidades que uma pessoa desempenhou em experiências anteriores.
“Se a pessoa era responsável por tarefas específicas com supervisão direta e seguindo orientações, provavelmente ela está em um nível júnior. Caso tenha trabalhado com mais autonomia e participado de projetos relevantes, resolvendo problemas de média complexidade, ela pode ser avaliada como pleno. Se a pessoa liderou projetos estratégicos e influenciou decisões organizacionais, deve se posicionar como sênior”, pontua.
Outra dica dos especialistas é acessar uma amostra de vagas na internet para entender o que as empresas estão considerando como habilidades essenciais em cada nível.
Ainda ficaram dúvidas? Confira abaixo algumas orientações e dicas fornecidas pela especialistas sobre níveis de cargos.
A ‘fórmula do sucesso’ usada por recrutadores do Google
Soft skills: quais são as 17 habilidades socioemocionais mais buscadas por empregadores (e como aprimorá-las)
Pessoas mais jovens podem se candidatar a cargos de nível sênior?
É comum associar cargos de nível sênior a pessoas mais velhas e com mais tempo de carreira.
Entretanto, apesar de a experiência contar no recrutamento, é a capacidade do profissional de responder a demandas que vai definir em qual nível ele se encontra, diz Xavier.
“Se a pessoa tem habilidades técnicas avançadas alinhadas com o que está sendo exigido no descritivo da vaga, visão estratégica e histórico de contribuição significativa para projetos críticos, ela vai se destacar mesmo tendo poucos anos de carreira”, afirma a gerente da Gupy.
Por exemplo, um profissional com um ano de carreira que trabalha em uma empresa dinâmica pode ter enfrentado situações que exigiram mais responsabilidade e autonomia do que outro com o dobro ou até o triplo de tempo de carreira que, por ter atuado em um ambiente mais estável, não teve as mesmas oportunidades de desenvolvimento.
“É por isso que os recrutadores costumam pedir aos candidatos que relatem histórias reais e deem exemplos de situações em que precisaram resolver problemas ou tomar decisões importantes. É uma forma de avaliar o nível de complexidade que o candidato foi exposto em um cargo”, explica Tzanno.
Júnior pode migrar para pleno?
Segundo Tzanno, um funcionário em cargo de nível júnior pode se candidatar a vagas de nível pleno.
“Muitas vezes, o profissional é exposto a diferentes complexidades no trabalho, o que faz com que ele adquira experiência e maturidade. É importante que, ao ler sobre a vaga, ele reflita sobre as habilidades que tem e veja se ele encaixa naquele nível”, destaca.
Qual o nível adequado para quem está em transição de carreira?
Por mais experiência que um profissional tenha, é esperado que, ao mudar de área, ele tenha um aprendizado gradual.
Por isso, para as pessoas que estão em transição de carreira, o nível mais recomendado no geral é o júnior, segundo especialistas.
Isso pode mudar, segundo Xavier, quando o candidato apresenta “habilidades transferíveis sólidas”, como liderança, gestão de projetos ou resolução de problemas complexos, o que o posicionaria em um nível pleno.
“Nesses casos, é importante que a pessoa apresente sua experiência de forma estratégica, para que o recrutador veja que tem competências que podem agregar valor, mesmo em uma área diferente”, destaca.
Por que é importante se candidatar ao nível correto de uma vaga?
Segundo especialistas, muitos candidatos são descartados em processos seletivos por estarem desalinhados com o que a vaga pede.
Por isso, saber em qual nível você está é fundamental para otimizar as chances de sucesso, além de economizar o seu tempo e o do recrutador.
“Talvez o candidato até consiga passar em uma primeira peneira porque fez ajustes no currículo, mas quando chegar na fase de entrevista, o recrutador vai ver que a pessoa não tem as habilidades e experiência que a vaga requer”, destaca Tzanno.
Xavier acrescenta que, quando uma pessoa se candidata ao nível correto, demonstra maturidade profissional, o que fortalece a sua imagem no processo seletivo.
Por outro lado, quando se candidata a um nível incompatível, o profissional “demonstra falta de autoconhecimento ou entendimento das expectativas do mercado”, afirma.
Isso vale tanto para quem se candidata a vagas de nível acima do que possui quanto abaixo. Por exemplo, um profissional que tem habilidades de nível sênior, mas se candidata para vagas de nível pleno pode não ter sucesso por ser considerado superqualificado e incompatível com a vaga anunciada.
Tzanno afirma que, para as empresas, contratar alguém que claramente poderia exercer um cargo com nível acima do anunciado é algo evitado porque são grandes as chances desse profissional participar de outro processo seletivo e, eventualmente, ser convidado para trabalhar em outro lugar.
“E, mesmo em casos que a empresa assume esse risco, o próprio profissional pode se frustrar e não ter motivação no trabalho”, explica a gerente da Catho.
Como posso me desenvolver para mudar de nível?
Para profissionais que almejam subir de nível, seja para conquistar uma promoção ou buscar novas oportunidades, o recomendado é observar pessoas que estão em um nível acima e entender o que elas fazem de diferente.
“Analise o que esse profissional faz que você ainda não faz e comece a colocar isso em prática. Se não ficar muito claro, chame seu gestor para conversar e seja honesto sobre seu objetivo na carreira”, recomenda Tzanno.
De acordo com a especialista, buscar uma relação próxima e de confiança é fundamental para evoluir na carreira.
Os gestores podem elaborar um plano de desenvolvimento para preparar o profissional para um nível acima, além de destacar pontos de melhoria e competências que aquela pessoa ainda precisa desenvolver.
“Ninguém melhor que o seu próprio gestor para te apoiar e apresentar novas oportunidades de desenvolvimento”, destaca.
‘Não quero ser chefe. Não vale a pena’: os brasileiros que querem mais equilíbrio entre trabalho e vida pessoal
‘Trabalhar de casa não é trabalho sério’: por que ex-chefão do varejo britânico é contra o home-office
As mulheres suecas que estão parando de trabalhar
A classificação de cargos em níveis júnior, pleno e sênior já virou prática no mercado de trabalho, mas ainda gera dúvidas entre os profissionais na hora de se candidatar a uma vaga.
Especialistas entrevistados pela BBC News Brasil afirmam que é comum os candidatos sentirem dificuldade em dizer em qual nível eles estão e para quais podem se candidatar, já que as definições dos cargos podem variar de uma empresa para a outra.
Além disso, os critérios usados para definir experiências e habilidades profissionais não são simples — e vão muito além de tempo de carreira ou formação.
“Por mais que sejam importantes, essas características de forma isolada não determinam o nível de um candidato”, destaca a gerente sênior de Gente&Gestão da Catho, Carolina Tzanno.
Então, como saber se você está em uma posição júnior, pleno ou sênior, ou se pode se candidatar a algum desses níveis?
Primeiro, vamos às principais características que os recrutadores buscam em cada nível e as principais diferenças entre os profissionais em cada posição, segundo especialistas entrevistadas pela BBC News Brasil:
Júnior: possui competências técnicas iniciais e estão em fase de aprendizado, sendo mais dependentes de orientação e supervisão para realizar suas atividades. O profissional júnior se destaca pelo potencial de crescimento e pela disposição em adquirir novas habilidades, buscando consolidar sua experiência prática.
Pleno: apresenta maior domínio técnico e autonomia. O profissional de nível pleno contribui de forma consistente para os projetos e processos da organização, assumindo responsabilidades de maior complexidade do que o nível júnior mas com menor necessidade de supervisão direta. Além disso, costuma demonstrar iniciativa e capacidade de solucionar problemas de forma proativa, agregando valor ao time.
Sênior: É um profissional mais experiente, atuando como grande referência em sua área. Com uma visão estratégica mais ampla, ele lidera e gerencia projetos de alta complexidade e serve como referência técnica e comportamental. Seu papel pode incluir também o desenvolvimento de talentos, atuando como mentor para profissionais em níveis mais juniores, fortalecendo o conhecimento e a colaboração dentro da equipe.
Além desta primeira orientação, há um outro passo que parece óbvio, mas que não é seguido por muita gente, de acordo com as entrevistadas: ler os pré-requisitos e critérios das vagas.
É nessa parte dos anúncios que estão as principais informações sobre o que os recrutadores esperam de um candidato do nível especificado.
Com isso em mente, o profissional precisa analisar as próprias experiências e competências para entender se elas são compatíveis com o anúncio.
Para a gerente de Recrutamento & Seleção da Gupy, Gabriela Xavier, um ponto-chave é analisar a complexidade das responsabilidades que uma pessoa desempenhou em experiências anteriores.
“Se a pessoa era responsável por tarefas específicas com supervisão direta e seguindo orientações, provavelmente ela está em um nível júnior. Caso tenha trabalhado com mais autonomia e participado de projetos relevantes, resolvendo problemas de média complexidade, ela pode ser avaliada como pleno. Se a pessoa liderou projetos estratégicos e influenciou decisões organizacionais, deve se posicionar como sênior”, pontua.
Outra dica dos especialistas é acessar uma amostra de vagas na internet para entender o que as empresas estão considerando como habilidades essenciais em cada nível.
Ainda ficaram dúvidas? Confira abaixo algumas orientações e dicas fornecidas pela especialistas sobre níveis de cargos.
A ‘fórmula do sucesso’ usada por recrutadores do Google
Soft skills: quais são as 17 habilidades socioemocionais mais buscadas por empregadores (e como aprimorá-las)
Pessoas mais jovens podem se candidatar a cargos de nível sênior?
É comum associar cargos de nível sênior a pessoas mais velhas e com mais tempo de carreira.
Entretanto, apesar de a experiência contar no recrutamento, é a capacidade do profissional de responder a demandas que vai definir em qual nível ele se encontra, diz Xavier.
“Se a pessoa tem habilidades técnicas avançadas alinhadas com o que está sendo exigido no descritivo da vaga, visão estratégica e histórico de contribuição significativa para projetos críticos, ela vai se destacar mesmo tendo poucos anos de carreira”, afirma a gerente da Gupy.
Por exemplo, um profissional com um ano de carreira que trabalha em uma empresa dinâmica pode ter enfrentado situações que exigiram mais responsabilidade e autonomia do que outro com o dobro ou até o triplo de tempo de carreira que, por ter atuado em um ambiente mais estável, não teve as mesmas oportunidades de desenvolvimento.
“É por isso que os recrutadores costumam pedir aos candidatos que relatem histórias reais e deem exemplos de situações em que precisaram resolver problemas ou tomar decisões importantes. É uma forma de avaliar o nível de complexidade que o candidato foi exposto em um cargo”, explica Tzanno.
Júnior pode migrar para pleno?
Segundo Tzanno, um funcionário em cargo de nível júnior pode se candidatar a vagas de nível pleno.
“Muitas vezes, o profissional é exposto a diferentes complexidades no trabalho, o que faz com que ele adquira experiência e maturidade. É importante que, ao ler sobre a vaga, ele reflita sobre as habilidades que tem e veja se ele encaixa naquele nível”, destaca.
Qual o nível adequado para quem está em transição de carreira?
Por mais experiência que um profissional tenha, é esperado que, ao mudar de área, ele tenha um aprendizado gradual.
Por isso, para as pessoas que estão em transição de carreira, o nível mais recomendado no geral é o júnior, segundo especialistas.
Isso pode mudar, segundo Xavier, quando o candidato apresenta “habilidades transferíveis sólidas”, como liderança, gestão de projetos ou resolução de problemas complexos, o que o posicionaria em um nível pleno.
“Nesses casos, é importante que a pessoa apresente sua experiência de forma estratégica, para que o recrutador veja que tem competências que podem agregar valor, mesmo em uma área diferente”, destaca.
Por que é importante se candidatar ao nível correto de uma vaga?
Segundo especialistas, muitos candidatos são descartados em processos seletivos por estarem desalinhados com o que a vaga pede.
Por isso, saber em qual nível você está é fundamental para otimizar as chances de sucesso, além de economizar o seu tempo e o do recrutador.
“Talvez o candidato até consiga passar em uma primeira peneira porque fez ajustes no currículo, mas quando chegar na fase de entrevista, o recrutador vai ver que a pessoa não tem as habilidades e experiência que a vaga requer”, destaca Tzanno.
Xavier acrescenta que, quando uma pessoa se candidata ao nível correto, demonstra maturidade profissional, o que fortalece a sua imagem no processo seletivo.
Por outro lado, quando se candidata a um nível incompatível, o profissional “demonstra falta de autoconhecimento ou entendimento das expectativas do mercado”, afirma.
Isso vale tanto para quem se candidata a vagas de nível acima do que possui quanto abaixo. Por exemplo, um profissional que tem habilidades de nível sênior, mas se candidata para vagas de nível pleno pode não ter sucesso por ser considerado superqualificado e incompatível com a vaga anunciada.
Tzanno afirma que, para as empresas, contratar alguém que claramente poderia exercer um cargo com nível acima do anunciado é algo evitado porque são grandes as chances desse profissional participar de outro processo seletivo e, eventualmente, ser convidado para trabalhar em outro lugar.
“E, mesmo em casos que a empresa assume esse risco, o próprio profissional pode se frustrar e não ter motivação no trabalho”, explica a gerente da Catho.
Como posso me desenvolver para mudar de nível?
Para profissionais que almejam subir de nível, seja para conquistar uma promoção ou buscar novas oportunidades, o recomendado é observar pessoas que estão em um nível acima e entender o que elas fazem de diferente.
“Analise o que esse profissional faz que você ainda não faz e comece a colocar isso em prática. Se não ficar muito claro, chame seu gestor para conversar e seja honesto sobre seu objetivo na carreira”, recomenda Tzanno.
De acordo com a especialista, buscar uma relação próxima e de confiança é fundamental para evoluir na carreira.
Os gestores podem elaborar um plano de desenvolvimento para preparar o profissional para um nível acima, além de destacar pontos de melhoria e competências que aquela pessoa ainda precisa desenvolver.
“Ninguém melhor que o seu próprio gestor para te apoiar e apresentar novas oportunidades de desenvolvimento”, destaca.
‘Não quero ser chefe. Não vale a pena’: os brasileiros que querem mais equilíbrio entre trabalho e vida pessoal
‘Trabalhar de casa não é trabalho sério’: por que ex-chefão do varejo britânico é contra o home-office
As mulheres suecas que estão parando de trabalhar