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Após sofrer queimaduras de segundo grau, Isadora Milhomem precisa usar máscara de compressão por seis meses. Dentista disse que solicitou uma perícia judicial para analisar o caso. Dentista Mariana Mendes aplicou peeling em médica que teve o rosto queimado
Reprodução/Redes Sociais
A dentista Mariana Mendes rebateu as acusações da médica que sofreu queimaduras no rosto após fazer um peeling de cróton com ela. Nas redes sociais, a dentista afirmou que a paciente Isadora Milhomem teve uma reação ao procedimento e que foi avisada dos riscos.
“Antes de realizar o procedimento, todos os pacientes assinam um termo de consentimento onde são descritas todas as possíveis reações adversas transitórias incluindo a queloide, que foi exatamente o que aconteceu no caso dela.”
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Isadora Milhomem alega ter sofrido queimaduras de segundo grau no rosto por causa do peeling de AtaCróton para tratamento das cicatrizes de acne, feito com a dentista em uma clínica de Goiânia (GO). As complicações surgiram cerca de 40 dias após o procedimento.
Para evitar novas queimaduras e formação de queloides, a médica precisa usar uma máscara de compressão 24h por dia durante seis meses. Além disso, Isadora relatou ter tido várias complicações de saúde e já gastou cerca de R$ 10 mil em tratamentos.
A dentista Mariana Mendes afirma que as complicações podem ter acontecido por causa de alguma ação feita pela própria paciente após o tratamento ou da exposição a uma bactéria adquirida externamente. Mariana informou que solicitou uma perícia judicial para analisar o caso de forma imparcial.
Segundo Isadora, o caso foi judicializado e todas as provas já estão anexadas no processo.
O Conselho Federal de Medicina informou que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações (Veja nota abaixo).
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‘Resultados falsos’
Isadora Milhomem chegou ao perfil da dentista através de postagens no Instagram onde a dentista ostentava o resultado do peeling na pele das pacientes. Ela pagou R$ 8 mil pelo procedimento, no dia 14 de novembro de 2024.
“No perfil dela existiam diversos antes e depois de pessoas com muitas cicatrizes de acne e depois com a pele lisa. Eu olhava aquilo ali e falava ‘nossa, se esse rosto que era tão pior do que o meu em termos de cicatrizes, ficou assim, imagina o meu’. Hoje vejo que esses resultados eram falsos”, afirmou.
Arte mostra rosto de médica antes e depois de apresentar reações a procedimento
Arquivo Pessoal/Arte g1
A dentista chegou a postar o “resultado” de Isadora nas redes sociais. Mas segundo a médica, as fotos não mostravam a realidade de sua pele. A foto do ‘antes’ postada pela profissional foi tirada após a sessão de microagulhamento que antecede a aplicação do peeling, dando a impressão que o rosto tinha mais cicatrizes por estar machucado, e o ‘depois’ foi feito após a queda total da máscara oclusiva.
“Os dermatologistas me explicaram que é um ‘efeito Cinderela’. Logo que você finaliza o processo de um peeling, o rosto fica muito inchado por causa do processo inflamatório e dá aquele brilho, aquele aspecto de pele lisa. Ela postava um ‘pós’ imediato, quando a pele costuma ter um aspecto melhor. E essas complicações geralmente aparecem depois de 40 dias de procedimento”, comentou.
Além dos efeitos estéticos negativos e do desconforto causado pela máscara de compressão que precisa utilizar 24h por dia, Isadora também começou a sentir coceira e ardência na pele após as complicações.
“Dói muito também. Tenho que passar algumas pomadas e na hora de passar é um terror, porque dói bastante, incomoda muito”, relatou.
Tratamento agressivo
O peeling de AtaCróton, é um procedimento dermatológico capaz de promover a renovação celular, sendo indicado para tratar rugas profundas, cicatrizes e hiperpigmentação, mas é considerado agressivo. O produto utilizado é resultado da combinação do ácido tricloroacético (ATA) e do óleo de cróton.
De acordo com a dermatologista Yasmim Pugliesi o problema não está no peeling, mas nas combinações de produtos.
“O ácido tricloracetico é um produto utilizado há muitos anos dentro da dermatologia. O problema se encontra quando a gente começa a fazer combinações que não são conhecidas e não são estudadas e testadas cientificamente. Quando a gente começa a ter profissionais que não têm treinamento e habilidade para utilização desses produtos”, comentou.
Íntegra da nota do Conselho Federal de Medicina
O Conselho Federal de Odontologia repudia qualquer infração de conduta profissional e orienta os Conselhos Regionais para que realizem, com rigidez, a apuração das denúncias. No caso específico citado pela reportagem, a cirurgiã-dentista solicitou o cancelamento do registro profissional ao Sistema Conselhos de Odontologia, mas, em seguida, voltou a solicitá-lo e, neste momento, aguarda avaliação do pedido.
O Conselho Federal de Odontologia informa que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.
O CFO esclarece que os cirurgiões-dentistas, com registros regularmente inscritos junto ao Sistema Conselhos de Odontologia, estão autorizados pela Lei Federal 5.081, de agosto de 1996, a praticar todos os atos pertinentes à Odontologia, decorrentes de conhecimentos adquiridos em curso regular ou em cursos de pós-graduação; assim como a prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas em Odontologia.
O Conselho Federal de Odontologia reforça que a Harmonização Orofacial é uma especialidade importante da Odontologia, cujo crescimento atesta a alta demanda de pacientes pelos diversos tipos de tratamentos englobados nela, seja para fins funcionais ou estéticos. O CFO lamenta que casos isolados possam, de alguma forma, macular a imagem da grande maioria dos profissionais, que atua com seriedade e a partir dos princípios éticos de exercício da profissão.
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