Primeira da família a concluir ensino médio, estudante baiana representa Brasil em festival de inovação e criatividade nos EUA


Lara Borges, de 18 anos, nasceu em Alcobaça, no extremo sul do estado. Atualmente, ela cursa o primeiro semestre do curso de Odontologia na faculdade. Lara Borges, de 18 anos, nasceu em Alcobaça, no extremo sul da Bahia
Arquivo Pessoal
Primeira da família a concluir o ensino médio e a entrar na faculdade, a baiana Lara Borges, de 18 anos, vai representar o Brasil no South by Southwest (SXSW EDU), um dos mais renomados festivais de inovação e criatividade do mundo, que começa nesta sexta-feira (7), em Austin, no Texas, Estados Unidos, e segue até o dia 15 de março.
“É algo que vai ficar marcado para sempre na minha história, tanto no âmbito social, quanto emocional, porque eu sou neta de marisqueira e filha de um agricultor com uma cabeleireira”, disse ao g1.
Natural de Alcobaça, no extremo sul do estado, a jovem conquistou a possibilidade de participar do evento por meio do Projeto Empatia, iniciativa da Edify Education, uma edtech que oferece soluções educacionais em inglês para mais de 500 escolas no Brasil.
Durante participação no SXSW EDU, Lara vai debater sobre temas relevantes como os desafios climáticos, Inteligência Artificial (IA) e o futuro do planeta. Ela revelou que está empolgada e ansiosa para este momento.
“Quero mostrar como uma menina que veio de uma família de pescadores, onde a sua bisavó era analfabeta, conseguiu transmitir a importância da educação para gerações da sua família. Quero mostrar como a educação pode te mover de uma camada social e conseguir conquistar espaços”, explicou.
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Lara Borges considera a educação a única ferramenta capaz de fazer um indivíduo invisível na sociedade conseguir o seu espaço
Reprodução/Redes Sociais
Para Lara Borges, a educação é a única ferramenta capaz de fazer um indivíduo invisível na sociedade conseguir o seu espaço. E ela fala com propriedade.
“Isso ocorreu comigo. Jamais uma neta de um pescador e filha de agricultor conseguiria viajar para Texas para simplesmente falar da sua história em um evento tão importante como o SXSWEDU. E a educação fez isso comigo”.
A baiana também lamentou o fato da educação estar sendo, segundo ela, muito banalizada pela sociedade contemporânea, já que os jovens não valorizam os estudos.
Mas o que faz Lara gostar tanto de estudar? A família, claro, e seus objetivos de vida. O sonho dela é dar uma vida melhor para os pais e a avó.
“O que mais me motivou a concluir o ensino médio foi a minha família, porque eu quero proporcionar à minha família aquilo que eles nunca puderam ter. Eu quero proporcionar à minha família uma qualidade de vida melhor e isso a educação nos proporciona”, comentou.
Atualmente, a jovem cursa o primeiro semestre de Odontologia na faculdade e suas raízes a motivaram a escolher esse curso. Como cresceu em um meio de pescadores, Lara percebia que esses profissionais não cuidavam da saúde bucal por conta das condições financeiras.
“Infelizmente demanda de muito capital [cuidar da saúde bucal] e eu quero disponibilizar isso aqui na minha cidade, Alcobaça, porque a principal fonte econômica é a pesca. Então, quero disponibilizar isso para a população”, relatou.
COP 28 em Dubai
Lara Borges participou da COP 28 em Dubai
Reprodução/Redes Sociais
Essa não é a primeira vez que Lara Borges viaja para fora do Brasil para falar sobre temas tão importantes como os citados no início da reportagem. Isso porque a jovem fez uma apresentação sobre eles em 2023, na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP 28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Na época, a baiana participou de uma competição criada pela Edify Education. A edtech criou uma plataforma de inteligência artificial capaz de gerar imagens a partir de frases dos usuários sobre como eles imaginavam o futuro do planeta. A imagem mais votada renderia um convite para o evento, em Dubai. Lara Borges foi escolhida entre mais de 2 mil alunos, que participaram do projeto.
Para a jovem, não há palavras que consigam descrever tudo o que ela sentiu quando descobriu que foi selecionada para a COP 28.
“Eu realmente não tenho palavras para descrever o que eu senti no momento, porque foi um misto de emoções: foi alegria, foi um susto… porque foram muitos alunos que participaram, foram dois mil estudantes e eu fui a única selecionada”, disse.
O susto citado por Lara se deu porque ela ficou um ano sem estudar durante o período da pandemia da Covid-19. “Tive que retomar meus estudos do zero e eu pensava que eu não era digna de conseguir isso. Quando eu recebi a notícia, eu fiquei em choque e depois, sim, que veio alegria, euforia, mas eu realmente fico sem palavras para descrever o que eu senti no momento”, complementou.
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