
Na semana passada, operação policial prendeu 24 membros do Comando Vermelho suspeito de envolvimento na onda de ataques contra empresas do setor. Facção criminosa exige que empresas repassem parte do faturamento para autorizar oferta do serviço. Criminosos incendeiam empresa de internet em Caucaia, no Ceará
Uma empresa provedora de internet foi alvo de um ataque criminoso em Caucaia, no Ceará, na madrugada desta segunda-feira (17). Cinco criminosos encapuzados arrombaram a porta da Giga+, no Bairro Parque São Gerardo, derrabaram líquido inflamável e atearam fogo no local.
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O crime ocorreu seis dias após uma onda de ataques a empresas do setor, coordenada pelo Comando Vermelho. A facção exige dinheiro de operadoras de internet para permitir a oferta do serviço e promove ações de retaliação contra as provedoras que recusam pagar a “taxa”. Os ataques incluem tiros contra a fachadas das empresas, depredação e queima de veículos e rompimentos de cabos de fibra óptica, deixando os clientes sem internet.
Não foi confirmado se o ataque ocorrido nesta segunda-feira foi coordenado pela mesma facção. O g1 questionou a Secretaria da Segurança Pública sobre a investigação do incêndio, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Criminosos voltam a atacar empresas provedoras de internet no Ceará
Reprodução
Na semana passada, duas fases da operação Strike prendeu 24 membros do Comando Vermelho suspeitos de envolvimento na onda de ataque, ocorrida entre 22 de fevereiro e 11 de março (confira cronologia abaixo).
Conforme a Secretaria da Segurança, operadoras clandestinas de internet também foram fechadas. Essas empresas ilegais funcionavam a serviço da facção.
Em Caridade, a cidade mais afetada no estado, centenas de fios em postes foram destruídos, deixando 90% dos clientes que pagam pela internet sem o serviço.
Sequência de ataques
Arte mostra mapa com locais que ficaram sem internet após ataques de facções no Ceará
Arte/g1
O objetivo dos ataques é forçar as empresas a repassarem à facção parte da mensalidade paga pelos clientes pelo serviço de internet. As ações são direcionadas àquelas que não obedecem aos criminosos, segundo o titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, delegado Alisson Gomes.
Os provedores de internet no Ceará chegaram a suspender as atividades em algumas regiões depois de ataques promovidos por uma facção criminosa, que incluem desde o corte de cabos de internet até o incêndio de veículos e tiros contra as sedes das empresas. Até o momento, oito atos criminosos foram registrados em Fortaleza, Caucaia, São Gonçalo do Amarante e Caridade, sendo seis deles na última semana. Pelo menos quatro empresas foram atingidas.
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Cronologia dos ataques
17 de março: cinco homens encapuzados arrombam a porta da empresa Giga+, no Bairro Parque São Gerardo, em Caucaia, e ateiam fogo no estabelecimento.
14 de março: segunda fase da operação Strike prende mais sete suspeitos de envolvimento nos ataques, totalizando 24 prisões.
12 de março: a operação policial nomeada Strike prende 17 suspeitos de envolvimento na onda de ataques a provedoras de internet.
11 de março: criminosos jogaram pedras contra um veículo da empresa Brisanet na cidade de Caucaia.
10 de março: a fachada da empresa Acnet, na cidade de Caucaia, foi alvo de vários tiros.
10 de março: membros de facção destruíram fiação de uma empresa de internet em Caucaia.
9 de março: um dia após o governador anunciar combate a esse tipo de crime, uma empresa foi atacada na madrugada no Bairro Sítios Novos, em Caucaia.
8 de março: o governador do Ceará, Elmano de Freitas, anuncia criação de grupo para combater a facção que ataca as provedoras de internet no estado.
7 de março: criminosos destruíram várias fiações de uma operadora na cidade de Caridade; 90% dos clientes do município ficaram sem internet.
6 de março: um carro de serviço da Brisanet foi completamente destruído pelas chamas no Conjunto Metropolitano, em Caucaia.
27 de fevereiro: no distrito do Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante, onde está localizado o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), criminosos invadiram e vandalizaram uma empresa.
22 de fevereiro: no Bairro Jacarecanga, em Fortaleza, dois veículos da empresa Brisanet foram destruídos em incêndio.
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