
Você já teve a sensação de estar correndo contra o tempo para tentar dar conta dos afazeres e, mesmo assim, parece que nunca é suficiente para cumprir todas as tarefas? Se você respondeu sim, talvez seja hora de repensar seu estilo de vida para evitar o adoecimento.
Chamo atenção aqui para a Síndrome de Burnout, um estado de exaustão mental, emocional e física, resultado de longos e excessivos níveis de estresse no trabalho e que, nos últimos anos, tem atingido muitas mulheres. O motivo? O excesso de responsabilidades profissionais e familiares, a pressão para equilibrar tudo – incluindo vida social – e ainda encontrar tempo para si mesmas, quando conseguem, torna-se insustentável, levando ao esgotamento.
Para muitas mulheres, depois de um dia intenso de trabalho, ir para casa não é sinônimo de descanso, mas sim de mais trabalho, em um espaço onde, na maioria das vezes, não há equilíbrio na divisão de tarefas. Além disso, diferente do trabalho formal, o doméstico raramente é reconhecido.
Historicamente, as tarefas do ambiente doméstico sempre foram atribuídas às mulheres, sendo um trabalho naturalizado pela sociedade. Por conta dessa naturalização, mesmo com conquistas importantes no mercado de trabalho, muitas mulheres acumulam funções sem sequer questionar. Soma-se a isso a falta de uma rede de apoio ou de recursos para dividir as tarefas, tornando a sobrecarga maior.
No ambiente profissional – marcado por pressões, demandas complexas e prazos curtos -, a necessidade de validação e reconhecimento, combinada com expectativas elevadas em relação a si mesmas, leva muitas mulheres a serem excessivamente minuciosas, desenvolvendo um comportamento obsessivo que, eventualmente, resulta em exaustão.
Os principais sintomas do Burnout incluem irritação, sentimento de ineficácia, baixa autoestima, insônia, lapsos de memória, isolamento, depressão, entre outros. E, mesmo diante de um quadro tão extremo, muitas mulheres têm dificuldade em reconhecer seus próprios limites e romper o ciclo da sobrecarga. Em vez disso, prevalece a sensação de que precisam se dedicar ainda mais, pois acreditam que não são boas o suficiente.
O Burnout não acontece da noite para o dia. Ele vai se acumulando aos poucos, e é por isso que é tão importante ficar atenta aos sinais – especialmente ao cansaço constante, mesmo após um período de descanso. O grande problema é que, no papel de cuidadora, a mulher se coloca em segundo plano. O dia a dia corrido e a falta de tempo em meio a tantos afazeres, faz com que ela minimize seus próprios sentimentos, ignorando os sinais de alerta até que o esgotamento se torne insustentável e com impactos que vão além do trabalho, pois o Burnout afeta também a vida pessoal e familiar.
O trabalho é uma parte importante do nosso autodesenvolvimento e da nossa identidade. No entanto, cuidar de si mesma é uma necessidade e não um luxo. Priorizar a saúde mental, reconhecer os próprios limites e se respeitar é um ato de amor-próprio. Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga