Ao Fantástico, Paulo contou como tudo aconteceu e como transformou sua tragédia pessoal em um movimento de conscientização e ação. Sobrevivente de incêndio criminoso relata superação e criação de brigada voluntária
Um incêndio criminoso mudou a vida do Paulo Lima para sempre. Ao Fantástico, Paulo contou como tudo aconteceu e como transformou sua tragédia pessoal em um movimento de conscientização e ação. Veja no vídeo acima.
“A gente tem que tomar uma medida o mais rápido possível, nosso tempo acabou, a gente tem que correr atrás do que já foi. Eu fui, sou realmente sou vítima de um crime. Eu sou vítima de um incêndio criminoso e tem esse lado também. Eu fui pensar nisso muito tempo depois: não tem culpado, não tem ressarcimento da natureza, não tem ressarcimento das pessoas envolvidas”.
Veja o relato completo abaixo.
O acidente
Era 6 de setembro de 2019, quando Paulo foi informado por outras pessoas que o fogo se aproximava da sua casa.
“O pessoal me ligou e avisou que tinha um fogo que estava queimando uma semana lá na encosta, e o fogo estava chegando perto lá de casa. Eu coloquei a roupa que eu tinha: uma calça jeans, uma botina e uma doma de cozinheiro, que era a roupa que eu mais associei com proteção e fogo”, conta.
Com ajuda de outras pessoas, ele conseguiu fazer o fogo dar a volta na casa, mas o vento mudou.
“Na hora que a gente estava escalando a montanha para subir de volta, o fogo subiu junto muito rápido. O que era um foguinho virou um fogo muito grande e pegou na montanha. O fogo me pegou pelas costas. Eu tive que pular dentro do fogo”, relata.
Sobrevivente de incêndio criminoso relata superação e criação de brigada voluntária
Fantástico/Reprodução
Paulo ficou gravemente ferido.
“Muita adrenalina no sangue. Até chegar um resgate ia demorar bastante. Fui escalando, foi quando eu perdi as pontas dos dedos. E eu andei dali 1 km dentro da fazenda, pulando erosão, até chegar no socorro”, completa.
O renascimento
Paulo foi levado ao hospital, onde passou 60 dias e realizou cerca de 40 procedimentos cirúrgicos.
“Tirei couro da cabeça, fiz o rosto. Fiz os braços. Me remontei. Comecei do zero”, diz.
Um incêndio criminoso mudou a vida do Paulo Lima para sempre
Fantástico/Reprodução
Cada ano após o acidente foi uma fase de redescoberta.
“O primeiro ano foi a fase de me reconectar com o meu corpo, precisava aprender a andar, comer, beber água. Depois a questão social, de me reconectar”, afirma.
No quarto ano, Paulo decidiu tentar voltar ao trabalho, algo que ele achava que nunca mais poderia fazer novamente.
“Tudo que eu fiz da minha vida envolve mão e minha mão eu perdi praticamente 50% da minha movimentação e aí pude flertar de novo com o trabalho, tentar aos poucos. Claro que não com aquela eficiência e esmero como antes, mas de um outro lugar que o trabalho nunca é só uma coisa, são várias e eu posso observar”, destaca.
O futuro
A tragédia também inspirou Paulo e sua esposa a criarem a brigada de incêndio voluntária Guardiões da Cafuringa, que evoluiu para o Instituto Cafuringa. A organização apoia outras brigadas na região, fornecendo equipamentos e treinamento.
“A gente procura entender melhor o Cerrado e a região que a gente mora. Entender melhor as pessoas que estão nessa região, como elas lidam com o meio ambiente para através desses dados poder construir novas pontes de interação entre nós seres humanos com a natureza”.
Paulo e sua esposa a criarem a brigada de incêndio voluntária Guardiões da Cafuringa, que evoluiu para o Instituto Cafuringa
Fantástico/Reprodução
Paulo segue esperançoso de que sua experiência possa inspirar mudanças positivas na relação das pessoas com o meio ambiente.
A educação é a melhor ferramenta. Fazer com que isso se transforme em uma nova maneira de lidar para que esse fogo fiquei cada vez mais só aquecendo nossas chaleiras em casa, e menos a atmosferas por ai”, conclui.
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