Guerra da Ucrânia: em reação a Trump, Zelensky diz que nenhum acordo de paz pode ser negociado com a Rússia sem os ucranianos


Depois de toda a repercussão negativa dessa quinta-feira (13), Donald Trump disse que a Ucrânia vai, sim, ter lugar à mesa em qualquer negociação de paz. Ligação de Putin e Trump choca Europa e presidente da Ucrânia diz que não aceitará acordo sem participar de negociação
A imprensa mundial registrou, na quarta-feira (12), um anúncio do presidente dos Estados Unidos sobre a guerra na Ucrânia. Ele disse que, em uma conversa por telefone com Vladimir Putin, o presidente russo teria aceitado iniciar negociações para encerrar a guerra.
Mas como o conflito começou depois que a Rússia invadiu o território da Ucrânia, o fato de nenhum ucraniano ter participado da tal conversa provocou reações indignadas na Europa. E o presidente da Ucrânia protestou com veemência.
Volodymyr Zelensky se sentiu escanteado.
“Como país soberano, nós simplesmente não vamos aceitar qualquer acordo que não nos inclua”, disse Zelensky.
Guerra da Ucrânia: em reação a Trump, Zelensky diz que nenhum acordo de paz pode ser negociado com a Rússia sem os ucranianos
Jornal Nacional/ Reprodução
Ele falou que espera que os países europeus também participem das negociações porque, afinal, a Ucrânia faz parte da Europa, e afirmou que Putin quer fazer de tudo para a conversa ficar entre Moscou e Washington. O governo russo anunciou preparativos para um encontro entre Putin e Trump. Depois, o porta-voz do Kremlin afirmou que “é claro que, de uma forma ou de outra, a Ucrânia vai participar das negociações”.
No meio dessa história toda, a Europa foi pega de surpresa. O que esperar nesse momento da histórica relação entre Estados Unidos e europeus? Acabou a amizade? Apoio americano na Primeira Guerra Mundial, depois na luta contra os nazistas durante a Segunda Guerra, e na reconstrução do continente; criação da Aliança Militar do Ocidente, a Otan; reunificação da Alemanha. Europeus e americanos, juntos, viveram momentos importantes. Da parceria histórica para agora uma espécie de “se vira aí Europa que essa guerra é sua”.
As propostas de Trump para pôr fim à guerra da Ucrânia
Nesta quinta-feira (13), o secretário de Defesa dos Estados Unidos disse que a responsabilidade por parar a máquina de guerra de Putin é dos europeus. Mas também falou que o chefe dele, Trump, é o melhor negociador do planeta e pode acabar com o conflito.
Uma questão central dessa crise é o enfraquecimento rápido da Otan. Trump, na quarta-feira (12), passou por cima dos aliados da aliança militar, grupo do qual os próprios Estados Unidos fazem parte. O governo dele descartou a entrada da Ucrânia na Otan, o que ainda estava em discussão e podia servir de barganha nas negociações. Tem ainda o atropelo do direito internacional, quando as autoridades americanas admitem publicamente a possibilidade de a Ucrânia abrir mão de parte do próprio território.
Ministros da Defesa dos países da Otan, reunidos na Bélgica, criticaram Donald Trump. O ministro alemão disse que é lamentável que o presidente americano tenha feito concessões a Putin antes mesmo de as negociações começarem. Já o ministro francês alertou que uma paz que enfraqueça a Ucrânia pode ampliar o conflito. A chefe da diplomacia da União Europeia foi enfática:
“Qualquer acordo feito pelas costas da Europa não vai funcionar. Um arranjo às pressas será um acordo sujo”, ela disse.
Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth
Jornal Nacional/ Reprodução
Presente no encontro, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, rebateu as críticas. Disse que um acordo de paz vai envolver uma nova demarcação de território que nenhum lado quer. Também afirmou que a Europa precisa gastar mais com a própria defesa e assumir a responsabilidade pela segurança do continente.
“Não se enganem! O presidente Trump não permitirá que ninguém transforme o Tio Sam em Tio Otário”, afirmou.
Na quarta-feira (12), Hegseth disse que o foco dos Estados Unidos não vai ser mais a Europa e, sim, a China.
O professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, Oliver Stunkel, vê mudanças importantes na posição histórica dos americanos:
“Há esse grande consenso em Washington pós-Segunda Guerra Mundial de que os Estados Unidos precisam estar presentes na Europa para garantir a paz na Europa e evitar um novo conflito. Isso sempre foi o consenso que guiou as relações internacionais dos Estados Unidos. Certamente, as lideranças europeias precisam repensar a inserção da Europa no cenário global”.
Depois de toda a repercussão negativa dessa quinta-feira (13), Donald Trump disse que a Ucrânia vai, sim, ter lugar à mesa em qualquer negociação de paz.
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