Breno Tenório, da Universidade de Brasília, usa bactéria Serratia marcescens para dar cor ao tecido. Pesquisa mostra que técnica não prejudica meio ambiente, não causa alergia nas pessoas e cor não desbota na lavagem. Pessoas vestem roupas em vários tons de rosa em tecidos coloridos com o uso da bactéria serratia marcescens.
João P Teles/ Divulgação
Um pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) criou uma técnica que usa bactérias e vegetais para o tingimento de tecidos. A partir da bactéria Serratia marcescens , o professor Breno Tenório dá vários tons de rosa às peças que vão virar roupas no Distrito Federal.
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A pesquisa surgiu quando Breno Tenório decidiu mesclar os dois cursos no qual é formado: design e biologia, em sua dissertação de mestrado. Os microrganismos foram cedidos pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde foi feita a primeira pesquisa, em 2015, com Actinobactérias, que produzem uma grande diversidade de cores.
Em 2019, o pesquisador começou a trabalhar com a Serratia marcescens, que possui um pigmento rosa. Ele descobriu que a técnica não prejudica o meio ambiente (saiba mais abaixo), as roupas tingidas podem ser usadas sem o perigo de provocar algum tipo de alergia nas pessoas e também não desbotam com as lavagens.
Entenda como a peça é tingida 👚
O processo começa com o cultivo da bactéria no meio de uma cultura chamada “LB”, que fornece energia e nutrientes para a bactéria se desenvolver
As bactérias crescem em placas de Petri e depois no mesmo meio de cultura, só que na versão líquida
Depois de 3 dias, a coloração fica com um tom rosa bem forte. Esse líquido é usado para tingir os tecidos.
Para que a peça adquira cor, é preciso deixá-la em contato com o pigmento em uma temperatura de 60 graus, durante uma hora.
Depois, o tecido é colocado numa mordente por 15 minutos e lavado em seguida
São 5 dias, do cultivo da bactéria até o resultado final
📌Placas de Petri: recipientes redondos, geralmente feitos de vidro ou plástico, utilizados em laboratórios de microbiologia e biologia molecular. Elas são essenciais para o cultivo de microrganismos, células e tecidos em um ambiente controlado.
📌Mordente: uma substância associada ao tingimento que mantém a durabilidade da cor.
Sustentabilidade
O tingimento através das bactérias não polui o meio ambiente.
UnbTV
“A técnica do tingimento por bactérias é importante para pensarmos a sustentabilidade no mundo da moda”, diz o professor Breno Tenório. Segundo ele, o processo orgânico de tingimento pode contribuir para um menor prejuízo ao meio ambiente.
Uma peça de roupa tingida com corante sintéticos traz um gasto muito grande de água – em média, são usados de seis a nove trilhões de litros de água apenas para tingir tecidos. Além da poluição que as substâncias químicas do corante trazem à água, que deixa de ser potável.
“O principal problema dos corantes sintéticos (usados normalmente na indústria), é que eles advêm de petróleo e de diversas origens químicas. O tingimento sintético, quando a peça se decompõe, vai passar para o solo e para o lençol freático prejudicando o meio ambiente”, diz o pesquisador.
📌O grande benefício do tingimento natural é uma decomposição orgânica que não prejudica o meio ambiente.
📌Roupas feitas de petróleo por exemplo podem levar 200 anos para se decompor e os resíduos liberados por uma peça de corante sintético são extremamente prejudiciais ao meio ambiente.
Por conta do diferencial no tingimento, e na preocupação com o meio ambiente, a pesquisa de Breno saiu da academia e ganhou o mercado. A marca Farm por exemplo, patrocinou uma coleção do designer.
“A moda é a segunda indústria mais poluidora do mundo […] e precisa trazer esse novo olhar do ambiental, do social. Para que a moda continue refletindo nosso tempo e a precisa ser um tempo de mudança”, diz Bruno Tenório
Você sabia que e possível tingir tecido com bactérias?
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