Em audiência, PM nega participação em plano para monitorar passos de advogado assassinado no Rio


Outros dois réus permaneceram em silêncio nesta quinta-feira (12). Juiz negou pedido de revogação da prisão preventiva e determinou que as alegações finais sejam feitas por escrito. Advogado Rodrigo Marinho Crespo foi morto a tiros em fevereiro deste no ano, no Centro. O policial militar Leandro Machado da Silva
Betinho Casas Novas/TV Globo
O policial militar Leandro da Silva Machado, réu preso por suspeita de envolvimento na morte de Rodrigo Marinho Crespo, negou em audiência nesta quinta-feira (12) ter participado de um plano para seguir os passos do advogado. O crime aconteceu no final de fevereiro, no Centro do Rio.
Os outros dois réus, Cezar Daniel Mondego e Eduardo Sobreira Moraes, permaneceram em silêncio durante a audiência no Tribunal de Justiça do Rio.
O juiz Cariel Bezerra Patriota negou o pedido das defesas de revogação da prisão preventiva dos acusados.
“Não vislumbro razões para tanto, por não ter ocorrido nenhuma alteração fático-processual quanto aos réus, nem a defesa ter apresentado fatos novos, posteriores ou desconhecidos”, citou o magistrado.
“Ademais, o fim da instrução não é suficiente para revogá-la, tendo em vista que a prisão também visa a resguardar a ordem pública e a aplicação da lei penal, além de haver investigação desmembrada, o que reforça também o resguardo à persecução e instrução criminal”, completou.
Machado, preso em uma operação em abril deste ano, alegou ter apenas sublocado os carros para Cezar Daniel Mondêgo e Eduardo Sobreira. Questionado pelo g1, Diogo Macruz, que responde pela defesa do policial, afirmou que seu cliente “não tinha controle com o que as pessoas que sublocaram dele fariam com os carros”.
O PM disse ainda que não conhece o homem, apontado pela Delegacia de Homicídios da Capital, que teve seu nome utilizado como “laranja” para aluguel dos carros na locadora Horizonte 16. Segundo a Polícia Civil, os veículos teriam sido utilizados para seguir os passos da vítima nos dias anteriores à execução.
O juiz determinou ainda que as alegações finais do Ministério Público e das defesas do réu sejam feitas por escrito. Depois do fim dos trâmites jurídicos, ele decidirá se os réus devem ser levados a júri popular, se o caso não é de crime doloso contra a vida ou pela absolvição sumária de Machado, Mondego e Moraes.
Entenda a participação dos suspeitos, segundo a polícia
‘Assinatura’ de matadores de aluguel, diz delegado
Julgamento dos réus acusados de matar o advogado Rodrigo Marinho Crespo
Henrique Coelho / g1
No primeiro dia de audiências, o delegado responsável pelo caso, Rômulo Assis, disse que o homicídio tem a “assinatura” de matadores de aluguel de um determinado grupo. O sobrinho da vítima e os sócios do advogado também foram ouvidos.
A namorada de Rodrigo na época do crime, Isadora Strapazzon, foi à audiência e convocada a depor pelo juiz depois de ser citada em alguns depoimentos.
Relembre o caso
O advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos, foi morto a tiros em frente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no dia 26 de fevereiro deste ano, quando saía do escritório em que trabalhava.
Em abril, a Justiça aceitou a denúncia e tornou réus os três indiciados pelo homicídio qualificado do advogado.
Na decisão, também ficou determinada o afastamento de Leandro da Polícia Militar e a perda de seu porte de arma.
A Polícia Civil segue investigando para apurar se há mais envolvidos no crime. A polícia também analisa os dados de celulares apreendidos na prisão dos três suspeitos na primeira fase das investigações. O objetivo é descobrir informações que levem aos executores e ao mandante do crime.
A Polícia Civil e o Ministério Público suspeitam que a morte de Crespo pode ter sido um “recado” de contraventores contra o mercado legal de apostas online no Rio de Janeiro. Antes de morrer, Rodrigo tinha começado a se interessar pelo mercado de bets.
Segundo as investigações, os três suspeitos se encontraram antes e depois do crime nos arredores do 15º BPM (Duque de Caxias) onde Leandro trabalhava.
De acordo com o juiz que decidiu de pela prorrogação da prisão dos suspeitos, há indícios de participação de todos eles em um grupo de extermínio:
“É extremamente preocupante a presente investigação que revela a participação de um policial militar da ativa em um grupo de execução/extermínio, um verdadeiro grupo de sicários que se aproveita do poder estatal para criar um poder paralelo”.
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