Mulher que assina laudo de doador de órgãos infectado por HIV alega que era responsável pela conferência de erros de digitação


Jacqueline Iris Bacellar de Assis disse, em entrevista à TV Globo, que era responsável por conferir erros de digitação e pontuação em laudos para depois enviar para assinatura do responsável pelo exame. Jacqueline Iris Bacellar de Assis
Reprodução/TV Globo
A auxiliar administrativa que trabalhava no PCS Lab Saleme, Jacqueline Iris Bacellar de Assis, cuja assinatura aparece em um dos laudos que atestaram que os doadores de órgãos não tinham HIV, está entre os alvos de mandado de prisão na operação de Delegacia do Consumidor (Decon) desencadeada na manhã desta segunda-feira (14).
Em entrevista à TV Globo, Jacqueline reconheceu que as rubricas nos documentos são suas, mas negou qualquer envolvimento no caso e disse que na hora que assinava os documentos não havia carimbo, nem registro de profissional, e que foi contratada para trabalhar no laboratório no setor administrativo.
“Eu fazia conferência de estoque, realizava pedido de insumos [e fazia] preenchimento de planilhas de uma maneira geral no laboratório. E nos laudos, a gente fazia conferência para ver se estava correto, se tinha erro de digitação, a pontuação, se estavam com as observações necessária para enviar para assinatura [do responsável pelo exame]”, contou Jacqueline.
Assinatura de Jacqueline Iris Bacellar de Assis no registro de Júlia Moraes de Oliveira Lima.
Reprodução/TV Globo
Sobre a responsabilidade pela possível fraude, Jacqueline acusa a chefia.
“Houve uma sequência de erros de toda chefia. Dos donos que querem tirar a culpa deles, de toda uma sequência de erros”, disse a investigada.
Nesse domingo (13), a juíza Flavia Fernandes de Melo, do Plantão Judiciário, expediu os mandados temporários que tem prazo de 5 dias. A Polícia Civil esteve na casa de Jacqueline e de Cleber, mas eles não foram encontrados.
Laboratório diz que funcionária disse
Segundo o laboratório PCS Lab Saleme, Jacqueline se apresentou como biomédica e encaminhou uma troca de mensagens de agosto, na qual a funcionária apresenta um certificado de que seria biomédica. Entretanto, os laudos com a assinatura dela são de maio.
Troca de menagens entre o laboratório e Jacqueline Iris
Reprodução/TV Globo
Neste domingo, o g1 e a TV Globo descobriram que o número de registro no Conselho Regional de Biomedicina (CRBM) que consta no documento como sendo de Jacqueline é de outra pessoa, que mora fora do Rio e não exerce mais a profissão. A verdadeira dona do registro é biomédica Júlia Moraes de Oliveira Lima.
Questionada sobre o porquê o nome dela aparecia ao lado do registro de uma outra pessoa, Jacqueline respondeu: “Não sei”.
A mulher afirmou que quando assinava a documentação não aparecia nome ou número de registro.
“Na hora da conferência, não aparecia nenhum nome e nenhuma numeração. O que aparecia na tela era só os dados dos exames. Quando fazemos o acesso ao sistema, é solicitado uma rubrica e uma foto de uma rubrica nossa para constar no sistema”, destacou.
Ela afirmou ainda que sua formação, de 2008, é de técnica de análises laboratoriais, o que não permitiria um registro de nível superior.
O advogado de Jaqueline, José de Arimatéia Félix, disse à TV Globo que ainda “não teve acesso ao inquérito” e assim que a defesa tiver com os autos do processo das investigações, a técnica de laboratório irá se entregar. “Ela não tem nada a esconder”, completou.
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