O CRO-MG está passando por uma intervenção do Conselho Federal de Odontologia (CFO) após dentistas serem investigados por lesão corporal e até morte após procedimentos estéticos. O Conselho Federal de Odontologia (CFO) está investigando a conduta do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG) depois que dentistas realizaram cirurgias estéticas que causaram sequelas graves – uma delas provocou até a morte de uma paciente.
Além disso, as investigações administrativas do CFO apontam que a entidade mineira gastou mais com festas do que com fiscalização. O conselho também analisa o aumento de pedidos de dentistas que tem o CRO registrado em outros estados para trabalhar em Minas Gerais.
Este interesse seria um indício de fragilidade na fiscalização por parte do CRO-MG.
Nesta episódio do Gerais no g1, a repórter Larissa Bernardes fala sobre as investigações sobre a entidade e os inquéritos policiais que apuram lesões corporais de pacientes que passaram por procedimentos estéticos, realizados por dentistas.
Conselho de Odontologia de Minas Gerais sofre intervenção após lesões corporais e morte por procedimentos estéticos
Pacientes que tiveram rosto desfigurado denunciam dentista por erros em procedimentos estéticos
Dentista suspeita de causar infecções em pacientes após lipos de papada é indiciada por lesão corporal e uso de documento falso
Denúncias
Com o rosto muito inchado e sentindo fortes dores, paciente procurou um hospital e recebeu diagnóstico de infecção
Reprodução/TV Globo
Leonice Garcia foi seduzida por uma das várias propagandas de cirurgias estéticas realizadas por dentistas, que foram veiculadas nas redes sociais. Aos 63 anos, ela queria se sentir mais jovem e bonita. E procurou o dentista Fernando Lucas Rodrigues depois de conhecer o trabalho dele nas redes.
Euclides Garcia, marido de Leonice, conta que o dentista a convenceu a realizar três procedimentos: blerafoplastia – a retirada da pele das pálpebras; lifting – a redução das rugas do rosto; e a correção da flacidez do pescoço. E segundo Isabela, filha de Leonice, Fernando falava a todo momento que “era uma cirurgia muito simples”.
No entanto, as investigações mostraram que Leonice começou a passar mal durante a cirurgia, feita no consultório do dentista.
“Ela teve uma parada respiratória no meio do processo. (Eles) se utilizaram de adrenalina para tentar ressuscitar ela, e ela quase teve uma parada cardíaca também”, explicou a delegada que cuida do caso.
A família de Leonice diz que não soube de nada, e que ela foi liberada para casa sem nenhum tipo de aviso, e sem condições de andar. Horas depois, ela foi levada às pressas para o hospital. Ela sofreu uma parada cardiorrespiratória, e morreu.
Segundo a polícia, Fernando Lucas Rodrigues deverá responder por homicídio doloso pela morte de Leonice, e ainda por outros nove casos de lesão corporal em pacientes que ficaram com sequelas. Além disso, ele deve responder por exercício ilegal da profissão, por realizar procedimentos proibidos pelo Conselho Federal de Odontologia.
Mais de 20 mulheres denunciaram outra dentista em Belo Horizonte. Camilla Andrade Silveira, que já usou o nome Camila Groppo, fez nelas um procedimento de retirada de gordura da parte inferior do queixo. O procedimento pode ser realizado por dentistas que façam uma especialização. No entanto, segundo a polícia, Camilla falsificou o diploma.
Após as cirurgias, mulheres ficaram com sérios problemas de saúde. Uma delas teve uma infecção bacteriana gravíssima, que terá que tratar por mais dois anos. Camila foi indiciada por lesão corporal e pelo uso de documento falso.
As denúncias fizeram com que o Conselho Federal de Odontologia fizesse uma intervenção administrativa no regional de Minas Gerais. O presidente e oito conselheiros foram destituídos do cargo e uma diretoria provisória ficará nos cargos até o fim das investigações.
Por nota, a defesa de Fernando Lucas Rodrigues Alves afirma que “todo procedimento cirúrgico implica riscos inerentes, que são previamente comunicados aos pacientes, cuja ocorrência independe da conduta do profissional”.
Já a defesa de Camilla Andrade Silveira disse, também por nota, que “os fatos alegados serão esclarecidos no processo judicial”.
O advogado do ex-presidente do Conselho Regional de Odontologia negou as acusações de que faltou rigor nas fiscalizações.
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