Piracicaba e Limeira estão com a qualidade de ar considerada ruim pela Cetesb; situação pode gerar a piora de sintomas em pessoas com doenças respiratórias e cardíacas. Ministério da Saúde orienta uso de máscaras para moradores em regiões afetadas pela fumaça
Por conta do cenário de tempo seco, com baixa umidade, estiagem severa e queimadas, que pioram significativamente a qualidade do ar, o Ministério da Saúde recomenda à população ações para prevenir o contato direto com o ar, especialmente próximo aos focos de fogo, por conta dos poluentes gerados pelos incêndios e pelas condições climáticas. – Veja no VÍDEO acima. – Uma opção, para quem precisa estar em contato com o ar, é o uso de máscaras. O grau de proteção pode variar de acordo com cada tipo. – 😷 Confira na reportagem.
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😷Máscaras filtram o ar
Por conta essa situação, o Ministério da Saúde recomenda a diminuição da exposição às partículas presentes no ar nesse período.
As máscaras, como as utilizadas durante a pandemia da Covid-19, filtram o ar e podem ser opções de proteção para quem precisa ficar exposto ao ar no dia a dia.
Máscara cirúrgica e de pano
Getty Images via BBC
Em entrevista à equipe da EPTV, afiliada da Globo, a pneumologista Bruna Marabita explicou o que cada tipo oferece como proteção.
Máscaras caseiras
As máscaras conhecidas como “caseiras”, feitas de pano, conseguem barrar as partículas maiores, mais visíveis.
A médica recomenda esse tipo no caso de ausência de outras opções.
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Claudia Assencio/g1
Máscaras descartáveis
Máscaras cirúrgicas, as descartáveis, que podem ser compradas em farmácias, segundo a médica, têm um poder maior, com possibilidade de barrar partículas intermediárias.
Máscaras profissional
As máscaras profissionais, que são, por exemplo, a N95 ou a PFF2, são as que têm pode maior de filtragem.
De acordo com a pneumologista, elas conseguem barrar partículas menores e microscópicas.
Mecanismo de barreira
A pneumologista explica que, ao utilizar a máscara, é preciso estar atento, para criar um mecanismo de barreira do nariz e da boca.
“A gente vai respirar ar pelo nariz e pela boca. Então, precisa deixar a máscara bem acoplada com o rosto, pegando a cobertura total de nariz e boca, para que seja possível ter realmente um mecanismo de barreira para a nossa via aérea”, diz a médica.
Recomendações
O Ministério da Saúde recomenda às pessoas evitarem tanto a prática de atividades físicas em áreas abertas como permanecerem próximo dos focos de queimadas nesse período.
Em caso de necessidade de exposição ao ar, a recomendação é de usar máscaras N95, PFF2 ou P100.
Outra recomendação para a população em geral é beber mais água potável e procurar locais mais frescos;
Pessoas que possuem comorbidades, crianças, gestantes e idosos são mais vulneráveis aos efeitos à saúde devido a exposição à poluição do ar e ao calor extremo. Esses grupos necessitam de cuidados maiores e manter as consultas médicas em dia.
Caso surjam sintomas como náuseas, vômitos, febres, falta de ar, tontura, confusão mental ou dores intensas de cabeça, no peito ou abdômen, a orientação é para procurar atendimento médico.
Tempo seco eleva riscos de infarto e AVC: ‘relação íntima entre pulmão e coração’
O clima seco, com baixa umidade de ar, que atinge a região de Piracicaba (SP) nas últimas semanas, pode fazer com que as pessoas fiquem desidratadas e, com isso, aumenta o risco de obstrução de artérias, infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
É o que aponta o pneumologista da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Murilo Angeli Piva. De acordo com o médico, o ideal é uma umidade de ar entre, pelo menos, 50% e 60%.
“Dessa forma, é tranquilo para respirar e mantem as árvores brônquicas e as vias aéreas superiores umidificadas, é o normal. Mas estamos passando por um tempo grande abaixo dos 30% de umidade”, diz o médico.
Tempo seco em Piracicaba
Claudia Assencio/g1
Formação de trombos e obstrução nas artérias
⚠️De acordo com o pneumologista, esse cenário aumenta as doenças respiratórias e também pode causar desidratação.
“Quando a pessoa fica desidratada, aumenta o risco de formação de trombos, de obstrução em artérias, aumenta o risco de infarto, de AVCs, de derrames”, afirma o dr. Murilo Piva.
“Isso porque você vai ter um sangue mais espesso, vai ter uma filtração renal um pouco menor, porque você não tem aquela abundância de líquidos para ajudar a tirar as toxinas do corpo. Então, sim, aumenta o volume e os atendimentos de doenças cardiológicas”, explica.
Incêndio atinge área de vegetação perto de rodovia de Piracicaba.
Vanderlei Duarte/EPTV
Aumento de casos
Números enviados a pedido do g1 pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Piracicaba, referentes à evolução de casos cardíacos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do município, mostram que os registros de hipertensão arterial quase dobraram no comparativo entre as duas semanas do levantamento.
Entre os dias 17 e 23 de agosto, foram registrados 76 casos. O número saltou para 149 na semana seguinte, entre os dias 24 e 30 de agosto.
O índice, que teve uma queda quando comparado à semana anterior, já vinha de duas altas seguidas. Foram 116 registros entre 3 e 9 de agosto e 126 casos entre os dias 10 e 16 de agosto.
Quanto aos casos de insuficiência cardíaca, o número de casos varia entre 1 e 5 em cada semana. Essas, de acordo com SMS, são as doenças cardíacas mais comuns.
Evolução de casos cardíacos
Relação entre pulmão e coração
O pneumologista afirma que há “uma relação íntima entre pulmão e coração” e que pacientes que já possuem doenças pulmonares têm maior tendência a crises.
Doenças cardiológicas: Relação íntima entre pulmão e coração
🫁🫀Em relação às doenças cardiológicas, como existe uma relação íntima entre pulmão e coração, pacientes que já têm doenças pulmonares, eles têm maior tendência a ter crises, conforme explica o médio. “Tanto os asmáticos como os enfisematosos”, aponta o médico.
“”Isso diminui o oxigênio inspirado e aumenta o trabalho cardíaco, porque a pressão no pulmão acaba ficando um pouco maior, a resistência fica um pouco maior, então, você tem nesses momentos um aumento do trabalho cardíaco e, em consequência, se você já tiver uma propensão a alguma dessas doenças cardiológicas, você vai ter um aumento de incidência por esse motivo também”, explica.
Camada de poeira no céu da região central de Piracicaba
Claudia Assencio/ g1
Como prevenir
A principal medida para prevenção, de acordo com o dr. Murilo Angeli Piva, é se hidratar. Entretanto, há casos em que existem restrições e, alguns cuidados são fundamentais.
“Tem algumas doenças cardíacas que o volume de líquidos é restrito, então, é preciso conversar com o cardiologista. Se não tiver restrição, a recomendação é hidratar bastante, ter as mucosas sempre bem úmidas, mas, se tiver alguma restrição, conversar com ele qual o melhor caminho para manter essa hidratação”, orienta o médico da SMS.
O pneumologista recomenda, ainda, respirar bem o vapor d´água quando for tomar banho e, se possível, umidificar o quarto.
O uso de vacinas também é recomendado. “Tem as vacinas, que pegam mais até o pessoal mais velho, mas, em algumas situações, você pode usar essas vacinas também para prevenir as doenças respiratórias, que podem provocar um aumento do trabalho cardíaco”, completa.
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