Brigadistas tentam salvar coqueiros usados para fazer casas e o cumaru, medicamento importante e fonte de renda para as mulheres das aldeias. Focos de queimadas ameaçam territórios indígenas na divisa de Mato Grosso com Pará
Reprodução/TV Globo
Na divisa de Mato Grosso com o Pará, os focos de queimadas ameaçam territórios indígenas.
O sobrevoo entre os estados que mais têm focos de calor em setembro mostra incêndios a perder de vista.
“Essa queimada vai levar mais ou menos 30 anos para o mato crescer. Porque palha para fazer casa, madeira para fazer a casa, queimou muito, queimou tudo, conta o cacique Kayapó Megaron Txucarramãe.
O cacique Megaron Txucarramãe é uma das principais lideranças Kayapó em Mato Grosso, uma comunidade indígena que vive às margens do Rio Xingu e que foi atingida por um paredão de fogo há dois dias. Na linha de frente, brigadistas tentam salvar coqueiros usados para fazer casas e as árvores de cumaru, medicamento importante e fonte de renda para as mulheres das aldeias.
Focos de queimadas ameaçam territórios indígenas na divisa de Mato Grosso com Pará
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No estado vizinho, no Pará, a Terra Indígena Kayapó também está queimando muito. A equipe do Jornal Nacional sobrevoou o território – a melhor forma que a equipe encontrou para mostrar o incêndio, que só avança. Nem os brigadistas do Prevfogo combateram as chamas por lá, por enquanto, por causa da insegurança que existe nessa terra indígena hoje.
Segundo o Ibama, o fogo lá é criminoso. Há uma semana, com apoio da Funai e da Polícia Rodoviária Federal, os agentes fazem uma operação contra o garimpo ilegal. A fiscalização destruiu mais de 20 máquinas, 90 motores e cinco vilas estruturadas, até com internet.
“São áreas que são ocupadas por invasores. Eles utilizam do fogo para poder fazer a remoção da cobertura florestal, e acaba incendiando todo o território”, diz Hugo Loss, agente de fiscalização do Ibama.
“As terras indígenas hoje, sabidamente, são os territórios que melhor protegem a natureza, que elas permitem a conservação dos habitats, dos ecossistemas. No contexto em que a gente está, não podemos nos dar ao luxo de perder terra indígena, de perder território, floresta e de ter devastação dentro desses espaços”, afirma Jorge Eduardo Dantas, coordenador da frente de povos indígenas do Greenpeace.
Focos de queimadas ameaçam territórios indígenas na divisa de Mato Grosso com Pará
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