Após desclassificação de crime, empresário denunciado por agredir professor responderá por lesão corporal grave no AC: ‘Desanimador’


Empresário Adriano Vasconcelos Correa da Silva foi, inicialmente, denunciado por tentativa de homicídio contra Paulo Henrique da Costa Brito, de 21 anos, que perdeu a visão de um dos olhos ao ser atingido com um soco. Posteriormente, o próprio MP pediu a alteração, concedida pela Vara Criminal da Comarca de Brasiléia. Paulo Henrique [à esquerda] foi agredido pelo empresário Adriano [à direita]
Arquivo pessoal
Pouco mais de 11 meses após a agressão contra o professor Paulo Henrique da Costa Brito, de 21 anos, durante uma discussão em um bar no Centro da cidade de Brasiléia, no interior do Acre, o empresário Adriano Vasconcelos Correa da Silva, acusado pelo caso, obteve uma desclassificação do crime e responderá por lesão corporal grave.
A defesa do réu concordou, e ele responderá ao crime em vara comum. O g1 não conseguiu contato com os advogados.
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O caso ocorreu em 3 de outubro de 2023, quando ele tinha acabado de sair do trabalho e resolveu parar no bar para tomar um chopp com amigos. Um mês depois, o empresário foi indiciado por lesão corporal grave pela Polícia Civil. Pouco antes da conclusão do inquérito, o delegado Erick Maciel informou ao g1 que aguardava o exame de corpo de delito que seria decisivo para determinar a gravidade das lesões sofridas pelo professor. A vítima perdeu o olho esquerdo por conta da lesão sofrida.
Após o indiciamento, o empresário foi denunciado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) por tentativa de homicídio por motivo fútil. Por não ter conseguido reunir elementos que provassem a intenção de matar, o próprio órgão pediu a alteração, concedida pela Vara Criminal da Comarca de Brasiléia.
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‘Desanimador’
Paulo Henrique da Costa Brito, de 21 anos, foi gravemente ferido perdeu a visão do olho esquerdo
Arquivo pessoal
A agressão aconteceu ao lado de uma viatura da Polícia Militar e foi registrada por câmeras de segurança. À época, Paulo contou que teve cortes profundos no olho e precisou retirar o globo ocular esquerdo, perdendo a visão. (Veja no vídeo acima)
Professor mediador de crianças atípicas, ele definiu o suspeito como bárbaro e disse não entender o motivo da violência. Quase um ano depois do caso, Brito ainda sente as marcas da agressão, e não apenas fisicamente. Até hoje ele carrega as cicatrizes psicológicas e no olho perfurado, pelo qual aguarda operação através do Sistema Único de Saúde (SUS).
A cirurgia consiste na reconstrução do canal lacrimal, que foi dilacerado pela agressão. Com isso, Brito ficou com lacrimação constante na cavidade do olho retirado. Ele ouviu da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) que não há médicos na rede estadual que façam essa operação, e que por isso ele precisará de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), o que ele segue aguardando.
“É desanimador, para falar bem a verdade, quando a gente vê uma coisa dessa acontecendo. Já se passou um ano, o sujeito, o agressor, Adriano, nem sequer me procurou para fazer um pedido de desculpas. Estou tendo muito gasto, estou numa fila esperando uma cirurgia que nem sequer é feita no Acre. Estou esperando pelo SUS e já vai fazer um ano. Era para ser uma cirurgia de emergência, só que, infelizmente, o nosso SUS tem sua morosidade. Então, o que me resta é aguardar para que eu consiga fazer essa cirurgia”.
Brito pondera que, enquanto seu agressor segue a vida, ele precisou se readaptar à rotina com a visão reduzida pela retirada de um olho. Inclusive, segundo o professor, por conta da cidade de Epitaciolândia ser pequena, várias vezes ele acaba se deparando com Silva em bares e restaurantes.
Ele relembra que contou com o apoio da família para se recuperar. Além disso, ele se sente grato pelo carinho de seus amigos e vizinhos, e pessoas de todo o estado que se comoveram com a situação. Agora, ele espera por uma resposta da Justiça para o caso.
“A gente segue a nossa vida adiante, porque no fim das contas não foi só eu que fui atingido por essa agressão covarde, foram eu, minha família toda, que se compadeceu com essa situação. E o que a gente espera de verdade é só a justiça, que ela seja feita, porque no fim das contas eu fui prejudicado com uma deficiência que eu vou carregar para o resto da minha vida. […] A gente segue vivo, graças a Deus, segue lutando pelos nossos sonhos, agora numa nova realidade. Sou muito grato pela vida que tenho, então a gente segue tentando ser forte, fazendo o possível e tentando fazer o impossível também”, finaliza.
VÍDEOS: g1
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