Daniella Peixoto Pereira, de 24 anos, se muda para o país no próximo domingo (15). Paixão pela cultura japonesa com os animes, quando ela tinha 14 anos. Bolsa deve durar até dois anos e meio. Daniella Peixoto Pereira, de 24 anos, de Jundiaí (SP), que já esteve no Japão, retorna ao país no próximo domingo (15)
Arquivo Pessoal
Daniella Peixoto Pereira, de 24 anos, está de malas prontas para o Japão. A advogada de Jundiaí (SP) é uma dos bolsistas selecionadas para estudar os efeitos na legislação internacional do bombardeio atômico em Hiroshima e Nagasaki ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
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A bacharel em direito relembra que dos animes até as ilhas asiáticas, entretanto, foi um longo caminho: de 11 anos. E tudo começou com a paixão de Daniella pela cultura do país oriental com as animações japonesas.
“Eu comecei a me interessar pela cultura japonesa quando eu tinha 13 anos. Tinha um colega que adorava animes e eu não tinha qualquer tipo de conhecimento sobre o assunto, então, pedi algumas recomendações e comecei a assistir.”
“[Nas] animações japonesas há vários fatores culturais que são possíveis observarmos, não só a drástica mudança da língua, mas algumas questões mais únicas, como o fato de os japoneses sempre tirarem os sapatos antes de entrarem em casa, ou desde pequenos irem sozinhos à escola”, lembra.
A partir daí, quase tudo que ela fez girou em torno do Japão. Até o idioma ela aprendeu a falar.
“Então, comecei a pesquisar por conta sobre a cultura japonesa e eu quis também estudar japonês para poder ver os animes sem legenda. Começar a estudar o idioma só fez com que eu me apaixonasse ainda mais pela cultura. Comecei a pesquisar formas de fazer intercâmbio lá para passar um tempo realmente imerso nessa cultura fascinante.”
Segunda estadia
E com toda essa paixão pelo país, no meio do caminho ela conheceu o Rotary Club. Na instituição participou de um processo seletivo. “Me inscrevi em 2015 para os Estados Unidos, onde fiquei três meses e quando retornei apliquei para o programa de longa duração para ir em 2016, ficar um ano no Japão”, lembra.
“Só tinha uma vaga para o Japão e eram vários possíveis intercambistas, mas eu consegui a vaga e fiquei um ano na cidade de Okazaki, em Aichi. E foi a melhor experiência da minha vida. Foi difícil a adaptação por diversos fatores. A diferença cultural é realmente muito grande, mas fiz várias amigas, tenho relações com as minhas host families [família que hóspeda os intercambistas] até hoje e um bom contato com o Rotary de lá.”
Daniella Peixoto Pereira, de 24 anos, de Jundiaí (SP), retorna ao Japão no próximo domingo (15)
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Quase…
Ela queria retornar ao Japão ainda na graduação, mas isso acabou não acontecendo. “Preferi seguir no Brasil. Comecei a graduação em relações internacionais, mas me formei em direito.”
Ao longo da graduação, ela fez vários trabalhos e projetos acadêmicos sobre paz e segurança, com objetivos de desenvolvimento sustentável e outros temas similares. Ela ainda participou de projetos voluntários e outras instituições, também com essa temática.
Ela relembra da situação e conta que teve de pedir demissão de um cobiçado estágio em uma das maiores instituições financeiras do mundo.
“Considerando que eu sempre me programei para ir para o Japão após a minha formatura, decidi me dedicar 100% a isso em 2023, para embarcar em 2024. Assim, pedi demissão do meu estágio para me dedicar a conseguir bolsa e entrar em uma boa faculdade no Japão.”
Em um processo seletivo de 2023, com 400 pessoas, para uma universidade do Japão, ela quase foi pela segunda vez. Ficou entre os 20, mas eram apenas 10 vagas. “Fiquei extremamente devastada com a notícia. Não consegui prestar a OAB, fiquei doente, foi um momento muito difícil pra mim”, conta.
Nova oportunidade
Daniella Peixoto Pereira, de 24 anos, de Jundiaí (SP), vai estudar no Japão efeitos da legislação internacional após bombas nucleares
Arquivo Pessoal
Mas ela não desistiu, e participou de outro processo. “Em julho de 2023, estava participando de um curso de extensão da USP com a faculdade Meiji, patrocinado pela Jica Brasil. Eles informaram sobre uma bolsa de estudos chamada SDGs global leaders. Eu nunca tinha ouvido falar, mas era uma nova oportunidade de ir atrás do meu sonho, então eu apliquei. Mudei todo o meu projeto de pesquisa e estratégia em 10 dias. Prestei em três [faculdades], passei em duas, ambas faculdades nacionais imperiais de altíssima excelência, top cinco e seis do Japão.”
Em junho, ela recebeu a informação de que foi aprovada na bolsa. Somente duas pessoas de São Paulo conseguiram, apenas quatro do Brasil. “Eu fui a única mulher”, comemora.
“Basicamente vou estudar sobre como o ocorrido em Hiroshima e Nagasaki influenciou na criação da legislação internacional contra a proliferação nuclear”, conta.
Grande momento
Daniella Peixoto Pereira, de 24 anos, de Jundiaí (SP), se muda para o Japão no próximo domingo (15)
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E depois de muito esforço, a recompensa. Serão mais dois anos e meio fora do Brasil. “Foram muitas lágrimas e muitas noites de pura ansiedade, mas eu estou extremamente feliz e orgulhosa da minha conquista. Com certeza vão ser anos incríveis de aprendizado, conexões e trabalho duro.”
Por fim, ela diz que a família sempre a apoiou em tudo, mesmo não entendendo muito bem seus gostos. “Eles estranharam um pouco ser no Japão, ninguém entende muito porque o Japão. Nem eu entendo na verdade. Eu só gosto muito.”
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