Ator atuando como CEO e promessa de grandes lucros: os detalhes do esquema bilionário de investimentos em criptomoedas


Uma investigação do Departamento de Segurança Interna dos EUA apontou se tratar de um esquema de pirâmide e que o prejuízo dos investidores era de 50 milhões de dólares, R$ 280 milhões. Farsa com participação de ator profissional causa prejuízo milionário em investidores
Milhares de vítimas. Um ator profissional usado por golpistas para construir uma farsa. O Fantástico deste domingo (15) trouxe detalhes de um esquema bilionário que prometia grandes lucros para quem investisse as economias em bitcoins. Veja no vídeo acima.
A ascensão da Forcount e a promessa de grandes lucros
Um homem conhecido como Salvador Molina aparecia nas redes sociais como o CEO da Forcount, uma empresa de investimentos de criptomoedas, sistema de pagamentos digital, usado em transações comerciais e para investimentos.
Salvador Molina, o CEO da empresa Forcount era um ator contratado.
Fantástico/ Reprodução
Com 2 anos no mercado, a empresa já tinha mais de 30 mil investidores. E costumava organizar eventos em várias partes do mundo para captar clientes. A aparência mostrava executivos bem-sucedidos anunciando ganhos milionários. Uma encenação que começava exatamente pela identidade de quem aparecia como representante máximo da empresa de investimentos.
Salvador Molina não existia. O homem que vivia o CEO da empresa Forcount era um ator contratado. Nestor já atuou como ator em produções faladas em inglês, espanhol e português.
“Era um teatro. Era um verdadeiro teatro, e aí aparecem figuras com essa grande capacidade de convencimento para apresentar o esquema para os potenciais clientes”, diz Fabiano Emídio, oficial da Polícia Federal do Brasil em Nova York.
‘Sheik do Bitcoin’ e o desmoronamento do esquema
O Paraná é o estado onde mora também um outro personagem importante nessa história: Francisley Valdevino da Silva – o verdadeiro CEO da Forcount e conhecido como o Sheik do Bitcoin.
Francisley Valdevino da Silva – o verdadeiro CEO da Forcount e conhecido como o Sheik do Bitcoin.
Fantástico/Reprodução
Segundo a polícia de Nova York, antes do esquema da Forcount, outros integrantes do esquema já estiveram envolvidos na produção de plataformas de investimentos em criptoativos. Juan Tacuri era um deles.
Francisley virou sócio do grupo em 2017. Quatro anos depois, o esquema desmoronou. Os clientes pararam de receber os dividendos e ficaram sem o dinheiro investido. Começaram os protestos.
Investigação
Uma investigação do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos apontou se tratar de um esquema de pirâmide e que o prejuízo dos investidores era de US$ 50 milhões, R$ 280 milhões.
Os agentes americanos pediram ajuda à Polícia Federal brasileira para levantar dados sobre Francisley. E a PF descobriu que, no Brasil, havia problemas em duas empresas dele: a Rental Coins e a InterAg.
Francisley foi alvo de uma operação com mandados de busca e apreensão em 20 endereços ligados a ele. A investigação determinou que em 2022, o valor total movimentado por essa estrutura criminosa girou em torno de R$ 4 bilhões.
Vítimas
Segundo a polícia, o esquema de Francisley produziu 15 mil vítimas no Brasil. Essas pessoas ainda esperam recuperar uma parte do dinheiro investido nas empresas dele.
“Esse esquema precisa, para ter sucesso, de uma exposição muito grande, de uma ostentação muito massiva nas redes sociais”, diz Fabiano Emídio.
“Ele sempre gostou de esbanjar, sempre gostou de coisa boa e mostrar para as outras pessoas que tinha condições. E receber na casa dele sempre foi, a princípio, um bom anfitrião”, destaca o advogado das vítimas, Bernardo Regueira Campos.
Prisão de Francisley e de Nestor
O Sheik do Bitcoin chegou a ser preso, mas não mudou de hábitos. Informações e vídeos que fazem parte da investigação mostram que, mesmo com o escândalo, ele seguia montando esquemas – dessa vez usando os nomes de ex-funcionários para abrir novas empresas. No mês passado, ele voltou a ser preso pela PF.
Francisley é suspeito no Brasil pelos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraudes contra o sistema financeiro. É réu, ao lado dos sócios da Forcount, em um processo semelhante nos Estados Unidos.
“A empresa nunca teve como fim lesar o patrimônio de quem quer que seja. Em verdade, o que se passou durante um período foi uma baixa financeira, uma má administração da empresa. E esse ator, em específico, jamais serviu como ponte para lesar quem quer que seja”, afirma Jackson Bahls, advogado Francisley.
Em um vídeo nas redes sociais, Nestor Nunes, o ator que fazia o papel do CEO Salvador Molina alegou ter sido iludido pelo brasileiro. Ele está detido nos Estados Unidos e será julgado pela participação na farsa bilionária.
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