A história da amizade entre homem e pinguim no litoral do Rio que foi parar em Hollywood


O Fantástico foi até Los Angeles acompanhar o seu João – o grande parceiro do Dindim – no tapete vermelho. A história da amizade entre homem e pinguim no litoral do Rio que foi parar em Hollywood
Durante anos, um pinguim nadou milhares de quilômetros só para reencontrar o humano que salvou a vida dele. A história dessa amizade improvável, que aconteceu no litoral do Rio, acaba de virar filme. O Fantástico foi até Los Angeles acompanhar o seu João – o grande parceiro do Dindim – no tapete vermelho de Hollywood. Veja no vídeo acima.
Encontro
O Brasil tem cerca de oito mil quilômetros de litoral. E o acaso colocou um pinguim quase aos pés de do aposentado João Pereira. Ele avistou o bichinho exausto, pronto para morrer. João poderia seguir seu caminho, mas o primeiro passo foi tirar a gosma de óleo. Depois, cobriu o pinguim de sardinha. Até que chegou a hora de devolver o pinguim ao mar. João viu aquela ave desengonçada na terra partir como um torpedo.
Vínculo
Uma vez por ano, a cena se repetia: o pinguim passava um tempo fora e voltava para debaixo das asas de João. O novo morador de Ilha Grande, no litoral sul do Rio, abria a geladeira, curtia o chuveiro e sacudia a água no caminho até a TV. A comunidade de Provetá assistia aos dois, mas de longe. Ele ganhou o respeito e um nome: Dindim.
João Pereira e o pinguim Dindim
Fantástico/Reprodução
“Vamos dar uma passeada na praia. Tudo o que eu falava com ele, ele me entendia”, diz João.
Os filhotes de pinguins e os pais aprendem desde cedo a reconhecer a própria voz. Isso é importante na alimentação, na hora de encontrar onde é que está o ninho. Questionado da possibilidade de que Dindim o tenha adotado como pai, o aposentado faz questão de ressaltar o afeto que desenvolveu pelo pinguim: Eu adotei como um filho meu.
Um pinguim usa a química da água e a memória espacial para se localizar. Dindim marcou o colo de João como o porto-seguro. Durante oito anos, o folião partia durante o Carnaval, mas voltava perto do aniversário de João, em junho.
“Um biólogo disse: ‘onde ele estiver, se você falar quase encostando na água, a sua voz entra na água e vai até onde ele estiver”, diz João.
Desde 2017, não tem dado certo: Dindim nunca mais voltou. João sentiu a ilha deserta e os dois só se viram de novo em um sonho.
“‘Eu vim para dizer que não sou um pinguim, não…’. Então me diga o que você é? ‘Eu sou um espírito de Deus”, relata o aposentado.
Filme
A Cidade dos Anjos também chamou João. Los Angeles foi o lugar escolhido para a estreia de um filme em inglês sobre os dois.
“Nunca esperançava acontecer uma coisa dessa”.
O pinguim nadava 8 mil km para encontrar João. O cearense viajou o dobro da distância para revisitar a própria história em Hollywood. E só perdeu o fôlego com a emoção no cinema. Ele viu um elenco com 11 nacionalidades e duas estrelas internacionais no filme gravado no Brasil e na Argentina.
O mais complexo para o diretor brasileiro foi lidar com os pinguins que se revezaram no papel de Dindim. O protocolo exigia o controle de ruídos, luzes e horários.
“Eu até sempre brincava assim: ‘ah, tem um melhor sindicato do mundo, o pinguim…’ Então eles saem de manhã para pescar no seu instinto e voltam ao meio-dia, 1h. Aí você chega para o Jean Reno – uma estrela -, Adriana Barraza – nomeada ao Oscar – e fala assim: ‘a prioridade vão ser os pinguins, ok?'”, diz David Schurmann, diretor de ‘Meu Amigo Pinguim’.
Ubatuba
O Aquário de Ubatuba, São Paulo, liberou os protagonistas e montou a estrutura. A pousada dos pinguins tinha mosquiteiros contra malária de aves, piscinas e freezers cheios de sardinhas. O negócio estava tão bom que dois pinguins não puderam mais gravar porque se namoraram no quentinho.
O oceanógrafo explica que só dois dos 18 tipos de pinguins moram no gelo. A espécie do Dindim escapa do frio de inverno. E quando finalmente chega em águas brasileiras, volta e meia alguém coloca um sobrevivente na geladeira.
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