Produtor de grandes artistas do Pará há 20 anos, como Viviane Batidão e Valéria Paiva, Rodrigo Camarão explica a ‘explosão’ dos ritmos paraenses em 2024


Do brega ao ‘rock doido’, o Pará esteve em alta nos ouvidos do Brasil à fora. O que será que explica essa repercussão? Pará esteve em foco no mercado musical.
Reprodução
Com o leque de ritmos do Pará, produzir música no estado pode ser uma grande aventura de ritmos e sensações. Nos últimos meses, com o viral “Voando pro Pará”, e a versão de Tony Brasil do clássico “A matter of feeling”, do Duran Duran, em ritmo de tecnobrega, além das premiações nacionais às nortistas Viviane Batidão e Zaynara, os ouvidos do Pará a fora começaram a vivenciar canções e arranjos já conhecidos pelos paraenses.
Um dos responsáveis por fazer, literalmente, a música acontecer, é o produtor musical Rodrigo Camarão, de 44 anos, que completou duas décadas de carreira em 2024. Conhecido por ser um dos maiores nomes no mercado quando o assunto são os gêneros da região, Camarão conversou com o g1 sobre a “explosão” dos ritmos do Pará em outros estados e até fora do Brasil.
Rodrigo Camarão é produto musical há 20 anos na Amazônia.
Arquivo pessoal
🎶 O “molho” do Pará
“Percebo uma corrida pela profissionalização das formas de se posicionar na mídia, nos palcos, nas produções audiovisuais. […] Lógico que tudo isso é proporcionado por grandes investimentos. A porta foi aberta, grandes empresas do mercado fonográfico estão de olho na nossa música e cultura”, detalhou.
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Psica / Vitória Leona
Profissionalização, segundo Camarão, não se refere ao estilo musical tocado e sim a como o estilo musical é exposto e entregue ao público. As aparelhagens, com os paredões sonoros em formatos de animais e joias, popularizaram o “rock doido”, genuinamente paraense.
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“É sobre a padronização de sonoridade a nível Brasil, tecnologia de luz, som e pirotecnia nos palco. Tudo isso, alinhado ao ‘molho’ da música e cultura paraense, é a fórmula perfeita para se estar lado lado ao resto do país ou até acima”, destacou o produtor.
Manu Bahtidão teve projeto intitulado “Na Maré” com lives durante a pandemia, um dos propulsores da carreira da cantora. O projeto contou com a produção de Camarão.
Arquivo Pessoal
O produtor já trabalhou com grande parte de quem faz a música do Pará acontecer, incluindo cantores como Pinduca (o “rei do carimbó), Joelma, Rebeca Lindsay (que participou do The Voice Brasil), Valéria Paiva, Kim Marques, Luccinha Bastos, Viviane Batidão e Manuh Bahtidão.
O sucesso atual é o reflexo de uma longa trajetória dos ritmos paraenses ao longo de décadas, passando por diversos personagens dessa história. Muitos deles estão na boca do paraense e deixaram legados para a nova geração de músicos, compositores e cantores que se popularizam pelo Brasil.
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Arquivo de família
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Camarão destacou a trajetória de bandas como Sayonara, Fruto Sensual e Warilou, que também possuem décadas de história no Pará, principalmente no trabalho de mesclar ritmos popularmente latinos, como a cúmbia, a lambada e a guitarrada com a musicalidade do brega e do tecnobrega.
Rodrigo Camarão e Lucinnha Bastos na produção do EP “Imaginação” da cantora.
Arquivo pessoal
“A gente tem que saber do nosso potencial, tem que se dar valor, tem que ter autoestima. Saber que a gente é bom no que a gente faz e tudo mais, mas ter a humildade de reconhecer que o outro também tem história, que o outro também tem a sua experiência”, revelou a cantora Luccinha Bastos, com mais de 30 anos de carreira em projetos na música popular paraense, inclusive com Camarão.
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“Feliz demais em ver nossa música nesse patamar. Isso norteia tudo e nos permite sonhar acordados, participando ativamente de grandes realizações. É inspirador, e 2025 será melhor ainda, com tantos olhos pelo mundo voltados para nossa cultura”, completou o produtor ao se referir à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, que ocorrerá em Belém.
O anúncio do evento em Belém fez com que várias pessoas buscassem conhecer melhor a cidade e a atmosfera feita por que vivem nela. Belém deve receber mais de 50 mil pessoas, segundo o governo do Pará.
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