Quase dois anos após parada cardíaca, jovem depende de doações para custear tratamento domiciliar. Família celebra a diminuição das internações. Thais Medeiros de Oliveira sofreu reação alérgica grave e sequelas permanentes após ao cheirar pimenta
Arquivo Pessoal/Adriana Medeiros
Quase dois anos depois de sofrer uma grave reação alérgica que deixou sequelas permanentes, a trancista Thaís Medeiros de Oliveira celebra o fim de 2024 com apenas três internações no ano. O g1 conversou com a mãe da jovem de 27 anos que sofreu parada cardiorrespiratória depois de cheirar um frasco de pimenta em conserva. Veja o que Adriana Medeiros contou sobre a vida e a rotina da família desde o acidente, que aconteceu em fevereiro de 2023.
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Thaís estava em Anápolis, no centro de Goiás, quando cheirou a pimenta na casa do namorado. “Ela estava com meus pais na cozinha, e entraram em assunto de pimenta. Então ela passou a pimenta no nariz e cheirou. A garganta dela começou a coçar e, logo em seguida, ela já foi perdendo as forças”, contou o namorado de Thaís na época, Matheus Lopes de Oliveira.
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A trancista foi levada ao hospital e precisou ser reanimada. Ela ficou 20 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Anápolis. Na época, o médico Rubens Dias afirmou que Thaís sofreu lesão permanente no cérebro, que comprometeu seus movimentos e sua fala.
“O que ela teve foi um período que o cérebro não recebeu a oxigenação devida, porque o coração não estava bombeando sangue para o corpo. E ele gera uma lesão que é irreversível e tem um potencial de gravidade muito grande, explicou o médico.
Adriana Medeiros contou que a jovem começou a apresentar alergias, e desenvolveu bronquite e asma após a gravidez da filha mais velha. Thaís sofria com crises alérgicas e, inclusive, chegou a ficar cinco dias internada por conta de uma bactéria no pulmão ants do acidente, disse a mãe.
“Ela tem alergia a muita coisa, só que a gente ainda não sabia. A gente ia começar um tratamento com ela no Hospital das Clínicas em Goiânia, mas, por motivo financeiro, não conseguimos continuar. Ela disse: ‘não, mãe, depois a gente faz’”, contou a mãe.
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Reprodução/Redes Sociais
Em 2023, Thaís ficou mais de 260 dias internada e fez diversos tratamentos. Ela chegou a precisar ser reanimada depois após uma crise de broncoespasmo (contrações dos músculos das vias respiratórias que dificulta a passagem do ar).
Por isso, a família considera as três internações de 2024 como uma vitória. Ao todo, Thaís passou 37 dias hospitalizada no último ano por conta de infecções pulmonares, intestinais e urinárias. Na última internação, em novembro, Thaís ficou apenas oito dias no hospital.
“Ela estava bem resistente e respondeu muito rapidamente aos antibióticos”, declarou Adriana Medeiros.
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Reprodução/Redes sociais
A estabilização e a melhora no quadro de Thaís se devem a vários tratamentos e cuidados que a jovem recebe da mãe e de profissionais da saúde. Alimentação especial, sessões de fisioterapia e de fonoaudiologia, medicamentos, fraldas descartáveis, entre outras despesas, custam à família cerca de R$ 16 mil por mês.
Adriana disse que eles recebem muitas doações, mas que precisam retomar o serviço de home care, que foi oferecido a Thaís apenas durante seis meses. A mãe contou que a Justiça determinou que a Prefeitura de Goiânia retomasse o atendimento domiciliar da jovem até o dia 30 de dezembro de 2024, mas a gestão municipal não se manifestou ainda.
No início de dezembro de 2024, a Prefeitura de Goiânia informou que recorreu da decisão judicial porque a jovem não se enquadra nos critérios do serviço de home care custeado pela prefeitura. O suporte é oferecido a pacientes que necessitam de respirador, diz o texto.
A prefeitura informou ainda que ofereceu atenção domiciliar por meio visitas de equipe multidisciplinar de saúde, mas que a família não aceitou.
Com as doações recebidas ao longo dos últimos dois anos, Adriana contou que já foi possível comprar uma casa para a família. Na época do acidente, a jovem morava num apartamento sem elevador e precisava ser carregada pelas escadas para ir a consultas e fazer exames.
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No momento, a família está realizando a rifa de um apartamento adquirido com o apoio de amigos para levantar dinheiro para as despesas da jovem. Para colaborar, e concorrer basta acessar o perfil de Thaís no Instagram (@thaismedeiiros_).
Entre as dificuldades do último ano, Adriana contou que lidar com as perguntas das duas filhas de Thaís está entre as maiores delas. Valentina e Antonela têm 9 e 8 anos
“Elas estão ficando mocinhas, estão entendendo mais. Elas ficam perguntam que dia a mãe vai acordar desse sono. A Antonela pergunta: ‘Vovó, se tirar a traqueo da mamãe, ela volta a andar e a falar?’. Eu fico sem palavras”, relatou a mãe de Thaís.
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Esperança
Apesar do ano “de luta”, assim definido pela mãe de Thaís, Adriana mantém viva a esperança. Ela diz que é realista e que sabe que a filha não será a mesma de antes. No entanto, a mãe da jovem, que deixou de trabalhar desde o acidente para cuidar da filha, tem sonhos e faz planos para 2025.
“Voltar a trabalhar, continuar cuidando da minha filha e a vinda do home care são meus é principais objetivos. Eu só posso voltar a trabalhar, se o home care vier”, projetou Adriana.
Adriana pensa em montar um salão de beleza em casa, no Setor Morada do Sol, em Goiânia. Ela, que é cabeleireira e manicure, trabalhava com a filha antes de Thaís ser hospitalizada.
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