Estado não descarta que seja um surto de virose, mas alerta para possibilidade de contaminação por bactérias ou parasitas. Resultados de amostras coletadas na região devem sair em breve. Surto de virose no Guarujá: Prefeitura notifica Sabesp sobre possível vazamento de esgoto
Reprodução/TV Globo
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo se reuniu com os gestores da saúde nos municípios da Baixada Santista para oferecer suporte no enfrentamento dos casos de gastroenterite, que têm gerado preocupação na região. Segundo a pasta, a condição é atualmente definida como gastroenterocolite aguda, caracterizada pela inflamação tanto do estômago quanto dos intestinos.
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Desde o final de semana, diversos relatos de vazamento de esgoto têm sido registrados. A Prefeitura de Guarujá (SP) apontou, inclusive, o extravasamento de esgoto clandestino no mar da cidade como uma possível causa do suposto surto. Moradores de outros municípios da região, como Santos (SP) e Praia Grande (SP), também apresentaram sintomas.
O encontro foi realizado na tarde de segunda-feira (6), na Diretoria Regional de Saúde em Santos, reunindo secretários municipais de saúde, profissionais da vigilância sanitária e representantes locais. Durante a reunião, as autoridades discutiram as medidas a serem adotadas para conter a situação.
Regiane de Paula é coordenadora em saúde da coordenadoria de Controle de Doenças
SES-SP/Divulgação
Regiane de Paula, coordenadora em saúde da coordenadoria de Controle de Doenças (CCD/SES), destacou que neste momento a pasta não fala em uma virose, mas sim um surto de gastroenterocolite aguda. Como o agente que causou a doença ainda é desconhecido, há várias hipóteses.
“A gente está falando de uma época do ano em que você teve dois feriados, em que você tem muito calor, você tem alimentação fora de casa, na praia, em outros locais”, disse ela.
Regiane reforçou que, diferente do recomendado na pandemia de Covid-19, não é necessário o uso de máscaras de proteção porque não se trata de uma questão respiratória.
Coletas
Praia as Astúrias, em Guarujá (SP)
Alexsander Ferraz/AT
Estiveram presentes na reunião representantes dos Grupos de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do Estado e dos municípios de Bertioga, Praia Grande, Guarujá, Santos, São Vicente, Cubatão, Peruíbe, Itanhaém e Mongaguá.
Em nota enviada pela Secretaria de Saúde, o grupo técnico da pasta reforçou a importância dos protocolos de coleta de amostras humanas e de água para a análise dos casos.
“Apresentamos o fluxo de informações, coleta de amostras e cuidados que devem ser tomados diante da situação para os secretários e equipes técnicas”, ressaltou Regiane, conforme a nota.
Segundo a pasta, o laboratório Instituto Adolfo Lutz é o responsável pela análise das amostras coletadas pelos municípios para identificar o possível agente causador da doença. O g1 questionou mais detalhes sobre as amostras coletadas e aguarda retorno.
Até a última publicação da reportagem, não era possível confirmar a origem do surto porque os resultados eram aguardados. Na última segunda-feira (6), a Secretaria de Saúde havia informado que eles deveriam sair em até cinco dias.
Sintomas
As principais características das DTAs são: diarreia (aquosa, com muco ou sangue), mal-estar geral, dor abdominal, náusea, vômito e febre.
Possíveis origens
Segundo a Secretaria de Saúde, os principais agentes causadores da doença diarreica aguda são os enterovírus, principalmente rotavírus e norovírus, e as bactérias como Bacillus cereus, Clostridium perfringens, Escherichia coli patogênica (vários tipos), Salmonella (vários tipos), e Shigella.
Veja os principais cuidados, segundo a pasta:
Não entre na água da praia se ela estiver classificada como imprópria pela Cetesb e evite banhos de mar 24 horas após as chuvas;
Evite alimentos mal cozidos;
Mantenha os alimentos bem refrigerados, com atenção especial às temperaturas dos refrigeradores e geladeiras dos supermercados onde os alimentos ficam acondicionados;
Leve seus próprios lanches em passeios, corretamente armazenados;
Observe bem a higiene de lanchonetes e quiosques;
Lave as mãos antes de se alimentar ou preparar alimentos;
Beba sempre água filtrada;
Em caso de diarreia, intensifique a hidratação e se necessário, busque atendimento médico.
Desde o final de semana foram muitos os relatos de vazamento de esgoto, tendo a Prefeitura de Guarujá apontado que o extravasamento de esgoto clandestino no mar da cidade poderia ser a causa do suposto surto de virose.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por sua vez afirmou não ter encontrado problemas na rede de esgoto e afirmou, em nota, que “o surto de virose não tem relação com a operação da empresa”.
Transmissão
Alessandra Lucchesi, diretora da Divisão de Transmissão de Doenças da Secretaria de Saúde do Estado
Reprodução/TV Tribuna
Em relação à transmissão, a diretora da Divisão de Transmissão de Doenças da Secretaria de Saúde, Alessandra Lucchesi, informou que pode ocorrer de forma direta, pelo contato com a fonte do problema (vírus, bactéria e parasita) ou de forma indireta, pegando de outras pessoas contaminadas.
“Para esses casos (de gastroenterite) em específico, (são) duas fontes de contaminação propriamente ditas: Consumo de alimentos contaminados, potencialmente contaminados, e principalmente também a via fecal-oral”, apontou Alessandra.
Hospitais lotados e farmácias zeradas
UPA Rodoviária em Guarujá (SP) ficou lotada com casos de virose
Reprodução/TV Tribuna
Na cidade de Guarujá, por exemplo, várias pessoas se dirigiram às unidades de saúde relatando o problema entre o fim do ano e o início de janeiro. As unidades de saúde estão lotadas e nas farmácias as pessoas já têm dificuldades para encontrar medicamentos usados no controle dos sintomas.
De acordo com a Prefeitura de Guarujá, tanto a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Enseada como o Pronto Socorro Dr. Matheus Santamaria, popularmente conhecido como PAM da Rodoviária, tiveram aumento de infraestrutura para que os pacientes possam receber o soro intravenoso. Desde a última sexta-feira, as unidades contam com o reforço de mais um médico e um enfermeiro.
Já as unidades da família dos bairros Jardim dos Pássaros, Vila Rã e Cidade Atlântica, que faziam apenas atendimento eletivo das 7h às 17h, agora estão abertas até as 22 horas sem a necessidade de agendamento de consultas.
As prefeituras de Guarujá, Santos, Bertioga, Mongaguá e Peruíbe explicaram que as notificações de viroses não são obrigatórias para o Ministério da Saúde. Por isso, o levantamento foi feito com base no número de atendimentos relacionados à doença nas unidades de saúde dos municípios. Itanhaém não respondeu sobre o vazamento na praia.
Podem ser várias doenças
Ao g1, o infectologista Leandro Curi explicou que vírus são transmitidos pelo ar, pela água ou alimentos contaminados. A água, por exemplo, é um local propício para esses agentes infecciosos por ser de fácil acesso ao ser humano. “Pode estar na água do rio, do mar, na água que a gente bebe”, disse ele.
Ele ressaltou que o termo “virose” é utilizado popularmente para designar várias doenças, mas define somente as causadas por vírus.
Segundo o especialista, é comum que doenças causadas por bactérias apareçam no esgoto. Um exemplo é a cólera, tipo de gastroenterite bacteriana. Assim como elas, os vírus também podem estar presentes nesse ambiente.
Praia de Santos (SP) na manhã deste sábado (4)
Matheus Muller/g1 Santos
Curi explicou que, no caso dos sintomas que têm sido observados na Baixada Santista, é menos provável que o vírus esteja contaminando pelo contato com a pele. “A gente acredita que seja mais da ingesta dessa água ou no uso dessa água para higienização de alimentos ou hidratação direta”, disse.
Como prevenir?
Casos de virose aumentaram na região
Reprodução/EPTV
O governo estadual divulgou medidas preventivas a serem adotadas para evitar a Doença de Transmissão Alimentar (DTA) no verão, quando há grande concentração de turistas por conta das festas de fim de ano e férias escolares. Veja:
Evite alimentos mal cozidos;
Mantenha os alimentos bem refrigerados, com atenção especial às temperaturas dos refrigeradores e geladeiras dos supermercados onde os alimentos ficam acondicionados;
Leve seus próprios lanches durante passeios ao ar livre;
Observe bem a higiene de lanchonetes e quiosques;
Lave as mãos antes de se alimentar;
Tenha atenção redobrada com comidas em self-service;
Beba sempre água filtrada;
Não consuma gelo, “raspadinhas”, “sacolés”, sucos e água mineral de procedência desconhecida.
Também é importante prestar atenção à balneabilidade das praias – que define se o mar está próprio ou não para o banho. O boletim divulgado na quinta-feira (2) indica que, das 175 praias monitoradas no litoral, 38 apresentam condição imprópria. Confira no site da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
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