Adalto Mello, de 39 anos, pilotava uma motocicleta quando foi atingido pelo carro conduzido por Thiago Arruda Campos Rosas, de 32, em São Vicente (SP). O motorista dirigia embriagado e foi preso. Família de músico morto atropelado pede justiça
A mãe do cantor de pagode Adalto Mello, que morreu após ser atropelado por um motorista embriagado em São Vicente, no litoral de São Paulo, clama por justiça. Carla Vanessa de Mello Almeida afirmou que, após a morte do filho, encontrou nos cuidados com o neto, de 10 anos, forças para seguir a vida. Segundo ela, o sentimento pela perda é “devastador”
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O artista, de 39 anos, pilotava uma motocicleta quando foi atingido por trás na Avenida Tupiniquins, no bairro Japuí. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e os profissionais realizaram manobras de ressuscitação no cantor, que não resistiu e morreu no local. O motorista Thiago Arruda Campos Rosas, de 32, foi preso.
Em entrevista à TV Tribuna, emissora afiliada da Globo, Carla Vanessa afirmou que não consegue mais descansar após a morte do filho.
“Não tem noite, não tem dia, sabe? Eu não durmo, não consigo descansar. Por mim, iria para um canto, ficava lá, cobriria a cabeça e não sairia mais. Acabo tendo que fazer as coisas porque estou com o filho do Adalto, que fica comigo nas férias, esse abençoado”, afirmou ela.
Carla acrescentou que, antes do ocorrido, ficava comovida ao assistir em telejornais casos de mães que perderam filhos de forma trágica. A mulher, agora, entende o sentimento dessas famílias. “Infelizmente, eu sei. É devastador, é enlouquecedor”, desabafou ela.
Identificados
Adalto Mello (à esq.) pilotava uma motocicleta e foi atingido por um carro conduzido por Thiago Arruda Campos Rosas (à dir.)
Redes sociais
Além do bancário Thiago Arruda Campos Rosa (veja acima), preso em flagrante por atropelar a vítima, do carro também saíram outros três passageiros. O trio fugiu após o acidente e, de acordo com a advogada de acusação, Sabrina Dantas, já foi identificado.
“Temos imagens [de monitoramento] que comprovam que eles desceram do carro e andaram sentido contrário ao corpo de Adalto e somente o Thiago ficou, e também porque tinha muita gente e a polícia chegou em uma fração de segundos […] ele não teve como escapar”, disse Sabrina.
Recentemente, a Justiça de Santos rejeitou o pedido da defesa de Thiago para que o caso fosse mantido sob segredo judicial. Segundo a decisão, obtida pelo g1, o juiz avaliou que não há justificativa suficiente para a medida, uma vez que não há elementos que indiquem risco para o réu.
Embriaguez
Thiago tinha 20,5 vezes mais álcool no organismo do que o permitido por lei, pois o teste do bafômetro deu 0,82 mg/l, um número 2050% acima do limite de 0,04 mg/l.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), 0,04 mg/L é a quantidade que o bafômetro pode tolerar sem penalização ao condutor. Acima desse valor, o motorista está sujeito a penas administrativas, como uma multa e a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por 12 meses.
No entanto, se o resultado do teste for igual ou superior a 0,34 mg/l, como foi o caso de Thiago com 0,82 mg/l, o condutor deve ser processado criminalmente. De acordo com o CTB, a pena por dirigir embriagado é de seis meses a três anos de prisão, além da multa e suspensão ou cassação da CNH.
Adalto Mello, de 39 anos, (à esquerda) pilotava uma motocicleta e foi atingido por um carro conduzido por Thiago Arruda Campos Rosas, de 32, (à direita) em São Vicente (SP).
Redes sociais
Prisão
De acordo com o BO, Thiago praticou o crime estando com a capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool. A Polícia Civil decretou a prisão em flagrante que, de acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), foi convertida para preventiva durante audiência de custódia.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi inicialmente registrado como homicídio culposo [sem intenção de matar] na direção de veículo automotor. No entanto, após os trabalhos de investigação, a natureza foi alterada para homicídio doloso com dolo eventual [quando se assume o risco de matar, apesar de não ter esse objetivo].
Também por meio de nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou ao g1 que Thiago deu entrada no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Praia Grande (SP), na última segunda-feira (30).
O caso
Vídeo mostra acidente de trânsito que matou cantor de pagode em São Vicente (SP)
As imagens de câmeras de monitoramento, que circulam nas redes sociais e foram obtidas pela equipe de reportagem, mostram o momento do acidente em diferentes ângulos (assista no vídeo acima). O motorista do carro ultrapassou um outro automóvel e atingiu Adalto, que foi arremessado.
Em nota, a SSP-SP informou que policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e, no local, encontraram um carro batido contra uma árvore, além de uma motocicleta caída no chão.
Segundo o Corpo de Bombeiros, uma equipe foi acionada por meio da central de atendimento 193 e auxiliou os profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que chegaram antes e realizaram manobras de ressuscitação no cantor. A morte de Adalto foi constatada ainda no local.
Quem era Adalto?
Adalto Mello deixou a mãe e o filho de 10 anos
Arquivo pessoal
O cantor de pagode também era compositor e formado em Educação Física. Conforme apurado pelo g1, o músico era divorciado e morava com a mãe em Santos (SP). Ele deixou um filho de 10 anos, que era fruto do antigo casamento.
De acordo com a mãe do cantor, Carla Vanessa De Mello Almeida, o filho começou a se apaixonar por música ainda na infância, quando aprendeu a tocar cavaco ao ver o pai com o instrumento. “Aprendeu só de olhar, não fez curso”, disse Carla.
Com menos de 15 anos, ele entrou no coral de uma igreja e passou a cantar e escrever canções. Em seguida, passou a se apresentar em comércios e eventos com um grupo de pagode.
A mãe disse que o sonho dele era viver da música. “Não pelo dinheiro, sucesso, mas pelo amor que ele tinha”, relatou Carla, afirmando que tinha muito orgulho do talento do filho.
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