Elias Júnior (Republicanos) é parlamentar em Augustinópolis e fazia vídeos para uma denúncia no exato momento em que a estrutura caiu. Ele comentou também sobre os momentos difíceis que viu durante os resgates e o sofrimento das famílias. Vereador mostra rachaduras na ponte que desabou entre o Tocantins e Maranhão
Reprodução/Elias Junior/redes sociais
O vereador de Aguiarnópolis Elias Júnior (Republicanos), uma das pessoas que filmaram desabamento da ponte que ligava o Tocantins e o Maranhão, acompanhou as buscas dos desaparecidos desde o primeiro dia. Em entrevista ao g1, ele contou como foram os dias após o colapso da estrutura e os impactos gerados para toda a população da região.
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A ponte caiu no dia 22 de dezembro de 2024, por volta das 14h50. Ao todo 18 pessoas estavam atravessando em dez veículos diferentes, quando o vão central cedeu. Um homem de 36 anos foi resgatado com vida, 14 morreram e três ainda estão desaparecidas (veja nomes das vítimas abaixo).
Elias relembrou como foram os primeiros dias e os momentos de retirada dos corpos das vítimas encontrados na superfície e no fundo do Rio Tocantins.
“Olha, foi bem difícil, principalmente bem no início, quando iam chegando os familiares para acompanhar a retirada dos corpos. Então eu que convivi, estive desde o início acompanhando tudo isso, não é fácil. A gente sofre junto com eles e então aqui foi a maior tragédia considerada aqui da nossa cidade”, lamentou o vereador.
Além da percepção sobre o sofrimento dos familiares das vítimas, Elias também falou sobre as dificuldades que a queda da ponte gerou tanto para a população de Aguiarnópolis como para os moradores de Estreito (MA).
“Mudou tudo, tudo, tudo. Todos aqui dependiam dessa ponte, da travessia dela para ir a Estreito, que é uma cidade bem maior. Por exemplo, a nossa cidade é como se fosse um bairro, do tamanho de um bairro de Estreito. Não somente a Aguiarnópolis, mas cidades circunvizinhas. Tem cidade de 11 quilômetros, cidade de 30 quilômetros. Nós temos várias cidades que vinham e também passavam, como Palmeiras, Darcinópolis, Santa Terezinha, Nazaré, Tocantinópolis. Todos frequentavam a ponte para estar resolvendo alguma coisa aqui. Então tudo mudou”, explicou Elias.
No momento que a ponte colapsou, o parlamentar gravava um vídeo para mostrar as más condições da estrutura. Nas imagens registradas pela equipe dele, é possível ver alguns dos veículos que caíram na água, inclusive carretas e motocicletas. Quando o asfalto cedeu entre as plataformas que se mantiveram em pé, Elias também filmou os outros carros que ficaram presos no trecho.
Para ele, entre os momentos mais difíceis, estavam a dor das famílias quando os corpos eram retirados da água e os problemas com a falta de travessia.
“Ver o sofrimento das famílias aguardando seus entes queridos serem tirados do fundo do rio e ver a dificuldade dos moradores principalmente da minha cidade na travessia de barco. Ainda continuam pagando para atravessar, o que antes era de graça a passagem”, lamentou.
Vereador mostrava situação da ponte e flagrou momento da queda
Sobre a atuação no Poder Legislativo do Município, ele garantiu que vai continuar cobrando melhorias principalmente com relação ao amparo aos impactados pela queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que fica na BR-226, e formas de travessia.
“As pessoas estão tendo dificuldade, pessoas que estão dependendo dessa passagem para ir para os seus trabalhos, para continuar nos seus trabalhos e garantir o pão na sua mesa. Então, assim, eu enquanto vereador estou, sim, lutando, dia a dia, eu estou sempre no local acompanhando”, afirmou.
Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira após desabamento
Francisco Sirianno/Grupo Mirante
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Contratação de empresa
A PIPES Empreendimentos LTDA, que já opera em algumas regiões do Tocantins, foi contratada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para fazer a travessia de pedestres e veículos entre Aguiarnópolis e Estreito.
Essa travessia na divisa entre os estados já foi anunciada outras duas vezes pelo Governo do Estado, desde o dia do acidente, e adiada.
A contratação no valor de R$ 6.405.001,97 foi assinada na quinta-feira (9) pelo superintendente do DNIT no Tocantins, Renan Bezerra de Melo Pereira, e publicado no Diário Oficial da União nesta sexta-feira (10).
Segundo o documento, o contrato vale por um ano, contados a partir do dia do acidente, em 22 de dezembro de 2024.
O DNIT informou que as balsas chegaram no local e que as equipes estão em fase de mobilização. O Departamento também disse que equipes estão trabalhando nos acessos das balsas e outras exigências da Marinha para poder iniciar os serviços de travessia.
Questionada sobre a situação, a A Marinha, por meio da Capitania Fluvial do Araguaia Tocantins, informou que desde o dia 2 de janeiro não recebeu os documentos necessários para dar entrada no processo de operação do serviço de travessia das balsas.
A PIPES informou que conforme previsto na chamada pública, tem um prazo de 10 dias após a assinatura do contrato para cumprir as etapas possíveis, e que o contrato ainda não foi assinado pela empresa. Também explicou que, no momento, está adiantando a montagem das embarcações e que será preciso realizar uma vistoria para obter o laudo de uma empresa certificada para constatar e aprovar as condições das embarcações (veja nota na íntegra no fim da reportagem).
Teste com balsa aconteceu na sexta-feira, no Rio Tocantins
TV Anhanguera/Reprodução
Desabamento
No desabamento do vão central da ponte JK, caíram no Rio Tocantins três motos, um carro, duas caminhonetes e quatro caminhões, sendo que dois deles carregavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e outro 22 mil litros de defensivos agrícolas.
A causa do colapso ainda está sendo investigada, de acordo com o DNIT. A Polícia Federal também abriu uma investigação para apurar a responsabilidade da queda da estrutura.
A ponte foi completamente interditada e os motoristas devem usar rotas alternativas.
Vítimas
Lorena Ribeiro Rodrigues, de 25 anos, era natural de Estreito (MA) mas morava em Aguiarnópolis (TO). O corpo dela foi localizado em 22 de dezembro de 2024.
Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos. O corpo dela foi localizado na terça-feira (24). Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, que saiu de Dom Eliseu (PA) e que caiu no rio Tocantins;
Kécio Francisco Santos Lopes, de 42 anos. O corpo dele foi localizado na terça-feira (24). Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas;
Andreia Maria de Souza, de 45 anos. O corpo foi encontrado na terça-feira (24). Ela era motorista de um dos caminhões que carregavam ácido sulfúrico;
Anisio Padilha Soares, de 43 anos. O corpo dele foi localizado na quarta-feira (25);
Silvana dos Santos Rocha Soares, de 53 anos. O corpo dela foi localizado na quarta-feira (25);
Elisangela Santos das Chagas, de 50 anos. O corpo dela foi encontrado por mergulhadores na manhã da quinta-feira (26). Ela estava em uma caminhonete, junto com o marido, o vereador Ailson Gomes Carneiro (PSD);
Rosimarina da Silva Carvalho, de 48 anos. O corpo dela foi localizado também na quinta (26);
Ailson Gomes Carneiro, de 57 anos. O vereador do PSD teve o corpo localizado na manhã de domingo (29). Ele estava na caminhonete com a esposa, Elisangela Santos, que também morreu na tragédia.
Cássia de Sousa Tavares, de 34 anos. O corpo dela foi retirado do rio na terça-feira (31) e estava dentro de um veículo. Ela viajava com a filha, Cecília de três anos e o marido, Jairo Silva Rodrigues. Apenas ele sobreviveu a tragédia.
Cecília Tavares Rodrigues, de 3 anos. O corpo dela foi retirado do rio na terça-feira (31). A menina viajava com a mãe, Cássia e com o pai, Jairo Silva Rodrigues.
Beroaldo dos Santos, de 56 anos. Ele foi retirado da água no fim da manhã de quarta-feira (1º), segundo a Marinha. O corpo dele havia sido localizado no domingo (29), dentro da água, na cabine da carreta que transportava as 76 toneladas de ácido sulfúrico.
Na manhã de sexta-feira (3), um corpo foi encontrado no rio Tocantins. Era o mototaxista Marçon Gley Ferreira, de 43 anos, que trabalhava na região.
Alessandra do Socorro Ribeiro, de 40 anos, natural de Palmas, no Tocantins. A identificação foi realizada em São Luís por meio de exame de DNA, realizado pelo Instituto de Análise Forense (IGF).
Vítimas da queda da ponte que ligava o Maranhã ao Tocantins
Arquivo pessoal
Íntegra da nota da PIPES:
As obras de acesso aos atracadouros são de responsabilidade do DNIT e, como mencionado anteriormente, dependem de questões geológicas que ainda estão impedindo a definição do local na margem de Estreito.
Conforme previsto na chamada pública, temos um prazo de 10 dias após a assinatura do contrato para cumprir as etapas possíveis. No entanto, o contrato ainda não foi assinado pela PIPES.
No momento, estamos adiantando a montagem das embarcações e precisamos realizar uma vistoria para obter o laudo de uma empresa certificada para constatar e aprovar as condições das embarcações.
Após a emissão dos certificados pela empresa certificadora, encaminharemos os documentos para a Marinha, que é responsável por autorizar o início das operações.
Nossa previsão é que as travessias de pedestres comecem na próxima terça-feira, assim que tivermos as aprovações necessárias. É importante destacar que a balsa pequena de pedestres não está incluída no contrato com o DNIT, sendo oferecida como uma cortesia pela PIPES até que a montagem da balsa definitiva conforme prevê contrato.
Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais e comprometidos em agilizar o processo para garantir o início das operações o mais breve possível.
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