Forma de andar e tatuagem no braço: as informações usadas para identificar PMs presos pela execução do delator do PCC


A partir da análise de imagens e dados que fazem parte da investigação, o Fantástico deste domingo (19) mostrou como a polícia chegou à identidade dos envolvidos pelo crime. Dois policiais militares foram presos nesta semana acusados de participação direta no assassinato de Vinicius Gritzbách. O empresário, que lavava dinheiro para o PCC, tinha feito um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo, e foi morto no aeroporto de Guarulhos.
A partir da análise de imagens e dados que fazem parte da investigação, o Fantástico deste domingo (19) mostrou como a polícia chegou à identidade dos envolvidos.
Segundo a polícia, os atiradores envolvidos no assassinato de Vinicius tinham treinamento militar. O carro usado pelos executores foi abandonado 11 minutos depois do crime, a cerca de 7 quilômetros do terminal de desembarque de Guarulhos.
“Eles tinham programado de incendiar o veículo, que tinha galão com gasolina, material incendiário. Eles não conseguiram fazer isso”, destaca Derrite, secretário da Secretária de Segurança Pública de São Paulo.
Em seguida, os criminosos se dispersaram pela região. Uma câmera, localizada a 200 metros do ponto onde o veículo ficou, registrou a passagem de um homem de boné branco. Na sequência, um outro de capuz. Ele carregava uma bolsa que foi deixada atrás de um quiosque. Dentro da bagagem, a polícia encontrou as armas usadas pelos assassinos.
Depois de deixarem as armas, os dois homens passaram a caminhar separadamente pela região. Nas imagens a que o Fantástico teve acesso, eles só voltaram a aparecer juntos no ponto de ônibus. A viagem terminou alguns minutos depois, em um terminal rodoviário de Guarulhos.
Segundo a investigação, a partir dali eles entraram em um carro e deram sequência à fuga. Uma denúncia anônima indicou que o homem de boné seria um policial militar.
O cruzamento de imagens com ferramentas de inteligência colocaram o cabo Denis Antônio Martins na cena do crime. Ele passou a ficar sob vigilância da corregedoria da PM. Os investigadores analisaram o tipo físico e, especialmente, a forma dele andar.
As mesmas imagens usadas para a análise biomecânica revelaram ainda a coincidência de uma tatuagem no braço esquerdo.
“O nosso objetivo é transformar isso numa prova oficial, essa análise biomecânica dos vídeos obtidos da fuga, no dia do assassinato, e também que foram coletados nesse período de busca, quando esse policial investigado acaba sendo colocado na cena do crime”, conta Derrite.
A perícia agora vai analisar se material genético extraído do carro abandonado bate com o DNA do PM, preso na quinta-feira.
Comparação na forma de andar do envolvido
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Prisão de outros policiais
Na mesma operação que prendeu o cabo Denis, outros 14 policiais militares foram detidos. Todos envolvidos com a segurança particular de Vinicius Gritzbach. Incluindo, os quatro que seguiam para o aeroporto no dia do assassinato. E o que estava voltando de Maceió com o delator e a namorada.
No sábado (18), o Departamento de Homicídios prendeu o tenente da PM Fernando Genauro da Silva, que, segundo a polícia, teria sido o motorista do carro preto que aparece na cena do crime. Segundo a polícia, o celular dele recebeu uma ligação dois minutos antes do assassinato. Teria sido o aviso para fazer o veículo seguir até o ponto onde os atiradores desceram para fazer os disparos.
Os registros da PM mostram ainda que o tenente Fernando e o cabo Dênis, um dos supostos atiradores, já teriam trabalhado juntos quando serviam num batalhão de Osasco, na Grande São Paulo.
Também neste sábado, Danilo Lima da Silva, que fazia segurança para Gritzbach, mas não é da PM, prestou um novo depoimento sobre o caso. Segundo Danilo, o tenente Fernando Genauro e Vinicius eram amigos e que em algumas oportunidades, o oficial da PM chegou a pegar emprestado carros do empresário.
Imagens do Tenente Fernando e do Cabo Denis
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As outras quatro pessoas presas por envolvimento no caso teriam ligação com Kauê Amaral Coelho – o suspeito de ser o encarregado de informar aos matadores sobre o momento em que Vinícius Gritzbach sairia do terminal do aeroporto. Um dia depois do crime, o olheiro fugiu para o Rio de Janeiro. Segundo a polícia – uma imagem dele foi feita no fim de 2024 por um drone que sobrevoou a Vila Cruzeiro, comunidade localizada no Complexo do Alemão.
Mas alguns dias depois, eles não conseguiram mais rastrear o sinal do celular do suspeito e acreditam que ele tenha deixado a Vila Cruzeiro.
O Fantástico não conseguiu contato com a defesa de Kauê. O advogado do tenente Fernando Genauro da Silva disse que o cliente é inocente, que a prisão foi prematura e amparada em provas frágeis: uma denúncia anônima e uma imagem que mostra apenas uma pessoa de perfil.
A defesa do cabo Denis Antônio Martins afirmou que as investigações vão mostrar que o policial militar não fez os disparos de arma de fogo contra a vítima.
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