Francês que drogava esposa para que fosse estuprada é dispensado de audiência pelo 2º dia consecutivo por problema de saúde


Dominique Pélicot compareceu ao tribunal nesta quarta, visivelmente fraco
Benoit PEYRUCQ / AFP
O depoimento de Dominique Pélicot, o homem que confessou ter dopado a agora ex-mulher, Gisèle, por 10 anos para que estranhos a estuprassem, voltou a ser adiado nesta quarta-feira (11).
Especialistas traçaram perfil do réu principal
Na segunda-feira (9), sexto dia de julgamento dele e mais 50 homens acusados de serem os autores dos abusos, psiquiatras e psicólogos traçam um perfil do francês de 71 anos.
O acusado não sofre de “nenhuma patologia ou anomalia mental”, mas sim um “desvio sexual ou parafilia de tipo voyeurístico”, segundo vários exames psiquiátricos realizados durante a investigação.
Os relatórios o descrevem como um “manipulador” com uma personalidade “perversa”, que usava sua esposa como “isca”. Dominique também teria caído em uma “dinâmica de dependência sexual”.
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Primeira psicóloga a testemunhar perante o tribunal, Marianne Douteau destacou o caráter “raivoso” de Dominique, que suscitava “medo”, mentiras e sigilo”. Estas características seriam semelhantes às de seu pai, a quem ele odiava.
“A sexualidade do senhor Pélicot parece calcada em sua personalidade: comum em público, mas para sua parceira, ele tem uma sexualidade tenaz”, afirmou.
A psicóloga Anabelle Montagne, que o conheceu em dezembro de 2020, quando ele estava encarcerado no centro penitenciário de Pontet, descreve Dominique Pélicot como “um homem com duas caras”.
“É um sujeito que se apresenta como um pai de família estável, respeitado e apreciado, mas que ao mesmo tempo é dissimulado e com propensão à transgressão em sua sexualidade”, relatou, acrescentando que sua experiência revela que ele tem “perversão polimorfa” e “uma fixação que remete a uma necessidade de controle extremo que vai até o controle”.
Durante seu depoimento em juízo na quinta-feira (5), Gisèle Pélicot disse que, durante os 50 anos de casamento, nunca o ouviu “dizer nada inapropriado ou obsceno sobre uma mulher”.
Gisèle Pélicot
Christophe SIMON / AFP
Os netos, a quem ele ajudava nos deveres de casa e acompanhava nas atividades esportivas, adoravam o avô. Ele também andava de bicicleta com os vizinhos no icônico Mont Ventoux, perto de sua casa em Mazan.
Avô “carinhoso” e “superlegal” de dia, para a agora ex-esposa, mas estuprador à noite: assim definiu o psicólogo Bruno Daunizeau que definiu Dominique como “duas caras” e “manipulador perverso”.
“De dia pode ser coerente e, à noite, parecer diferente”, declarou.
Ninguém suspeitava que, à noite e por vezes durante o dia, ele se tornava um recrutador de desconhecidos para estuprar sua esposa.
Quando foi detido em 2020, após ter sido flagrado filmando por baixo das saias de mulheres em um centro comercial, segundo a investigação, o francês manifestou o seu “alívio”, porque “não conseguia” parar.
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O primeiro interrogatório de Dominique deverá ocorrer na tarde desta terça-feira (10). Nesta segunda, ele se ausentou da audiência, a pedido de sua advogada de defesa, devido a dores intestinais e uma infecção urinária, e foi levado a um hospital.
Segundo a agência de notícias AFP, ele parecia muito fraco quando entrou no banco dos réus, apoiado em uma bengala.
Nesta segunda-feira, os advogados de defesa dos outros acusados anunciaram à imprensa que vão apresentar queixa por ameaças após os dados pessoais dos clientes terem sido divulgados nas redes sociais.
Os advogados de Gisèle Pélicot também confirmaram nesta segunda que o divórcio dela e do ex-marido foi oficializado no final de agosto, antes do começo do julgamento.
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