Segundo o governo federal, desde novembro do ano passado, a reserva indígena não registra alertas de novos garimpos. Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami
Reprodução/ Jornal Nacional
Dois anos depois de reconhecer a crise humanitária na Terra Indígena Yanomami, o governo federal ainda combate o garimpo ilegal na região com o apoio de grupos voluntários.
O grupo de fiscalização indígena Jaguar montou uma base em frente ao rio Uraricoera, um dos principais da Terra Indígena Yanomami, usado por garimpeiros que continuam na região. Um cabo de aço no rio vai dificultar a prática do garimpo ilegal.
“Estamos aqui trabalhando porque garimpeiros estão passando, aumentando ainda. Eles estão subindo, levando carga, maquinários e mercúrio e diesel, querosene. Tudo isso estão levando para subida. Na descida, eles estão levando cassiterira, ouro….”, disse um dos indígenas, que não quis se identificar.
Em maio de 2021, a Aldeia Palimiú, onde o grupo atua, foi atacada por garimpeiros, que atiraram contra mulheres e crianças. Ninguém ficou ferido.
Segundo o governo federal, desde novembro do ano passado, a reserva indígena não registra alertas de novos garimpos, mas as forças de segurança ainda tentam retirar garimpeiros ilegais que conseguiram ficar.
“Quando se destrói uma pista de pouso ilegal, não homologada, dificulta em muito o aporte de aeronaves ilícitas, de um material ilícito”, comenta o general Plácido, subcomandante da operação Catrimani II.
“Você destrói a pista que é próxima, isso já cria uma dificuldade, faz ação noturna, que o exército fez ano passado, a ideia é aumentar as ações noturnas”, Nilton Tubino, diretor-geral da casa de governo.
Do alto, as cicatrizes da extração ilegal ainda são visíveis.
A atividade ilegal causou o agravamento da saúde do povo yanomami. Em janeiro de 2023, o governo federal determinou situação de emergência na saúde dos povos indígenas.
“Com a diminuição considerável da atividade garimpeira, os rios estão deixando o aspecto barrento, resultado da extração de minérios, e retornando a sua coloração original. Porém, caberá agora aos cientistas entender se a água e os peixes que aqui vivem já podem voltar a ser consumidos ou se o mercúrio usado pelo garimpo ainda está presente e por quantos anos a natureza demorará para se recompor.
Leia também:
Dois anos de emergência na Terra Yanomami: o que foi feito e o que ainda falta para garantir saúde e segurança aos indígenas
Maurício Ye’kwana toma posse como primeiro indígena a assumir chefia da Saúde Yanomami: ‘Estaremos presentes’