O ex-ajudante de ordens do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Apesar de a delação de Mauro Cid ter incluído a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no grupo dos radicais que defendiam um golpe, fontes dizem que a Polícia Federal decidiu não os indiciar porque não agiu politicamente.
Investigadores argumentam que a PF só colocou na lista dos indiciados as pessoas contra as quais foram encontradas provas de prática de crime.
“Delação não é prova, mas meio de obtenção de prova, e a investigação não apontou elementos suficientes para os indiciamentos dessas pessoas. Não misturamos política com nossas investigações”, afirmou ao blog um interlocutor do diretor da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues.
O colunista Elio Gaspari divulgou neste domingo em sua coluna no jornal “O Globo” o primeiro depoimento da delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro dividiu em grupos os aliados do ex-presidente que participaram de uma ou outra forma nas discussões sobre um golpe para evitar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Uma das novidades do documento divulgado é a inclusão, por parte de Mauro Cid, de Michelle e Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, no grupo dos radicais que defendiam um golpe militar.
Neste grupo estão também o ex-ministro Onix Lorenzoni e os senadores Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Magno Malta (PL-ES). Eles também não foram indiciados.
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Segundo os investigadores, a citação destes nomes no grupo dos radicais defensores de um golpe na delação de Mauro Cid ajudou nas investigações, mas o fato de ser citado não pode ser considerado uma prova.
No caso de alguns dos nomes mencionados pelo tenente-coronel, foram encontrados indícios fortes de provas de que eles participaram do planejamento de um golpe militar no Brasil. Por isso, foram indiciados.
Já em relação a Michelle, Eduardo Bolsonaro, o ex-ministro Onix Lorenzoni e os senadores, o inquérito do golpe encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) não traz elementos de provas de que houve participação direta deles segundo os investigadores.
“Trabalhos com muita responsabilidade, focados na qualidade da prova, delação não é prova”, acrescentou o interlocutor do diretor geral.
O inquérito do golpe está com a Procuradoria Geral da República (PGR). O procurador-geral, Paulo Gonet, está finalizando os trabalhos para tomar sua decisão sobre se haverá uma denúncia de imediato ou pedido de novas diligências. Havia uma expectativa de uma decisão nesta semana, mas pode ficar para fevereiro, já na volta dos trabalhos do Judiciário.