Avanço do voto de direita na região, tida como um cinturão petista, preocupa por possíveis efeitos em reeleição do Lula. Urna eletrônica
Reprodução/TRE-RN
O PT e as coligações das quais ele faz parte não lideram as corridas pelas prefeituras de nenhuma capital do Nordeste, com exceção do Recife. O partido está em segundo lugar em diante até mesmo em Teresina, cidade na qual a expectativa era de uma eleição fácil. A situação acende um alerta pelo avanço da direita na região, considerada um porto seguro petista nas últimas eleições e pelo risco de ameaçar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.
O blog selecionou as pesquisas Quaest mais recentes para cada cidade. A capital na qual o PT está mais mal colocado é Aracaju, onde Candisse Carvalho (PT) está em quinto lugar numericamente, mas empatada tecnicamente com o quarto colocado.
Em João Pessoa e em Natal a legenda está em terceiro lugar com Luciano Cartaxo (PT) e Natália Bonavides (PT) respectivamente. Em ambas, os candidatos aparecem empatados numericamente com os que estão na segunda colocação.
Em outras três cidades a distância é mais acentuada. Em Salvador, Bruno Reis (União) contabiliza 74% das intenções de voto em cima de Geraldo Júnior (MDB), cuja vice, Fabya Reis, é petista. Esse é também o cenário em São Luís, onde Eduardo Braide tem 60% das intenções de votos e Duarte Júnior (PSB), que também tem uma vice petista, alcança 21%. Em Maceió, JHC (PL) tem 74%, contra 10% de Rafael Brito (MDB).
Em Teresina, disputa que o PT dava com mais tranquila, o cenário é de empate técnico entre Fábio Novo (PT), com 40%, e Silvio Mendes (União), com 44%, mas com vantagem para o adversário.
E mesmo na capital onde está à frente, no Recife, a dianteira não está relacionada ao apoio do PT nem à participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha, avaliam aliados. João Campos (PSB) vem de uma gestão bem avaliado e é de uma linhagem de políticos, filho do ex-governador Eduardo Campos.
O PT tentou emplacar um vice na chapa, de olho na possibilidade de assumir a prefeitura em 2026, quando Campos deve se desincompatibilizar para disputar o governo estadual. Mas, confiante na própria reeleição, o prefeito optou pelo aliado Victor Marques, do PCdoB.
O cenário preocupa pelo avanço de candidaturas de direita no Nordeste, considerado um cinturão petista e determinante para a vitória de Lula em 2022. Embora o cenário nas capitais não se repita necessariamente no interior, o avanço do discurso conservador de direita acende um alerta pela extensão que pode tomar até 2026.
Na avaliação de um cacique aliado do presidente, o problema é a dificuldade que o PT teve de criar novos quadros nos últimos anos. Esse mesmo político avalia que, sinal disso, é o fato de que Lula segue bem avaliado nas pesquisas sobre seu governo. O nó seria, portanto, transferir essa boa avaliação aos aliados na região.
Já para o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias, pesquisas nesse momento são insuficientes para avaliar o cenário, principalmente por conta da possibilidade de segundos turnos. Ele lembra que o atual governador do Piauí, Rafael Fonteles, ganhou em 2022 com até 19 pontos percentuais a mais do que pontuava em algumas pesquisas na véspera da eleição.
E apesar da desvantagem petista, Dias avalia que o voto bolsonarista já está migrando, mas para candidaturas de centro e centro esquerda.
“Vejo no Nordeste, e com muita alegria, uma redução do pensamento e posições mais desumanas, do ódio, das mentiras sem limite… claro que a migração se dá para candidaturas mais ao centro e centro-esquerda, com mais compromisso humanistas e propostas”, diz o ministro.
Ele vê ainda que, em algumas dessas capitais, o voto de esquerda e centro esquerda acabou diluído em diversas candidaturas, mas segue majoritário. Em Natal, por exemplo, Carlos Eduardo (PSD) é um nome de centro e, com Natália Bonavides (PT), ambos somam quase 60% das intenções de votos.
“Em Salvador, Bruno Reis (União) aparece bem-posicionado, e em segundo o Geraldo Jr, mas olha as propostas dos dois – fora daquela onda de doideiras”, pontua.
Participação de Lula
Dirigentes petistas destacam ainda outro fator: a falta de empenho de Lula nas disputas municipais. Antes do início das campanhas, o presidente avaliou participar de palanques mais competitivos e prometeu se empenhar contra candidatos bolsonarista.
A duas semanas do primeiro turno, a participação de Lula segue aquém do esperado pelos candidatos.
Veja as pesquisas consultadas pelo blog
Natal
Carlos Eduardo (PSD) – 41%
Paulinho Freire (União) – 24%
Natália Bonavides (PT) – 18%
Fonte: Quaest (13 a 15 de setembro)
Teresina
Silvio Mendes (União) – 44%
Fábio Novo (PT) – 40%
Fonte: Quaest (13 a 15 de setembro)
São Luís
Eduardo Braide (PSD) – 60%
Duarte Júnior (PSB) – 21%
Fonte: Quaest (6 e 8 de setembro)
Salvador
Bruno Reis (União) – 74%
Geraldo Júnior (MDB) – 6%
Fonte: Quaest (14 a 16 de setembro)
João Pessoa
Cícero Lucena (PP) – 49%
Ruy Carneiro (Podemos): 17%
Luciano Cartaxo (PT) – 11%
Fonte: Quaest (14 e 16 de setembro)
Maceió
JHC (PL) – 74%
Rafael Brito (MDB) – 10%
Fonte: Quaest (17 a 19 de setembro)
Fortaleza
Capitão Wagner (União) – 24%
Evandro Leão (PT) – 21%
Fonte: Quaest (8 a 10 de setembro)
Aracaju
Emília Corrêa (PL) 36%
Yandra (União Brasil): 18%
Luiz Roberto (PDT): 13%
Delegada Danielle (MDB):10%
Candisse Carvalho (PT) – 8%
Fonte: Quaest (13 a 15 de setembro)
Recife
João Campos (PSB) – 77%
Gilson Machado (PL) – 8%
Fonte: Quaest (15 a 17 de setembro)