Situação registrada em Guarulhos (SP) viralizou nas redes sociais. Lincoln Vicente de Moura deixou o mato onde estavam as aves. Trabalhador interrompe limpeza de terreno ao descobrir ninho de tiziu no local
No dia a dia de quem luta para sustentar a família, cada trabalho conta. Para Lincoln Vicente de Moura, ajudante geral e pai de quatro crianças, é costume fazer bicos para complementar a renda.
Durante um desses bicos, Lincoln realizava a limpeza de um terreno próximo da casa dele, em Guarulhos (SP), quando se deparou com um ninho de tiziu escondido entre a vegetação. Ao perceber que o ninho estava ativo, ele decidiu interromper o trabalho para preservar a casa das aves.
“Já tinha capinado o terreno quase todo. Quando eu cheguei naquele fundo do terreno eu vi um passarinho, um tiziu, sair muito rápido de dentro da moita”, detalhou o trabalhador.
Ninho de tiziu estava escondido entre a vegetação
Lincoln Vicente de Moura
Ao fim, o homem gravou um vídeo explicando sobre a situação e postou em suas redes sociais. Até o momento, o vídeo já acumula mais de 2 milhões de visualizações. Lincoln explica no vídeo que preferia esperar os filhotes crescerem e abandonarem o ninho antes de concluir o serviço.
“O jeito era esperar os bichinhos crescerem e abandonarem o ninho”, explicou Lincoln em seu vídeo. A dona do terreno aceitou o cuidado e garantiu que o mato só seria cortado após os filhotes voarem, o que já aconteceu, segundo as informações passadas ao Lincolin.
Por conta do alcance do vídeo, Lincoln recebeu diversos elogios e, principalmente, o reconhecimento pela sua valiosa ação. A atitude, movida pelo respeito à natureza que aprendeu desde criança, não apenas salvou os filhotes, mas também lhe rendeu reconhecimento e admiração por sua sensibilidade.
“Desde pequeno sempre convivi com aves, boi atravessando a rua, cavalo. Então eu sempre respeitei a natureza, sempre gostei de admirar, nunca trancá-la, sempre admirar no seu habitat natural. Adquiri esse conhecimento através da minha mãe e avós”, diz Lincoln.
Tiziu pode se reproduzir em qualquer época do ano, especialmente em regiões de clima quente
Lincoln Vicente de Moura
Lincoln não imaginava que sua atitude teria tanta repercussão. Surpreso com a grande visibilidade do vídeo, ele também se sentiu feliz por poder transmitir uma mensagem importante, especialmente para as crianças: a importância de respeitar a natureza sem interferir em seu curso. Para ele, ao encontrar um ninho, o melhor a se fazer é deixá-lo intocado, garantindo que os filhotes cresçam em segurança.
“O que me motivou foi o instinto de preservação, amor e compaixão por toda forma de vida. Gosto muito da natureza e a respeito muito”, finaliza o ajudante geral.
Tiziu
Conhecido também como tizirro, saltador, veludinho, papa-arroz, bate-estaca, serrador, serra-serra e alfaiate, o tiziu possui cerca de 11,5 centímetros de comprimento e por volta de 11 gramas de peso.
Essa ave alimenta-se principalmente de sementes de gramíneas como a braquiária, mas também captura insetos, sendo acostumado a frequentar comedouros com sementes e quirela de milho.
O tiziu pode se reproduzir em qualquer época do ano, especialmente em regiões de clima quente próximas à linha do Equador. Seu canto característico, que lembra a palavra “tiziu” e originou seu nome popular, é frequentemente acompanhado por um pequeno salto no ar.
Esse comportamento é associado à defesa de território. A espécie constrói ninhos em formato de xícara, finos e profundos, sobre gramíneas, onde deposita de um a quatro ovos azulados com pequenas manchas avermelhadas.
Esses pequenos pássaros são facilmente encontrados em todo o Brasil e também do México ao Panamá, além de todos os países da América do Sul. Costumam habitar áreas abertas e modificadas, como campos, savanas, capoeiras baixas e terrenos descampados.
Durante o período reprodutivo, vivem em casais, mas, fora dessa fase, formam bandos que podem reunir dezenas de indivíduos. Nessas ocasiões, frequentemente se misturam a outras espécies que também se alimentam de sementes. Em regiões do Sudeste e Sul do Brasil, como São Paulo, costumam desaparecer no inverno, migrando para locais de clima mais quente.
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