
Inalação constante gerar quadros graves de intoxicação por monóxido de carbono, doenças infecciosas como pneumonia e sinusite, coma e até morte. Moradores usam máscara para se protegerem da fumaça em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Se antes tosse persistente, coriza e garganta irritada eram sintomas associados a uma gripe ou um resfriado, agora podem estar diretamente ligados à crise climática.
Suzianne Lima, pneumologista e membro da Comissão Científica de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), explica que a fumaça vinda das queimadas está repleta de partículas minúsculas, o chamado material particulado.
“Essa fumaça tóxica, quando atinge as pessoas, causa vários sintomas, a depender do tipo de material contido na fumaça, da quantidade e tempo de exposição”, analisa a médica.
Essa mistura tóxica inclui, principalmente, os seguintes compostos:
Material particulado (PM2.5)
Monóxido de carbono (CO)
Compostos Orgânicos Voláteis (COVs)
Óxidos de nitrogênio (NOx) e ozônio
Metais pesados
Por causa do tamanho reduzido dessas partículas, elas são facilmente inaladas e podem penetrar profundamente nos pulmões.
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Sintomas e sinais de alerta
De acordo com os especialistas, os sintomas podem ser divididos em duas categorias: sintomas iniciais e sintomas graves.
Andre Nathan, pneumologista do Hospital Sírio-Libanês, comenta que os sintomas mais comuns provocados pela exposição à fumaça são queixas respiratórias leves e incômodo na área dos olhos e garganta.
Falta de ar
Cansaço
Acúmulo de secreção
Irritação na garganta, olhos e narinas
Tosse persistente
Alergia na pele
“Quando são inaladas grandes quantidades de fumaça tóxica, ela pode atingir os alvéolos, prejudicando as trocas gasosas e dificultando com que o oxigênio chegue nos tecidos”, explica a pneumologista Suzianne Lima.
Nesse contexto de inalação constante de poluição e fumaça, os sintomas podem se tornar mais graves, elevando o alerta para a necessidade de busca por atendimento médico.
Dores de cabeça
Náuseas
Confusão mental
Dificuldade intensa para respirar
Crises de chiado no peito
Esses sintomas podem se desenvolver para quadros graves de intoxicação por monóxido de carbono, doenças infecciosas como pneumonia e sinusite, coma e até morte.
“Deve-se procurar atendimento médico caso os sintomas se agravem, especialmente se houver dificuldade severa para respirar, tosse persistente ou suspeita de complicações para infecções respiratórias”, alerta Nathan.
Suzianne ainda lembra que o material particulado presente na fumaça tóxica pode continuar agindo por um longo período no organismo, principalmente quando há exposição crônica.
“No decorrer do tempo, pode causar alguns tipos de câncer, como de pulmão e leucemia, além de doenças respiratórias, como enfisema e asma”, detalha.
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Cuidados para o grupo de risco
Os especialistas ainda alertam que, no caso das pessoas que fazem parte do grupo de risco, os cuidados devem ser redobrados.
De acordo com Andre Nathan, os sintomas em geral são semelhantes, mas tendem a ser mais intensos em pessoas com doenças respiratórias crônicas ou em pessoas com doenças cardíacas.
“Esses grupos correm maior risco de complicações graves, como infarto ou arritmias, devido à inflamação sistêmica. Nesses casos, a busca por atendimento deve ser mais rápida, ao surgirem os primeiros sinais de piora”, recomenda o pneumologista.
Manter o tratamento regular com bombinhas de inalação no caso de pacientes com rinite alérgica e com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC);
Evitar locais com grande concentração de fumaça;
Utilizar de umidificadores, toalhas molhadas e bacias com água para melhorar a qualidade do ar dentro de casa.
Medidas de prevenção
Em relação à população geral, os especialistas e o Ministério da Saúde fazem algumas recomendações que podem amenizar as consequências nocivas da exposição constante à poluição.
As medidas, que também servem como prevenção para o agravo dos sintomas incluem:
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