Um a cada três dias de 2024 na região de Piracicaba foi de calor extremo; veja dados por cidade


Média foi de 109 dias com temperatura de pelo menos 35ºC, segundo dados do Cemaden. Máximas durante o ano nas cidades da região variaram entre 37ºC e 40ºC. ARQUIVO: Morador de hidrata durante dia de calor, em Piracicaba
Ronaldo Oliveira/ EPTV
A região de Piracicaba (SP) teve uma média de 109 dias com calor extremo em 2024, ano mais quente na história da Terra. Isso representa um dia a cada três com temperatura máxima de pelo menos 35ºC. As máximas por cidade durante o ano variaram entre 37ºC e 40ºC.
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A análise foi feita a pedido do g1 pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden) com dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Os dados mostram que moradores de cinco cidades da região chegaram a quatro meses de calor extremo. A maior quantidade de dias nessas condições foram registrados em Capivari (SP) e Ipeúna (SP), ambas com 132. Veja no gráfico a seguir:

Temperaturas máximas
Já em relação às temperaturas máximas, Piracicaba e São Pedro (SP) chegaram aos 40ºC durante o ano passado.
Por outro lado, a cidade que teve a máxima mais baixa foi Cordeirópolis (SP), com 37ºC. Confira os dados por cidade abaixo:

Sandra Hacon, pesquisadora da Fiocruz sobre os impactos do calor à saúde, explica que a situação já é de emergência e que precisa ser levado em quando nas políticas de saúde.
“É impossível suportar esse período de tempo sob essas temperaturas sem consequências, o corpo não tem resiliência para suportar. O acompanhamento da temperatura tem que estar no programa de vigilância com prioridade máxima, se não estamos deixando milhões de pessoas expostas ao risco de vida”, alerta.
Metodologia do levantamento
Entenda abaixo como o levantamento do Cemaden foi realizado:
🔎 Para cada dia do ano foi calculado um valor limite de temperatura.
🔎 Para isso, foram analisandos os dados diários da série histórica entre 2000 e 2024.
🔎 Como resultado, foi constatado o total de dias no ano de 2024 que superaram os valores mais altos vistos na série histórica, o que configura um extremo de calor.
🔎 O índice é o mesmo usado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Mais de 6 milhões de pessoas enfrentaram calor extremo no Brasil
O levantamento considerou informações de 5.571 municípios brasileiros. Pouco mais de 100 ficaram de fora, o que inclui as capitais João Pessoa e Recife. Segundo a pesquisadora do Cemaden Márcia Guedes, que fez parte do levantamento, isso ocorre porque ao coletar os dados do satélite, a resolução não conseguiu alcançar algumas cidades na faixa litorânea.
As altas temperaturas explicam o cenário do Brasil no ano passado:
O país viveu a pior seca da sua história, que afetou todo o território nacional, mas foi mais grave no Norte, deixando rios secos e populações isoladas, sem acesso a serviços básicos;
O Brasil viu queimar mais de 30 milhões de hectares, o que é quase o tamanho da Itália, em 2024. O fogo é reflexo de ação humana, mas a proporção é consequência da falta de umidade, resultado das altas temperaturas.
Houve recorde de dengue: foram mais de 6 milhões de casos da doença, que é favorecida pelo calor.
Pela primeira vez, especialistas identificaram uma região de clima árido no Brasil.

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