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Fábio Bechara, promotor do GAEGO, responsável pelas operações realizadas no ano passado, que fechou os estabelecimentos, diz que é necessário existir fiscalização para manter os locais fechados. A Prefeitura de São Paulo e o estado informaram que estão atuando juntos na segurança do Centro e oferecendo assistência de saúde e social para os usuários. Ferro-velho que tinha sido fechado em operações no ano passado.
Reprodução/TV Globo
Estabelecimentos que foram fechados no ano passado na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, por suspeitos de ligação com o tráfico de drogas, foram reabertos e funcionam sem restrições.
Ferros-velhos e Centrais de Materiais Recicláveis – que revendiam produtos, muitas vezes roubados, de usuários de drogas – foram fechados em operações realizada pelo estado de São Paulo, a prefeitura e o Ministério Público.
Ainda nas operações, foram investigados agentes da GCM suspeitos de compor uma milícia na região, os hotéis que funcionavam na Cracolândia e uma base do PCC na Favela do Moinho.
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A TV Globo percorreu ruas da região nas últimas duas semanas e flagrou usuários entrando nesses estabelecimentos, com materiais recicláveis, e saindo dos locais sem nada, apenas com dinheiro.
Entre os locais que funcionam irregularmente, está um depósito na Praça São Vito, no Brás, que fica embaixo de um viaduto. A área é da Prefeitura que diz que abriu um processo de fiscalização para a remoção do ferro-velho irregular que funciona no local.
Ainda no Brás, tem também um depósito de recicláveis na Rua Mendes Caldeira, segundo a prefeitura, o local está funcionando de maneira irregular.
Fábio Bechara, promotor do GAEGO, grupo responsável pela operação, afirmou que além de operações de prisões e do fechamento desses estabelecimentos de ações pontuais, é necessária a permanente fiscalização.
“Nós já ajuizamos seis ações penais. É uma ação penal olhando para o núcleo dos hotéis, uma olhando para o núcleo da Favela do Moinho, uma para o grupo de milícia, uma para a GCM e uma olhando para os ferros-velhos. A gente compartilhou todas as informações com os órgãos do estado e do município para que tomem suas providências. As diferentes dinâmicas criminais não podem ser consideradas isoladamente, a medida em que uma influência o comportamento da outra”, afirmou.
A Prefeitura de São Paulo e o estado informaram que estão atuando juntos na segurança do Centro e oferecendo assistência de saúde e social para os usuários.
Usuário deixando ferro-velho na Cracolândia.
Reprodução/ TV Globo
‘Fluxo’
Segundo a Prefeitura de São Paulo, o “fluxo” da Cracolândia próximo à Avenida Duque de Caxias, nos Campos Elísios, um dos principais pontos de cenas abertas de uso de droga na capital paulista, diminuiu em janeiro deste ano, quando comparado com o mesmo período do ano passado.
Janeiro de 2025:
158 pessoas durante o dia
232 durante a noite
Janeiro de 2024:
539 pessoas durante o dia
548 pessoas durante a noite
Apesar da diminuição da área monitorada, a reportagem encontrou usuários espalhados pela região central, em pequenos grupos na Rua do Triunfo, Avenida Rio Branco, Bom Retiro e entra as ruas dos Andradas.
Muro no ‘fluxo’
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Na principal área do fluxo monitorada pela Prefeitura de São Paulo, na Rua General Couto Magalhães, na região da Santa Ifigênia, perto da estação da Luz, foi levantado um muro de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura – que em conjunto com gradis, delimita a área da Cracolândia. O muro foi mostrado pelo g1.
Segundo a gestão Nunes, a construção, dentre outras medidas, ocorreu para melhorar o atendimento dos usuários, garantir mais segurança para as equipes de saúde e assistência social e facilitar o trânsito de veículos na região.
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Parlamentares do PSOL acionaram o STF pedindo a derrubada do muro. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, pediu, então, esclarecimentos ao governo municipal.
Em sua resposta à Suprema Corte, Nunes alegou que “a construção do muro não visou segregar, excluir ou restringir o direito de ir e vir das pessoas em situação de rua. Pelo contrário, a medida tem caráter preventivo e protetivo, buscando evitar acidentes, especialmente atropelamentos considerando o estado de extrema vulnerabilidade de muitos frequentadores da região”.
No documento, a prefeitura afirmou ainda que “a execução de ordem para destruição do muro teria efeitos e danos irreversíveis”. E acrescentou que “não procede à alegação de ‘confinamento’ de quem quer que seja” e que a obra está em “consonância com o princípio da dignidade humana”.
Histórico do governo
Problema que se arrasta há décadas na cidade de São Paulo sem solução, a Cracolândia é alvo constante de promessas por parte dos políticos.
Em sua primeira entrevista após assumir o governo do estado em 2023, Tarcísio de Freitas (Republicanos) prometeu acabar com a Cracolândia.
“A gente está conversando com a prefeitura e estaremos alinhados para dar efetividade para, por exemplo, dar habitação, fazer tratamento e tirar as pessoas das ruas dentro de uma lógica de confiança”, afirmou.
Mais tarde, em julho daquele ano, Tarcísio mudou o discurso, afirmando que iria transferir o fluxo para o Bom Retiro, também no Centro, onde fica o Complexo Prates com serviços públicos de atendimento à usuários de drogas.
“Não é simplesmente levar o fluxo e ter cena aberta de uso em outro canto da cidade. Não é isso”, disse. “Eu tenho que levar as pessoas onde eu possa ter uma abordagem mais qualificada, onde eu possa ter mais exito e tirar mais pessoas da rua. A ideia é levar as pessoas ao local onde eu tenha mais condições de fazer essa abordagem”.
Após protestos de comerciantes e moradores da região, o governo desistiu da mudança.
Em junho de 2024, a prefeitura e o governo instalaram grades na Rua dos Protestantes para delimitar o espaço dos usuários de droga.