
Na etapa inicial, a partir desta quinta (26), os animais serão atraídos com alimentos em horários e locais específico. Cerca de 200 devem passar pelos procedimentos. Capivaras na Lagoa do Taquaral
Rogério Capela
A Prefeitura de Campinas (SP) inicia nesta quinta-feira (26) a 1ª etapa para castração de cerca de 200 capivaras que vivem em parques públicos da metrópole. A ação visa o combate da transmissão da febre maculosa por meio da redução de nascimentos dos filhotes.
Nesta fase inicial será feita a “ceva”, uma estratégia para a captura dos animais que consiste em atraí-los com alimentação controlada, em locais e horários específicos. Depois, a capivara será recolhida e levada para a esterilização.
Os primeiros animais que passarão pelo procedimento vivem no Parque Taquaral, no Lago do Café, no Parque Ecológico e no Parque das Águas.
O Departamento de proteção e bem-estar animal (DPBEA) afirma que ainda “não é possível estimar em quanto tempo será finalizado o processo de captura, de cirurgia, de recuperação e de soltura de cada grupo (e de todos os indivíduos)”.
“Depende das condições climáticas, ambientais e até sociais do grupo. Tem grupo que é manso, está acostumado à presença humana, entra logo no brete, outros são mais difíceis, podem levar semanas para que sejam capturados”, explica Rodrigo Pires, assessor do DPBEA
Os machos serão submetidos a um procedimento de vasectomia, que interrompe o fluxo de espermatozoides por meio do corte de canais que ligam os testículos à uretra; e as fêmeas por uma salpingectomia, uma cirurgia que remove as tubas uterinas.
Capivaras na Lagoa do Taquaral
Rogério Capela
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A Prefeitura, por meio de uma licitação para manejo e esterilzação, contratou duas equipes para o tratamento dos animais:
um serviço médico veterinário cirúrgico para as vasectomias e salpingectomias;
equipe de prestação de serviço de ceva, captura, manejo pré e pós-cirúrgico e posterior soltura aos parques de origem.
Centros cirúrgicos
Centro de Manejo onde serão feitos procedimentos na Lagoa do Taquaral.
Rogério Capela
As cirurgias dos animais que vivem no Lago do Café e do Parque Taquaral serão realizadas em um centro na Lagoa do Taquaral, construído para essa ação. Nele, haverá uma sala em que os animais passarão pelo procedimento cirúrgico, e outra para o período de recuperação.
O Parque Ecológico e o Parque das Águas receberão centros cirúrgicos móveis, para otimizar o processo e evitar o estresse que seria gerado no embarque, transporte e desembarque dos animais, além de diminuir a possibilidade de dispersão de carrapatos e da própria bactéria causadora da febre maculosa.
Como as capivaras vivem em grupos, e com uma estrutura social própria e territorialista, será feita a esterilização de um grupo de animais por vez, independentemente do número de indivíduos.
Capivara e febre maculosa
As capivaras são infectadas pela febre maculosa apenas uma vez na vida e não apresentam sintomas, resistem bem à infecção.
Tomaz Nascimento de Melo
Vale lembrar que a capivara esteve em evidência em Campinas por conta do surto de febre maculosa, em 2023. O animal é o hospedeiro da doença transmitida pelo carrapato-estrela.
“O carrapato é o vetor da doença e a capivara, o hospedeiro. Em outras palavras, a capivara é só o ‘motorista’ do carrapato-estrela, que é o verdadeiro responsável em levar a febre maculosa”, explica Gisela Sobral, coordenadora do Projeto Incisivos, que trabalha na divulgação científica sobre roedores.
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Quais são os sintomas da febre maculosa? Entenda
A relação entre a capivara, o carrapato e a Rickettsia rickettsii, bactéria causadora da febre maculosa, é como um ciclo. Ao ser picada por um carrapato contaminado, a capivara pega a doença e inicia um período de infecção.
A capivara não manifesta sintomas, mas o período é suficiente para ser picada por carrapatos não contaminados que, por sua vez, contraem a bactéria e podem levá-la para outros animais.
A febre maculosa
Febre maculosa é transmitida principalmente pelo carrapato-estrela,
Prefeitura de Jundiaí/Divulgação
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