Morre Lilian Knapp, voz doce da Jovem Guarda que deixa sucessos como as canções ‘Devolva-me’ e ‘Sou rebelde’


A cantora e compositora carioca Lilian (1948 – 2025) – vista em foto da capa de álbum de 1992 – iria fazer 77 anos em março
Divulgação
♫ OBITUÁRIO
♪ Em 2000, Lilian Knapp e Renato Barros (1943 – 2020) subiram ao palco do Programa Silvio Santos, no SBT, para receber o Troféu Imprensa na categoria Música do ano por Devolva-me, canção tristonha de autoria dos dois artistas.
De fato, a música Devolva-me fez grande sucesso em 2000 na gravação de Adriana Calcanhotto e se tornou um dos maiores hits daquele ano. Mas estava longe de ser inédita. Devolva-me tinha sido apresentada ao Brasil em 1966, em pleno reinado da Jovem Guarda, em gravação da dupla Leno e Lilian.
Leno era o nome artístico do cantor, compositor e guitarrista potiguar Gileno Osório Wanderley de Azevedo (25 de abril de 1949 – 8 de dezembro de 2022). Lilian era a cantora e compositora carioca Sílvia Lílian Barrie Knapp (30 de março de 1948 – 22 de fevereiro de 2025), também conhecida como Lilian Knapp. A dupla tinha sido formada em 1965 e marcou época na Jovem Guarda.
Lilian morreu ontem, sábado, 22 de fevereiro, aos 76 anos, em consequência de tumor agressivo na pelve. A cantora estava internada há duas semanas. A morte foi confirmada pelo marido da artista, o baterista e produtor musical Cadu Nolla, em rede social e também foi comunicada no perfil oficial da cantora no Instagram.
Lilian viveu dois períodos de auge na carreira iniciada em 1965 em dupla com Leno. Em março de 1966, Leno e Lilian lançaram single com as músicas que se tornariam os maiores hits da dupla, Devolva-me e Pobre menina. Pobre menina é versão em português escrita por Leno a partir de Hang on sloopy (Bert Russell e Wes Farrell, 1965), sucesso do grupo norte-americano de rock The McCoys. As duas músicas integraram o primeiro álbum da dupla, Leno e Lilian, lançado em 1966.
Em setembro de 1967, um mês antes da edição do segundo LP da dupla, Não acredito, Leno e Lilian lançaram single com a música que se tornaria o terceiro maior hit do duo, Coisinha estúpida, versão em português de Leno para Something stupid (Clarence Carson Parks, 1966), hit mundial naquele ano de 1967 no dueto de Frank Sinatra (1915 – 1998) com a filha Nancy Sinatra.
O canto de cisne da dupla Leno e Lilian foi EP editado em fevereiro de 1968 com quatro faixas do álbum Não acredito.
Desfeita no auge do sucesso, a dupla Leno & Lilian foi remontada em 1972, mas essa segunda fase – que durou até 1974 e teve gravações inéditas produzidas por Raul Seixas (1945 – 1989) – não foi bem-sucedida. O que ficou na memória foram os sucessos da dupla na fase inicial da Jovem Guarda.
Contudo, Lilian voltaria às paradas com força em 1978. Neste ano, a cantora liderou as playlists com a gravação de Sou rebelde (1978), versão em português, escrita por Paulo Coelho, de Soy rebelde (Manuel Alejandro e Ana Magdalena, 1971), canção espanhola lançada sete anos antes pela cantora Jeanette. Sou Rebelde ganharia regravações de Chico César e Alice Caymmi.
O sucesso de Sou rebelde motivou a companhia fonográfica RCA Victor a investir na gravação e edição do primeiro álbum solo de Lilian, lançado em 1979 com o nome da cantora no título. O LP foi promovido com o single Uma música lenta, mas, embora tenha tocado nas rádios, a balada de Roberto Livi e Alessandro esteve longe de bisar o sucesso de Soy rebelde.
Lilian ainda lançou singles entre 1980 e 1983, mas todos sem repercussão artística e comercial. Tanto que, ao longo da década de 1980, a artista atuou basicamente como backing vocal em discos de nomes da MPB. A retomada da carreira fonográfica aconteceria somente em 1992, ano de outro álbum solo intitulado Lilian e calcado em mix de regravações de sucessos da artista e músicas inéditas na voz da cantora.
Seguiu-se, em 2001, o álbum Lilian Knapp. Em 2008, a cantora apostou no projeto de rock underground Kynna, em parceria com o guitarrista Luiz Carlini e com o baterista Cadu Nolla, com quem ficaria casada por cerca de 35 anos.
Para sempre associada à dupla com Leno da Jovem Guarda e ao sucesso solo Sou rebelde, Lilian Knapp tinha voz doce, eternizada na memória afetiva de quem consumiu a música popular romântica dos anos 1960 e 1970.
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