Em depoimento no STF, delegado que atuou na primeira fase das investigações contou que falou ao interventor na segurança, Richard Nunes o nome do assassino confesso. De acordo com Giniton, Lessa não foi chamado a depor “porque não era a hora de interrogá-lo”. Delegado Giniton Lages, em depoimento no STF sobre o caso Marielle
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O delegado Giniton Lages, responsável pelo primeiro ano de investigações das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, prestou depoimento nesta quarta-feira (25), por videoconferência, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em três horas de relato, o delegado afirmou que o nome de Ronnie Lessa já aparecia entre os suspeitos desde as primeiras reuniões com o general Richard Nunes, do Exército, então, secretário de Segurança Pública.
No depoimento desta quarta, ele disse que a Polícia Civil não demorou a investigar Ronnie Lessa.
“Desde a segunda reunião com o general Richard, o nome de Ronnie Lessa já aparecia entre os suspeitos. A questão é que não era o momento apropriado para trazê-lo. Ronnie Lessa veio para a investigação quando tinha que vir”, afirmou o delegado.
Giniton Lages está afastado das funções por determinação do Supremo Tribunal Federal. Ele está indiciado por suspeita de atuar para a obstrução das investigações do caso Marielle. Ainda não há denúncia e ele não é considerado réu pelo caso. Para a PF, ele desviou deliberadamente o curso das investigações, protegendo os mandantes do crime e apresentou a tese de que os executores materiais, Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz, teriam agido motivados por ódio.
Giniton repetiu no depoimento desta quarta o que já havia relatado no livro que escreveu sobre a investigação que fez no caso Marielle.
Giniton repetiu no depoimento desta quarta o que já havia relatado no livro que escreveu sobre a investigação que fez no caso Marielle. Segundo o delegado, Ronnie Lessa aparecia nas investigações, mas a Delegacia de Homicídios não chamou o ex-policial para depor, diferente do que aconteceu com o capitão Adriano da Nóbrega, integrante e chefe do Escritório do Crime, grupo de matadores de aluguel, também no mesmo grupo de suspeitos e que foi prestar explicações à DH. O capitão Adriano foi morto na Bahia em fevereiro de 2020.
Em outubro de 2018, a Delegacia de Homicídios recebeu uma denúncia em que apontava Lessa como executor de Marielle. De acordo com relatório da Polícia Federal, é a partir deste momento que o ex-policial vira alvo da Polícia Civil. Giniton nega.
“Ronnie Lessa não foi ouvido só por causa de denúncia anônima. Ele já estava no radar”, garante.
Cinco meses depois, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos pela Polícia Civil do RJ e pelo Ministério Público estadual.
Ronnie Lessa em depoimento nesta terça-feira (27) no STF
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