Cecília Smith Lorenzon foi exonerada da Saúde nesta terça-feira (25), mas vai assumir chefia da Secretaria de Governo Digital (Segod). Ela estava no comando da Saúde há três anos. Cecília Lorenzon, ex-secretária de Saúde de Roraima suspeita de cobrar propina.
Reprodução/Facebook/Cecilia Lorenzon
A advogada Cecília Lorezon, que chefiava a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) de Roraima, foi exonerada do cargo nesta terça-feira (25). À frente da pasta há três anos, ela foi demitida da função depois de ser acusada de cobrar propina de empresários pelo presidente da Assembleia Legislativa do estado, Soldado Sampaio (Republicanos). Ela foi renomeada para a Secretaria de Governo Digital (confira o perfil dela mais abaixo).
A exoneração e nomeação de Cecília na nova função foram publicadas no Diário Oficial do Estado (DOE). A mudança foi feita pelo governador Antonio Denarium (PP), que é quem define quem ocupa os cargos de confiança na gestão, e ocorre cinco dias após Sampaio cobrar a saída da advogada da Saúde.
✅ Receba as notícias do g1 Roraima no WhatsApp
Nas redes sociais, Cecília Lorenzon demonstra ter proximidade com Denarium e publica várias fotos com ele, principalmente em eventos institucionais.
Governador Antonio Denarium e a ex-secretária de Saúde, Cecília Lorenzon.
Reprodução/Facebook/cecília lorenzon
Cecília Smith Lorezon é natural de Rondônia e estava no cargo de secretária de Saúde de Roraima desde fevereiro de 2022. Ela foi a 10ª pessoa a ser nomeada para o cargo pelo governador.
Além disso, ela já foi nomeada para o mesmo cargo de secretária de saúde, mas foi substituída em meio a uma greve de enfermeiros que exigiam melhores condições de trabalho e diálogo com a Sesau.
Cecília Lorenzon é advogada cadastrada e em situação regular junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Rondônia. Ela é formada em direito pela Universidade Federal de Rondônia (Unir), especialista em Gestão, Perícia e Auditoria Ambiental, Direito Constitucional e Administrativo e tem capacitação em Macropolítica e Gestão no Sistema Único de Saúde (SUS).
Ela cursa MBA em Contratos e Licitações e faz mestrado em Segurança Pública, Direitos Humanos e Cidadania, pela Universidade Estadual de Roraima (UERR).
Além do cargo de secretária de Saúde, ela também ocupou os cargos de vice-presidente da Comissão Permanente de Licitação (CPL) e foi professora de Direito na Faculdade Cathedral. Agora, vai chefiar a Secretaria de Governo Digital (Segod), criada em 2023 para gerir a tecnologia da informação e comunicação de Roraima.
Exonerada após denúncia, secretária é nomeada em nova pasta em Roraima
LEIA MAIS
Presidente da Ale-RR acusa secretária de Saúde de cobrar propina e diz que ‘governador sabe’
Governador diz que ‘população sabe da qualidade’ na saúde após deputado acusar secretária de cobrar propina em Roraima
Secretária de Saúde é exonerada após acusação de cobrar propina e nomeada em nova pasta
Secretaria de Governo Digital: o que é a pasta comandada por Cecília Lorenzon
Acusada de cobrar propina
Na última quarta-feira (19), quando ainda era secretária de Saúde, Cecília foi acusada por Sampaio de cometer uma série de irregularidades no setor, incluindo a cobrança de propina a empresários. Segundo ele, o governador tinha ciência dos atos de corrupção cometidos pela secretária.
“Estou afirmando, não estou especulando. Na saúde, hoje, o que prevalece é negócio. A secretária de saúde, primeiro ela quer saber quanto que é a parte dela para depois conversar com o empresário”, afirmou o deputado na casião em que cobrou a exoneração.
“O governador Antonio Denarium sabe disso. Eu falei pessoalmente para ele antes de romper politicamente. Os senhores deputados já falaram isso para ele por mais de uma vez”, ressaltou Soldado Sampaio.
Ex-secretária de Saúde de Roraima, Cecília Lorenzon.
Divulgação/Governo de Roraima/Arquivo
Sampaio apontou como irregularidades casos de médicos com salários atrasados, dificuldades no atendimento de pacientes e terceirizações suspeitas. Ele ainda falou que atualmente há uma precariedade nos atendimentos de alta complexidade, como cirurgias cardíacas, ortopedia e hemodiálise.
Caso o governador não tomasse providências até esta terça-feira, ele afirmou que iria levar o caso à Polícia Federal e outras instâncias fiscalizadoras, como o Ministério Público de Roraima (MPRR) e o Tribunal de Contas (TCERR).
Antonio Denarium e a ex-secretária de Saúde, Cecília Lorezon.
Reprodução/Facebook
Um dia após as acusações, na quinta-feira (20), o governador Antonio Denarium chegou a enviar uma nota à imprensa afirmando que a população sabe da “qualidade dos serviços” na Saúde do estado.
Com o nome “A verdade sobre a saúde”, o governo listou números que, na avaliação do estado, “evidenciam a melhoria da qualidade dos serviços e atendimentos da saúde”. A relação inclui a reinauguração da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, reformas no Hospital Geral de Roraima (HGR), o maior do estado, além dados sobre atendimentos.
Alvo da Polícia Federal
Em fevereiro de 2024, Cecília Lorenzon chegou a ser afastada da função de secretária de Saúde pela Justiça Federal por suspeita de envolvimento em fraudes para cirurgias ortopédicas, em uma investigação da Polícia Federal.
A PF investigava a existência de uma estrutura criminosa organizada suspeita de fraudar procedimentos licitatórios na área da prestação de serviços de traumatologia e ortopedia, culminando na adesão de uma ata de registro de preço licitada pelo governo do Acre. Cecília foi alvo de buscas e apreensão.
Ela voltou ao comando da Saúde 16 dias depois de ser afastada, por decisão do governador Antonio Denarium, e ficou na função até esta terça-feira (25).
Em fevereiro de 2023, Lorenzon fez um comentário após a repercussão de imagens de uma grávida jogada no chão enquanto esperava por atendimento na maternidade Nossa Senhora de Nazareth. A unidade funcionava de forma provisória num espaço conhecido como “maternidade de lona”. À época, ela disse “pessoas se prestam a dar show” ao comentar o vídeo da grávida.
Sete meseses depois, em setembro, o marido da então secretária, Wilson Fernando Basso, que é dono de uma empresa de produtos farmacêuticos, também foi alvo da Polícia Federal durante a operação Hipóxia, que apurava a suspeita de superfaturamento na execução de contrato com duas empresas para serviços de recarga de oxigênio, insumos hospitalares e farmacêuticos ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y).
Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.
