Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartam a possibilidade de o deputado federal José Guimarães (PT-CE) tornar-se ministro da SRI (Secretaria de Relações Institucionais), em substituição a Alexandre Padilha. O atual ministro deixará a pasta no dia 10 de março para assumir o Ministério da Saúde, no lugar de Nísia Trindade.
O nome da presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), ganhou força nos últimos dias, a ponto de petistas, mesmo contrários à escolha dela, admitirem que a parlamentar tornou-se a favorita, hoje, para assumir a articulação do governo.
Segundo ministros próximos ao presidente, Lula só irá tomar sua decisão sobre o futuro da SRI após o dia 10 de março.
Por ser líder do governo, ter bom trânsito na Câmara e relações próximas com o centrão, Guimarães se credenciou como uma espécie de sucessor natural de Padilha na articulação política. Ao longo dos dois primeiros anos de Lula, nos momentos de desgaste de Padilha, Guimarães costumava ser citado, inclusive por parlamentares do centrão, para substituí-lo na SRI.
Logo após a definição da troca na Saúde, o nome de Guimarães despontou como o favorito para a vaga de Padilha. A leitura entre aliados do presidente no Planalto e no PT, é que Lula quer alguém de estrita confiança e, por esta razão, Gleisi estaria na frente do colega de Câmara.
Alguns aliados desconfiam que ele levará adiante essa ideia. No Congresso e até em setores do PT, a avaliação é que a indicação seria um erro crucial do presidente, especialmente num momento em que os partidos de centro pressionam o mandatário a abrir espaço dentro do Planalto. Assessores do presidente o aconselham a colocar Gleisi em outra pasta, como a Secretaria-Geral da Presidência ou o Ministério do Desenvolvimento Social.
A ida de Gleisi para articulação também é vista como um movimento que enfraqueceria o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já que a presidente nacional do PT tem uma visão crítica da política econômica de Lula.
Dentro do PT, há quem diga que Haddad perdeu o embate com Gleisi e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, no governo. Isso porque Lula, em decisões recentes, contrariou a Fazenda. Por exemplo, ao apresentar o pacote fiscal junto com a reforma do Imposto de Renda e ao liberar o saldo do FGTS para quem optou pelo saque-aniversário.
A ida de Gleisi para a articulação estaria em linha com essas decisões recentes e concluiria uma espécie de inflexão de Lula no meio do mandato, já que nos dois primeiros anos foi Haddad quem venceu as principais quedas de braço com Gleisi e Rui Costa.
Há ainda uma avaliação de que Lula deseja finalmente formar um núcleo consistente de coordenação do governo para a segunda metade do mandato, com Gleisi, Rui e o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira.
Os defensores da ida de Gleisi para o Planalto destacam a relação de confiança absoluta que Lula tem com a presidente do PT. Citam, ainda, o papel dela à frente do partido no momento mais difícil da história da sigla, com a prisão de Lula. Outro argumento é a boa relação de Gleisi com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), construída durante as articulações pela candidatura dele.
Nomes do Centrão
O centrão tenta emplacar um nome do grupo na SRI desde o início do terceiro mandato de Lula. Arthur Lira é um dos principais defensores da abertura do Planalto para os partidos de centro. Essa tese também é defendida por vários ministros de Lula e por setores mais pragmáticos do PT.
Um dos nomes preferidos do centrão é o líder do MDB na Câmara, o deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL). O parlamentar tem relação muito próxima com Motta e com as cúpulas da Câmara e Senado. Também é aliado de primeira hora de Renan Calheiros.
Até agora, no entanto, Lula não iniciou qualquer tipo de conversa com o MDB para tratar de uma possível escolha de Isnaldo. Aliados do presidente afirmam que ele não tem proximidade com o líder do MDB, o que dificulta a ida dele ao governo.
Por conta disso, o nome do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do Republicanos, também aparece na bolsa de apostas. Ele tem sinalizado que deseja permanecer no atual ministério, mas há dúvidas se toparia a mudança para o Planalto se houver um pedido de Lula.