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Derrota da americana surpreendeu especialistas, mas há estigma em torno de filmes de horror. Emma Stone anuncia prêmio de melhor atriz no Oscar 2025; Fernanda Torres, Mikey Madison, Demi Moore, Karla Sofia Gascón e Cynthia Erivo
Reprodução/TV Globo
Considerada favorita por especialistas de Hollywood, Demi Moore não levou o prêmio de Melhor Atriz no Oscar® 2025 deste domingo (2). O prêmio foi para Mikey Madison, de “Anora”.
Moore concorria por seu papel em “A Substância”, longa de horror da francesa Coralie Fargeat. A seu favor, ela tinha a vitória como Melhor Atriz no SAG (sindicato dos atores) e o Globo de Ouro (de melhor atriz em filme de comédia). Desde 1994, a vencedora do SAG só não levou o Oscar em sete ocasiões.
Mas o estilo do filme pode ter sido um empecilho. Para quem acompanha o Oscar, não é novidade que a Academia tem dificuldade em reconhecer e premiar longas de horror/terror. Há estigma em torno do gênero, e muitos longas sangrentos não tiveram aceitação na Academia, mesmo com quase um século de premiação.
Atuações ‘esnobadas’
Historicamente, os filmes de terror e horror são considerados “baratos”, com violência gratuita e recursos “de segunda”. Em uma matéria do veículo NPR, argumenta-se que a Academia prefere dramas sóbrios, “que tendem a ser baseados em pessoas reais e situações históricas reais”, sem espaço para produções mais estilísticas de qualquer natureza.
As atuações também não tem tanta sorte. São comuns os casos de Toni Collette, em “Hereditário”, e Lupita Nyong’o, em “Nós”: interpretações que chamaram a atenção da crítica, eram apostas de especialistas, e não chegaram nem a ser indicadas no Oscar.
Mia Goth, que recebeu aclamação crítica após estrelar uma violenta trilogia (“X – A Marca da Morte”, “Pearl” e “MaXXXine”), chegou a dizer que ignorar os filmes de terror era uma decisão “muito política” da Academia.
“Não é totalmente baseado na qualidade de um projeto em si. Há muita coisa acontecendo lá. Uma mudança deveria ocorrer se eles quisessem se envolver com o público mais amplo”, disse à Variety em 2023.
Algumas obras até conseguem conquistar o carinho da Academia. Os filmes de terror e horror que já concorreram a Melhor Filme são “O Exorcista”, “Tubarão”, “O Silêncio dos Inocentes”, “O Sexto Sentido”, “Cisne Negro” e “Corra!”. (Nem “Psicose”, clássico de Alfred Hitchcock, conseguiu uma indicação na maior categoria do Oscar).
Mas ainda assim, muitos dos longas já indicados ficam no limiar entre o suspense e o horror, justamente porque tentam ser mais sóbrios. Não é o caso de “A Substância”, que fica entre o body horror e a comédia – e saiu do Oscar deste domingo (2) somente com o prêmio por maquiagem e cabelo.
“A Substância”, que pesa a mão no tom grotesco e bizarro, já foi uma anomalia ao ser indicado a cinco categorias, sendo somente o sétimo de horror indicado a Melhor Filme. Mas é difícil cravar que a Academia já esteja de fato confortável com o estilo – e a derrota de Moore comprova que, para as atrizes de terror, os votantes ainda não estão totalmente convencidos.
‘A Substância’ é 7º filme de terror ou horror indicado a Melhor Filme