Ministro das Relações Exteriores libanês, Abdallah Bouhabib, também repudiou bombardeios durante discurso na Assembleia Geral da ONU nesta quinta (26). Segundo Bouhabib, os ataques israelenses estão trazendo ‘punição coletiva’ à população libanesa e ‘destruição sistemática’ de vilas ao sul do país. Ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bouhabib, faz discurso na Assembleia Geral da ONU em 26 de setembro de 2024.
REUTERS/Eduardo Munoz
“O Líbano vive uma crise que ameaça a sua existência”, disse o ministro das Relações Exteriores do país, Abdallah Bouhabib, à Assembleia da ONU na noite desta quinta-feira (26). Bouhabib repudiou os bombardeios de Israel no território libanês, que fizeram centenas de vítimas nesta semana.
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O ministro libanês pediu também por uma solução diplomática para o conflito entre Israel e o grupo extremista Hezbollah, que teve rápida escalada nas agressões desde semana passada, após explosões de pagers e de walkie-talkies de integrantes do grupo libanês. Uma proposta de cessar-fogo nos bombardeios, elaborada pelos EUA e França, foi rejeitada por Israel nesta quinta.
“Diplomacia é a única maneira de salvar vidas inocentes. O Líbano está comprometido com isso”, afirmou Bouhabib, que também disse não haver justificativa para morte de civis.
O forte discurso de Bouhabib na ONU ocorre em meio à mobilização de tropas israelenses na fronteira com o Líbano e bombardeios israelenses no país, principalmente na região sul. Uma série de bombardeios na segunda-feira fez do dia o mais sangrento no país desde a guerra do Líbano, em 2006, entre Israel e Hezbollah, matando mais de 550 pessoas.
Na quarta (25), o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, discursou em reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, convocada pela França para discutir a escalada do conflito. Mikati afirmou que Israel está matando civis com os bombardeios e pediu um cessar-fogo imediato nas agressões. “Israel nunca parou de violar as resoluções adotadas pela ONU. O Líbano não está pedindo por caridade”, disse o premiê.
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Pessoas na praia e, ao fundo, a fumaça após ataques na região sul do Líbano nesta quinta (26)
Amr Abdallah Dalsh/Reuters
Israel não quer ‘guerra total’
Na sequência, o enviado de Israel nas Nações Unidas, Danny Danon, disse que o país está exercendo o direito de se defender. Danon lembrou que o Hezbollah está disparando mísseis e foguetes contra cidades israelenses.
O representante de Israel também garantiu que as Forças de Defesa de Israel estão executando ataques com “precisão” contra alvos do Hezbollah. “Israel não quer uma guerra total”, afirmou.
Danon ainda acusou o Irã de ser a “aranha no centro da teia de violência” no Oriente Médio. Para o israelense, não haverá paz na região até que “a ameaça seja desfeita”. O Irã apoia o Hezbollah.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deve chegar aos Estados Unidos nesta quinta. No dia seguinte, ele deve discursar na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Israel x Hezbollah
Israel afirmou que está conduzindo uma operação militar na fronteira com o Líbano para que moradores da região possam voltar para casa. Esses israelenses deixaram a área por causa de ataques do grupo extremista Hezbollah, que atua no Líbano.
Hezbollah e Israel possuem um histórico de desavenças, que já resultou em uma guerra em 2006. O conflito na região voltou a se intensificar em outubro de 2023. À época, o grupo terrorista Hamas invadiu Israel, o que resultou na morte e sequestro de civis.
Em resposta, Israel declarou guerra contra o Hamas e bombardeou a Faixa de Gaza. Desde então, o Hezbollah vem lançando foguetes contra Israel para demonstrar apoio ao Hamas e aos moradores de Gaza.
Na semana passada, pagers e walkie-talkies usados por membros do Hezbollah explodiram em uma ação coordenada. Em seguida, Israel anunciou que estava movendo tropas para a região de fronteira com o Líbano.
Israel também lançou uma série de bombardeios contra o Líbano, justificando que estava atacando estruturas do Hezbollah.
Diante disso, a ONU levantou preocupações sobre uma guerra total no Oriente Médio.
“O Líbano está à beira do precipício. O povo do Líbano, o povo de Israel e o povo do mundo não podem permitir que o Líbano se torne outra Gaza”, disse o Secretário-Geral da ONU, António Guterres.