
Em janeiro de 2025, foram mais de 600 registros – um aumento de quase 295% em relação ao mesmo mês de 2024. Calor intenso torna tempestades de granizo mais frequentes
Com o calor intenso, as tempestades de granizo ficaram mais frequentes e mais perigosas.
As imagens, raras no passado, hoje fazem parte do dia a dia no Brasil. Desde o começo de 2025, foram vários os registros de tempestade de granizo. Na Serra Catarinense, o temporal chegou com vento forte e deu para juntar grande quantidade de gelo. Em Tavares, no Rio Grande do Sul, as pedras vieram graúdas e perfuraram os telhados de casas, galpões e até escolas. Nas lavouras de soja em Rio Verde, Goiás, dez minutos foram suficientes para destruir metade da plantação que era colhida.
Em janeiro, foram mais de 600 registros – um aumento de quase 295% em relação ao mesmo mês de 2024. Os prejuízos são muitos e se acumulam, segundo o presidente da Confederação Nacional dos Municípios.
“Pegamos aí os últimos cinco anos de avaliação. Só de granizo, chegou nesse período a R$ 2,3 bilhões”, afirma Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios.
Os meteorologistas explicam que o granizo está presente em nuvens de tempestade, que se formam em condições de muito calor. Toda nuvem de tempestade tem temperaturas negativas e, consequentemente, gelo em seu interior. À medida que esse gelo fica maior e mais pesado, ele cai na forma de granizo. E aí é que está o perigo, segundo a meteorologista da USP Rachel Albrecht.
“O granizo, quando ele é pequeno e menor do que 2,5 cm, do tamanho de uma moeda de R$ 1, ele pode chegar até 40 km/h. Agora, granizo grande, que seria de 10 cm ou mais, pode chegar a 120 km/h”, explica Raquel Obresti, professora do Departamento de Meteorologia da USP.
E o Brasil já tem o seu recorde: uma pedra de 14,3 cm, que caiu no município gaúcho de São Lourenço do Sul. Quem pesquisa o assunto na Universidade de Santa Maria desde 2018 faz um alerta:
“O Brasil é um dos países do mundo onde mais se registram granizos e, portanto, há necessidade de termos uma população preparada para se utilizar dessas informações”, afirma Ernani de Lima Nascimento, professor do curso de Meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria.
Brasil já tem o seu recorde: uma pedra de 14,3 cm, que caiu no município gaúcho de São Lourenço do Sul
Reprodução/TV Globo
Tempestades com granizo, acompanhadas de ventania, quase sempre provocam estragos também nas áreas urbanas. As pedras atingem o telhado das casas e os veículos em avenidas congestionadas ou estacionamentos descobertos. Foi o que aconteceu em um shopping em Cajamar, na Grande São Paulo. A oficina do Júlio César de Oliveira já arrumou 35 carros.
“Tem carro que quebrou vidro. Tem carro que quebrou o retrovisor, tem carro que quebrou peça plástica, para-choque, com uma batida da pedra. Existe um mercado focado só no granizo. Eles só trabalham nessa área”, diz o dono de oficina.
Com calor intenso, meteorologistas alertam para tempestades de granizo mais frequentes e perigosas
Reprodução/TV Globo