Tragédia em Itamarandiba: Família de suspeito de matar o filho registrou boletins de ocorrência relatando ameaças antes do assassinato


Filha e ex-mulher procuraram a polícia para relatar o comportamento violento de Geraldo Miranda, dias antes dele enviar um áudio confessando que tinha assassinado o filho, de 9 anos. O homem ainda é procurado. Moradores de Itamarandiba cobram mais empenho para prender o suspeito de matar o filho
Pelo menos três boletins de ocorrência contra Geraldo Aparecido Alves Miranda, suspeito de matar o filho, Gabriel Santos Miranda, de nove anos, foram registrados pela família nas semanas que antecederam o assassinato da criança. Em dois deles, ex-mulher e filha relataram que foram ameaçadas.
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O g1 teve acesso aos três documentos que revelaram um histórico de medo e insegurança em relação ao comportamento de Geraldo, de 50 anos.
Um deles foi registrado no dia 19 de fevereiro deste ano, quando a mãe esteve no posto da Polícia Militar pedindo ajuda para buscar o filho na casa do ex-marido.
“Para que pudesse se deslocar até a comunidade para buscar o filho menor, já que tem medo de ir sozinha ao local e do ex-companheiro lhe causar algum tipo de mal. Segundo ela, também teme pela segurança da criança, pois o ex é bastante possessivo e pode causar algo ruim ao menor caso ela não retorne para ele”, informou o boletim.
Cerca de duas semanas depois, no dia 6 de março, uma das filhas do casal, de 26 anos, também procurou a polícia para registrar um boletim de ameaça contra Geraldo. Ela disse que o pai foi até a casa dela, armado com uma espingarda cartucheira, em busca de informações sobre o paradeiro da ex-mulher.
“…e começou a perguntá-la aonde a mãe dela (ex-esposa do senhor Geraldo) se encontrava, pois, de acordo com os relatos prestados, na cabeça de seu pai geraldo, ele acreditava que [a filha] arquitetou com a mãe dela para que a mãe traísse o pai”, constou no BO.
Ainda segundo a filha, depois de fazer as ameaças, o pai saiu de carro levando o filho, de 9 anos, dentro do veículo. De acordo com o relatório policial, várias equipes foram acionadas em cidades da região, mas o veículo não foi localizado.
No dia seguinte à denúncia feita pela filha, a mãe também procurou a polícia para registrar um boletim de ocorrência por ameaça. No documento, do dia 7 de março, Simone disse que ex-marido descobriu o novo endereço dela e convenceu o filho Gabriel a voltar para a casa dele.
Disse ainda que recebeu mensagens em que ele ameaçava colocar fogo na casa e matar os filhos, caso ela não reatasse o relacionamento.
“Conforme a vítima, tomou conhecimento que o autor está enviando mensagens para o celular da sua mãe, pedindo para avisar a ex, que se ela não voltar para ele, vai por fogo na casa deles e que vai matar ela, a filha deles e o menor Gabriel, e depois irá se matar também”, informou o documento.
Filho usado para atingir ex
Gabriel Santos Miranda, de 9 anos, e o pai Geraldo Aparecido Alves Miranda, de 50 anos, suspeito de matá-lo
Reprodução
De acordo com parentes do casal, o filho de 9 anos, passou a ser usado pelo suspeito como um instrumento para tentar reatar o relacionamento. Eles estavam separados há dois meses após um casamento de 26 anos e cinco filhos.
A família de Geraldo não concordava com o comportamento dele, segundo o irmão suspeito, Devanir Miranda.
“Ele [Geraldo] ficou muitos dias com a criança. Fomos lá algumas vezes tentar conversar com ele para ver se devolvia a criança para ficar sob nossos cuidados até que eles [Geraldo e Simone] se resolvessem. Mas ele resistiu em entregar a criança para mim e para a avó dele”, contou.
“Ele não me deixava em paz e queria que eu voltasse a todo custo. Começou a usar o Gabriel, dizendo que o mataria caso eu não voltasse com ele”, relembrou a mãe do garoto.
Desaparecimento e buscas
Após as recusas da ex-companheira, Geraldo desapareceu de vez com o filho e passou a enviar áudios dizendo que mataria a criança. Ameaça que teria sido cumprida pouco tempo depois. Gabriel foi encontrado sem vida no dia 15 de março.
A denúncia do desaparecimento da criança e do pai foi feita no dia 14 de março. Desde então, buscas estão sendo feitas para localizar o suspeito.
Segundo a Polícia Militar, cerca de 15 militares estão envolvidos nas buscas, no então o helicóptero não foi acionado devido à geografia da região.
“Um local com cavernas, mata densa e carvoeiras. É um lugar que ele conhece, mas não vamos parar as buscas até conseguirmos localizá-lo”, explicou o tenente Cássio Tameirão.
Conforme o delegado da Polícia Civil, Frederico Moura, os policiais estão atuando de forma integrada com a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e com as autoridades do executivo municipal.
“Desde o início, antes mesmo da consumação do crime e a partir da notícia dos fatos, a Polícia Civil realiza diversas diligências que se dão de forma ininterruptas visando a localização do autor. Atualmente, a investigação conta com duas frentes: uma para esclarecer todos os fatos e envolvidos; e a outra para localizar o autor”, destacou.
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