Estudo da USP de Ribeirão Preto aponta risco maior de pressão alta para quem usa dentadura


Má higiene bucal é um dos principais fatores que contribuem para o aumento da pressão arterial em pacientes com falta de dentes. Estudo aponta risco maior de pressão alta para quem usa dentadura
Um estudo realizado pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto (SP) revelou que quem utiliza dentaduras têm mais chances de desenvolver hipertensão e problemas cardíacos.
A falta de cuidados com a higiene bucal é uma das principais causas deste risco mais elevado para estas doenças.
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Os pesquisadores avaliaram 187 pacientes durante sete anos. Segundo Cláudia Helena Lovato da Silva, coordenadora do estudo, aqueles que não realizaram uma boa limpeza das dentaduras, acabaram acumulando um maior número de bactérias patogênicas, que podem desencadear processos inflamatórios.
Esses processos têm o potencial de prejudicar o sistema circulatório e aumentar a pressão arterial.
“Os resultados indicaram que os pacientes com maior tempo de desdentamento e que tinham a inflamação na cavidade bucal, apresentavam um maior índice de hipertensão, uma menor variabilidade da frequência cardíaca e uma carga microbiana elevada, e também uma maior disposição de citocinas inflamatórias locais”.
Estudo da USP Ribeirão Preto aponta relação entre hipertensão arterial e má higiene bucal
Reprodução/EPTV
Autora da pesquisa, a dentista Adriana Barbosa diz que os voluntários passaram por pelo menos sete exames para que os especialistas chegassem aos resultados.
“A gente coleta salivas, a gente faz fotografias para diagnosticar se ele tem inflamação, a gente faz análise da qualidade da prótese, se elas são funcionais, se não, coleta de sangue para saber sobre as citocinas, faz análise da pressão arterial e da variabilidade da frequência cardíaca”.
A pesquisa também identificou que o tempo de edentulismo foi associado ao aumento da pressão arterial sistólica, evidenciando que, quanto mais tempo a pessoa fica sem dentes, maiores são os riscos para a saúde.
Voluntários passaram por exames para que os especialistas chegassem aos resultados de pesquisa que aponta relação entre uso de dentadura com pressão alta
Reprodução/EPTV
Influência dos hábitos alimentares na saúde bucal e cardiovascular
De acordo com os pesquisadores, problemas de saúde encontrados durante o estudo podem estar relacionados com mudanças de hábitos alimentares e com a má higiene das próteses, que acabam virando um foco de infecções.
“Ela proporciona uma adesão de micro-organismos, restos de alimento, e isso fica em contato com a cavidade bucal, com a mucosa, e proporciona o desenvolvimento de doenças inflamatórias”, diz Cláudia.
Estudo da USP de Ribeirão Preto aponta risco maior de pressão alta para quem usa dentadura
Reprodução/EPTV
Os pacientes que tiveram alterações dos batimentos cardíacos também foram acompanhados por uma equipe de cardiologistas.
“Nós procuramos usar a variabilidade da frequência cardíaca especialmente em uma situação de estomatite, uma doença oral, uma vez que a variabilidade da frequência cardíaca é uma ferramenta muito importante e que pode predizer condições inadequadas no desenvolvimento da saúde do indivíduo, da qualidade de vida do indivíduo”, explica o cardiologista Hélio Salgado, da Faculdade de Medicina da USP.
Cláudia aponta que, a partir dos resultados da pesquisa, é preciso que mais profissionais de saúde estejam atentos às condições dos pacientes, não apenas dentistas.
“O que a gente conclui, que é importante, é que o paciente faça acompanhamento da sua saúde bucal e que todo profissional da saúde esteja atento a medidas que são facilmente aplicáveis, por exemplo, aferição da pressão arterial, que é um indicativo de saúde cardíaca”.
Metodologia
A pesquisa analisou 187 pessoas sem dentes, divididas em quatro grupos. No grupo controle, não havia hipertensos.
O primeiro grupo teste envolvia pacientes com hipertensão, mas que controlavam a pressão com medicamentos. O segundo grupo era composto por pessoas não diagnosticadas com hipertensão, mas que apresentaram pressão alta na hora da medição.
O último grupo foi formado por indivíduos hipertensos que não reagiam aos medicamentos e continuavam com pressão alta.
Foram avaliados fatores como hábitos de higiene, uso noturno de dentadura, consumo de nicotina, saúde oral e sistêmica, tempo de edentulismo e tipo de reabilitação (dentadura completa ou apenas superior). Além disso, saliva e biofilme da superfície interna das próteses foram coletados para análise da microbiota oral.
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