Professor grava curta-metragem com alunos e faz estreia em sala de cinema: ‘Audiovisual como forma de ensino’


Augustto Guimarães foi indicado ao prêmio Professor Porvir e seu trabalho com o filme foi reconhecido por toda a comunidade escolar e pela região de Itatiba, no interior de São Paulo. Alunos da Emeb ‘Rosa Maria Ferrari Belgini’, em Itatiba (SP)
Augustto Guimarães/Arquivo pessoal
Roubando a cena com apenas quatro ou seis anos, alunos de uma escola municipal de Itatiba, no interior de São Paulo, encararam as câmeras e os holofotes ao gravarem um filme pela primeira vez. Assim como o sucesso “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, o curta-metragem “A Lebre e a Tartaruga”, de Augustto Guimarães, ganhou reconhecimento fora da sua “bolha” e conquistou uma indicação para prêmio.
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O filme independente, que garantiu a indicação ao Prêmio Professor Porvir, foi produzido e dirigido pelo pedagogo Augustto de Paula Guimarães, de 23 anos, professor e especialista em gestão escolar, que sempre gostou da sétima arte.
“O cinema é uma arte muito completa, contempla diversos aspectos, como visuais, sonoros e tecnológicos. Quando entrei para a educação, vi uma oportunidade de trabalhar com ele e trazer essa experiência aos pequenos, que, muitas vezes, nunca foram a um cinema ou não conhecem o trabalho por trás de obras como esta”, contou o profissional ao g1.
Augustto Guimarães é professor da rede municipal de Itatiba (SP)
Augustto Guimarães/Arquivo pessoal
🎬 ‘Audiovisual como ensino’
Os atores que fazem parte do elenco são alunos da Emeb “Rosa Belgini”, da área rural de Itatiba. O professor leciona na escola desde 2023, época em que começou a rascunhar a ideia de inserir um trabalho audiovisual nos métodos de ensino.
“Já passei pelo 5º ano, por uma fase dois na educação infantil, e realizei o que seria o rascunho do curta. Produzi alguns curtas-metragens baseados no gênero textual conto de assombração, presente no currículo do 5º ano. Essa foi minha primeira experiência colocando o audiovisual como forma de ensino e, com o sucesso desse trabalho, percebi que gostaria de levar a ideia para as próximas salas que eu lecionasse”, conta.
Alunos da Emeb ‘Rosa Maria Ferrari Belgini’, de Itatiba (SP), que interpretaram a Lebre e a Tartaruga
Augustto Guimarães/Arquivo pessoal
Segundo Augustto, no contexto da educação infantil, principalmente no currículo do ensino fundamental, é necessário abordar temas como a leitura e as fábulas na rotina da sala de aula.
O conto de Esopo “A Lebre e a Tartaruga”, uma das histórias lidas durante as aulas, foi escolhido pelos próprios alunos para ser adaptado para o curta-metragem.
“Conforme as crianças demonstravam mais interesse por uma história ou outra, fui guardando, e chegamos à conclusão de que a fábula ‘A Lebre e a Tartaruga’ era a narrativa mais adequada para o filme, pela quantidade de personagens, que se aproximava do número de estudantes na turma, e pelos cenários, que se deram nos diferentes espaços da escola, que é completamente cercada e inserida na natureza”, explicou.
Filme foi exibido em sala de cinema reservada para a escola municipal de Itatiba (SP)
Augustto Guimarães/Arquivo pessoal
O pedagogo também contou ao g1 que os estudantes aproveitaram a experiência de gravar um filme, e que os maiores ganhos dela foram os primeiros contatos: a primeira vez vendo e manipulando uma câmera; a primeira vez se assistindo em um material audiovisual; e a primeira vez indo a um cinema.
“Estas experiências enriquecem e revelam novas possibilidades nos universos particulares de um coletivo de crianças, cada uma sentindo, compreendendo e aproveitando as etapas do projeto de maneiras únicas.”
“Foi muito alegre e encantador. As crianças da fase dois foram muito resilientes e não deixaram a empolgação de lado durante esta etapa. Como professor, pude perceber a maturação dos pequenos durante o processo, ao entenderem que, para se atingir um objetivo, existem diversas fases a serem finalizadas. Além disso, a atuação traz para crianças desta faixa etária novas possibilidades de expressão e aprimoramento na comunicação”, acrescenta.
Personagem do curta-metragem ‘A Lebre e a Tartaruga’, obra adaptada por professor de Itatiba (SP)
Augustto Guimarães/Arquivo pessoal
📽️ Estreia na telona
O filme foi gravado durante um mês, com uma câmera profissional, e a narração foi gravada com um celular. Tudo isso foi editado por meio de um software pelo computador. De acordo com Augustto, estas foram as únicas etapas das quais os estudantes não participaram efetivamente.
Dando a oportunidade de poder ver um filme no cinema para alunos que nunca haviam vivido essa experiência antes, o professor conseguiu uma parceria com um cinema da cidade e reservou uma sala para exibir o curta ao alunos da Emeb “Rosa Belgini”.
Conto de Esopo ‘A Lebre e a Tartaruga’ foi adaptado para curta-metragem em Itatiba (SP)
Augustto Guimarães/Arquivo pessoal
O local foi decorado com o pôster do filme e as crianças puderam assistir juntas à obra, com direito a pipoca e refrigerante.
“Organizamos o passeio e as crianças estavam muito ansiosas. Foi um dia muito leve e divertido, visto que a grande maioria dos estudantes presentes nunca havia frequentado um espaço como esse. Se vendo na telona, cada aluno pôde conferir a obra produzida com tanto trabalho em equipe. Este foi o fechamento do ‘Projeto Curtinha: a grande premiére'”, destacou.
Alunos de escola municipal e atores de curta-metragem assistiram ao filme em uma sala de cinema em Itupeva (SP)
Augustto Guimarães/Arquivo pessoal
Assista ao curta ‘A Lebre e a Tartaruga’ abaixo:
Indicação ao prêmio Professor Porvir
Pela dedicação e criatividade investidas na obra, o pedagogo conseguiu uma indicação ao Prêmio Professor Porvir, que premia nacionalmente educadores de escolas públicas ou privadas que desenvolvem projetos pedagógicos inovadores.
Entre 900 participantes, Augustto foi um dos 30 finalistas do prêmio, mas não conseguiu a vitória, que era decidida por meio de votação popular. Apesar disso, o salto do trabalho foi positivo e ele ganhou notoriedade não só na comunidade escolar e entre os pais das crianças, mas também por toda a região.
“Logo após o passeio ao cinema, o curta-metragem foi disponibilizado aos pais e responsáveis para que as famílias pudessem assistir ao filme em suas casas. Dessa maneira, ao democratizar o acesso à obra, o trabalho realizado nos ambientes escolares transbordou os muros da instituição e chegou à comunidade e aos contextos familiares e sociais de cada criança. Muitos pais entraram em contato agradecendo e elogiando o projeto, o que me deixou muito contente, visto que seus filhos são as grandes estrelas e beneficiárias diretas deste trabalho”, finalizou o professor.
Uma publicação feita pela Prefeitura de Itatiba também homenageou o trabalho do pedagogo. Veja abaixo:
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