PF apreende celular do secretário de Saúde de Sorocaba durante operação que investiga desvios de recursos públicos


Operação da PF é em conjunto com a CGU e cumpre 19 mandados. Alvos são a Secretaria de Saúde de Sorocaba (SP) e um condomínio de luxo em Araçoiaba da Serra (SP). Cláudio Pompeo, Secretário da Saúde de Sorocaba (SP)
Rodrigo Santos/TV TEM
A Polícia Federal apreendeu o celular do secretário de saúde de Sorocaba (SP), Claudio Pompeo, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, nesta quarta-feira (11). A operação investiga contratos suspeitos de superfaturamento e direcionamento de licitação para uma empresa e uma entidade ligadas à família de um ex-diretor da Empresa de Desenvolvimento Urbano e Social de Sorocaba (Urbes), empresa pública municipal responsável pelo trânsito e transporte.
📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp
A TV TEM teve acesso às informações do mandado de busca e apreensão na casa de Pompeo, e também na secretaria de saúde. A ordem para os agentes da Polícia Federal era para que recolhessem qualquer tipo de documento que comprovasse a operação fora da lei,
Por isso, poderiam ser apreendidos computadores, celulares, mídias de armazenamento de dados, além de eventuais contratos, notas fiscais, recibos e agendas com anotações manuscritas. Até mesmo dados armazenados na nuvem poderiam ser copiados e apreendidos. Segundo a polícia, isso poderia levar a outras pessoas envolvidas no caso.
O secretário Claudio Pompeo disse que não vai se manifestar.
PF cumpre mandados de busca e apreensão em operação que investiga desvios públicos
Além da casa dele e da secretaria de saúde, os policiais também estiveram na empresa “Novos negócios” e na entidade “AJG”, ligadas à família Hial, também investigada na operação. A polícia também esteve em um condomínio de luxo de Araçoiaba da Serra (SP).
A TV TEM entrou em contato com o advogado da família Hial, que informou que não conseguiu contato com os envolvidos.
A operação
A investigação da PF teve início após uma reportagem exclusiva da TV TEM e do g1 que mostrou que, em dois anos e oito meses, as empresas e entidades ligadas à família de Jorge Domingos Hial, conhecido como Tupã, somaram 17 contratos diretos com a Prefeitura de Sorocaba. Ao todo, são R$ 32 milhões em contratos, dos quais R$ 12 milhões, pelo menos, já foram efetivamente pagos. Entenda o caso aqui.
Durante a operação, intitulada Parajás, a Justiça Federal determinou, para uma das empresas, a medida cautelar de proibição de contratar com o Poder Público. Com isso, a empresa não pode fechar nenhum novo contrato e nem movimentar o quadro de sócios durante as investigações.
PF cumpre mandados de busca e apreensão em operação que investiga desvios públicos em Sorocaba
Reprodução/TV TEM
Conforme apurado pela TV TEM, foram apreendidos o HD do computador de Pompeo na secretaria e o HD de um notebook, processos e documentos referentes aos contratos com a Agindo Juntos Geramos + (AJG). Também foi feita uma cópia da nuvem da secretaria.
De acordo com a PF, os investigados podem responder pelos crimes de estelionato contra o Poder Público, peculato e contratação direta ilegal, com penas que podem chegar a 12 anos de prisão.
Prefeitura de Sorocaba e órgãos públicos mantêm contratos com família de diretor da Urbes
Contratos firmados
Em nota, a prefeitura de Sorocaba disse que a operação apura supostos atos de 2020, antes da atual administração, até 2023, e reiterou que todos os processos do Poder Público “seguem rigorosamente os trâmites administrativos e legais”, e que “prima para que seus ritos e procedimentos obedeçam todos aos princípios da legalidade, transparência, impessoalidade, moralidade e eficiência.”
No entanto, segundo apurado pelo g1 e a TV TEM, a maioria dos contratos investigados foi assinada durante a atual gestão, entre 2022 e 2023. Confira nas tabelas abaixo:
Contratos firmados com a empresa ‘Novos Negócios’
Contratos firmados com a empresa Agindo Juntos Geramos + (AJG)
A TV TEM pediu uma posicionamento oficial da prefeitura a respeito das datas e da alegação de que a operação apura contratos firmados antes da atual administração, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Enquanto cumpria agenda de campanha nesta quarta-feira (11), o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) falou à TV TEM sobre a ligação entre a prefeitura e as empresas apontada pela PF.
“É uma operação já antiga, com contratos que iniciaram em 2020. […] Zero ligação. É importante dizer que em nenhum momento o prefeito é investigado nesse caso. É importante reforçar isso. E reforçar que é uma ação em um momento eleitoreiro, de um assunto já batido há um ano”, disse.
Já a ex-prefeita de Sorocaba, Jaqueline Coutinho (PRD), informou que desconhece o contrato citado pelo prefeito e afirma que “se houve [contrato], o Secretário da pasta deverá esclarecer os termos e condições”.
Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí
VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM
Adicionar aos favoritos o Link permanente.