É #FAKE que vídeo mostre incêndio criminoso em canavial no interior de SP


Técnico agrícola e brigadista estava, na verdade, usando fogo controlado para impedir que as chamas se alastrassem pelo canavial em Igaraçu do Tietê, segundo a Polícia Civil. É #FAKE que vídeo mostra incêndio criminoso em canavial no interior de SP
Montagem g1
Circula nas redes sociais um vídeo que mostra um homem colocando fogo em um canavial e, em seguida, deixando o local de forma apressada numa caminhonete branca. Publicações afirmam que o flagrante do incêndio supostamente criminoso teria sido feito por um grupo de ciclistas em Barra Bonita, no interior de São Paulo. É #FAKE.
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No vídeo, uma mulher diz assustada: “Gente, vamos sair daqui”. Outra mulher responde: “Não, tô filmando. O homem tá tacando fogo”. Após a plantação de cana-de-açúcar começar a pegar fogo, a autora da gravação ainda afirma que anotou a placa do carro.
O vídeo gerou repercussão nas redes sociais, já que o estado de São Paulo enfrenta uma crise ambiental em razão das queimadas e está em situação de emergência por conta do alto risco de incêndios.
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O Fato ou Fake descobriu que o homem do vídeo não provocou um incêndio criminoso. Na verdade, ele é um brigadista e estava aplicando a técnica de “fogo contra fogo” ou “fogo de encontro”, usada para conter e prevenir incêndios.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a Polícia Civil foi notificada sobre as imagens em 3 de setembro. A área atingida está localizada próxima a um cemitério, no bairro Cohab, em Igaraçu do Tietê, cidade vizinha de Barra Bonita.
“Os policiais foram até a empresa e, no local, constataram que um dos funcionários estava utilizando a técnica de “fogo de encontro” para conter um incêndio em um canavial. Aproximadamente 17 hectares de cana-de-açúcar foram destruídos pelas chamas. O caso foi registrado como incêndio e as investigações continuam para identificar e prender os responsáveis pelo crime”, informou a pasta em nota.
A pedido do Fato ou Fake, o professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), Edson Vidal, analisou as imagens e também confirmou que o homem do vídeo usou o fogo controlado para diminuir o combustível do incêndio (a palha seca). O intuito era impedir que as chamas se alastrassem.
Uma busca reversa no Google Lens —ferramenta usada para procurar origem de imagens— ainda revelou que o vídeo foi publicado pela página Reclame Aqui Barra Bonita e Igaraçu do Tietê no Facebook, em 3 de setembro. No dia seguinte, o perfil compartilhou um vídeo com o depoimento de José Givaldo Diogo de Araújo — o homem que aparece nas imagens. Ele é técnico agrícola e brigadista.
“O que eu estava fazendo, na verdade, chama-se aceiro controlado, ou seja, controlar o fogo com o fogo que estava descendo, para evitar que o fogo propagasse para a quadra de baixo e passasse para a APP [Área de Proteção Ambiental]”, explica Diogo.
O g1 também conseguiu entrevistar o técnico agrícola, que contou que trabalha há mais de 40 anos em canaviais. Ele ainda disse que ficou surpreso quando viu o vídeo circulando na internet com informações equivocadas.
A queima controlada é permitida?
A queima controlada é uma técnica que utiliza o fogo de forma planejada para produção e manejo em atividades agropastoris ou florestais, e para fins de pesquisa científica e tecnológica, em áreas com limites físicos previamente definidos, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Além de limpeza e preparo do solo para plantio, a prática também é adotada como estratégia de combate a incêndios florestais. O objetivo é fazer com que o fogo elimine a vegetação que pode ser combustível para queimadas, como folhas secas.
O Código Florestal permite a prática da queima controlada em “Unidades de Conservação, em conformidade com o respectivo plano de manejo e mediante prévia aprovação do órgão gestor da Unidade de Conservação, visando ao manejo conservacionista da vegetação nativa, cujas características ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocorrência do fogo”.
Fato ou Fake explica:
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José Givaldo Diogo de Araújo é brigadista da empresa dona da área, técnico agrícola e trabalha em canaviais há mais de 40 anos

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