Qualidade do ar na capital paulista atinge pior momento desde o início das queimadas no estado


Nas 24 estações de medição na capital e Região Metropolitana de São Paulo, oito registraram qualidade do ar ‘ruim’ e 16 ‘muito ruim’. Qualidade do ar na capital paulista atinge pior nível desde o início das queimadas no estado
São Paulo está enfrentando os efeitos dramáticos dos incêndios. Nesta quarta-feira (11), a qualidade do ar na capital paulista atingiu o pior momento desde o início das queimadas no estado.
Se na terça-feira (10) estava ruim, nesta quarta-feira (11) piorou. As queimadas não dão trégua. Uma trilha de fogo consome parte da mata em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo. Na cidade ao lado, Barueri, o fogo está chegando nas casas.
A represa Billings ficou verde. Provável efeito da proliferação de algas por causa do tempo seco. Mas, segundo a Sabesp, a água que abastece São Paulo continua potável. No Rio Pinheiros, o governo do estado fez bombeamento das águas para melhorar a oxigenação e reduzir a concentração de algas.
Já o ar… Nas 24 estações de medição na capital e Região Metropolitana de São Paulo, oito registraram qualidade do ar “ruim” e 16 “muito ruim”.
“É um ar muito pesado, um ar assim que sufoca”, diz a aposentada Nicea Silva Nascimento.
“Dor na vista, garganta seca”, conta a técnica de enfermagem Salete Regina Dias.
Qualidade do ar na capital paulista atinge pior momento desde o início das queimadas no estado
Jornal Nacional/ Reprodução
Os efeitos de tantos dias de secura e fumaça afetam os saudáveis e, especialmente, os mais sensíveis.
“Eu tenho asma, o ar está péssimo e eu estou usando a máscara para filtrar um pouco dos poluentes do ar. Espero que ajude”, conta a jornalista Fátima Nunes.
Em meados dos anos de 1990, São Paulo tomou uma atitude radical contra a poluição: implantou o rodízio que até hoje tira 20% da frota das ruas diariamente. O rodízio virou também uma ferramenta contra os congestionamentos. Só que isso aconteceu quase 30 anos atrás. E hoje, que medidas estão ou não estão sendo tomadas para enfrentar a soma de antigos e novos poluentes?
Batalha contra incêndios em São Paulo mobiliza autoridades, especialistas e moradores
Nesta quarta-feira (11), a Prefeitura de São Paulo criou um comitê de crise com várias secretarias. Anunciou a compra de umidificadores de ar para escolas em bairros com baixa umidade. Informou que vai reforçar o atendimento a idosos e aumentar os estoques de soro fisiológico nas unidades de saúde. Tendas espalhadas pela cidade estão distribuindo água, sucos e frutas.
O governo do estado anunciou a suspensão temporária de autorizações para queimadas no campo e prolongou o fechamento de parques para evitar risco de mais incêndios.
O secretário executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, defende que medidas de combate, prevenção e alertas deveriam ser ampliadas:
“O que parece é que o clima definiu que vai ser agressivo, e está sendo agressivo. Já as atitudes dos governos não acompanham o mesmo ritmo de forma definitiva. Nós não encaramos a situação tal qual ela se apresenta. Suspensão, por exemplo, de atividades ao ar livre. Às vezes, você vai ter que paralisar aulas, paralisar serviços não essenciais, até mesmo para diminuir o trânsito de carros nas cidades”, afirma.
A presidente do Instituto Ar, Evangelina Araújo, também defende a adoção de medidas mais fortes porque a concentração de poluentes está três vezes acima do aceitável para a saúde.
“Nós estamos no Brasil com níveis acima de 150. Então, é muito alto. Esse nível é o nível que o país deveria decretar um estado de emergência”, afirma Evangelina Araújo.
Escolas privadas da capital começaram a adotar medidas como a colocação de umidificadores de ar e plantas nas salas de aula, e muita água fora.
“A gente liga um pouco o chuveirão e faz muitas brincadeiras de construção com água, de caminhos, de pontes… Eles brincam bastante por aqui”, conta Vivian Machado Lopes Lourenço, coordenadora de educação infantil.
E é para garantir um futuro melhor para elas e para todos que o especialista alerta:
“Nós precisamos acabar com o crime ambiental no Brasil ou o crime ambiental, aos poucos, vai continuar impondo prejuízos para todos nós”, afirma Márcio Astrini.
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