STJ manda suspender investigação contra juiz suspeito de venda de sentenças


Defesa argumentou que apuração do caso foi ilegal porque começou sem autorização do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Goiás. TJ-GO não vai se manifestar sobre a decisão, emitida em caráter liminar. Juiz Adenito Francisco Mariano Júnior, titular da Comarca de Silvânia, Goiás
Reprodução/Google Street View e Site TJ-GO
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou a suspensão da investigação contra o juiz Adenito Francisco Mariano Júnior, titular da Comarca de Silvânia, suspeito de envolvimento em venda de sentenças. Segundo a defesa do magistrado, a apuração foi conduzida ilegalmente por começar sem a devida autorização do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO).
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A suspensão foi concedida em caráter liminar na noite da última quarta-feira (11) pelo ministro Messod Azulay Neto, após um pedido dos advogados Romero Ferraz e Alexandre Lourenço, que defendem o magistrado. O TJ-GO informou que não se manifestará sobre a decisão.
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A decisão judicial estabelece que a investigação permaneça suspensa até que o habeas corpus impetrado pela defesa seja julgado no mérito. “Defiro o pedido de liminar, para determinar a suspensão do trâmite do inquérito na origem até ulterior deliberação”, escreveu o ministro.
Ao g1, a defesa declarou que “comprovou a violação ao foro por prerrogativa de função do magistrado, já que o inquérito judicial, então sigiloso, foi instaurado sem supervisão do Órgão Especial da Corte, como determinam a Constituição Federal e a Constituição do Estado de Goiás”.
A investigação
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O juiz Adenito Francisco Mariano Júnior, com assessores, advogados e um contador, estão entre os alvos da operação realizada pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) no dia 13 de agosto. Segundo o processo, o magistrado, assessores, advogados e um contador, são suspeitos de corrupção ativa e passiva, uso de documentos falsos, fraude processual, lavagem de ativos e organização criminosa.
Na época, o TJ-GO informou que o magistrado e dois de seus assessores foram afastados de suas funções. A decisão judicial, feita pela Desembargadora Nelma Branco Ferreira Perilo, determinou que os outros suspeitos usassem tornozeleira eletrônica e autorizou a realização de buscas e apreensões no gabinete do juiz, em residências e escritórios, além da decretação de indisponibilidade de bens.
A Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) informou que a defesa foi constituída pelo próprio magistrado e, por isso, não tem conhecimento sobre o andamento do processo.
Pedido da defesa
No pedido de liminar, os advogados argumentaram que houve “grave violação à prerrogativa de foro constitucionalmente assegurada ao magistrado”. Os advogados explicaram que a Constituição Federal e a Constituição do Estado de Goiás determinam que compete aos Tribunais de Justiça, por meio do Órgão Especial, processar e julgar os juízes de primeiro grau nas infrações penais, e não à Corregedoria-Geral de Justiça, o que aconteceu no caso de Adenito.
A operação
A investigação começou a partir de apurações feitas pela Corregedoria-Geral da Justiça, em parceria com o Núcleo de Inteligência do TJ-GO, após a recepção de denúncias sobre a atuação do juiz Adenito Francisco no âmbito de um inquérito judicial instaurado pelo próprio Tribunal de Justiça.
As diligências investigativas foram conduzidas pela Polícia Civil e pela Procuradoria-Geral de Justiça, com autorização do Poder Judiciário. A operação foi acompanhada por magistrados auxiliares da Presidência e da Corregedoria-Geral da Justiça do Tribunal, além de integrantes do Ministério Público, da Polícia Civil e da Comissão de Prerrogativas da OAB-GO.
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