Nível das represas está mais baixo que no ano passado. Em outro reservatório, a Represa Guarapiranga, que abastece mais de 4 milhões de pessoas, a água já está abaixo da metade. Maior reservatório de São Paulo, o Sistema Cantareira está em estado de atenção
Reprodução/Jornal Nacional
A faixa de areia avança pelas bordas das represas do Sistema Cantareira.
A principal caixa d’água da região mais populosa do Brasil está em estado de atenção, com o nível mais baixo do que no ano passado (70,6%, em 14/09/2023), mas acima dos registrados, por exemplo, em 2021 (34,1%, em 14/09/2023) e 2022 (31,2%, em 14/09/2023) e bem acima dos de 2014 (-9,4%, em 14/09/2014) e 2015 (-12,8%, em 14/09/2015), quando a gente presenciou a maior crise de abastecimento da história de São Paulo.
Um sobrevoo por outro reservatório nos leva ao vazio. A pilastra revela as marcas da estiagem, o barco não tem como seguir viagem, o pier fica isolado e a placa perde serventia.
De perto, às margens da Represa Guarapiranga, a água recua e já é visível a formação de uma extensa área seca. Hoje, mais da metade desse reservatório, que abastece quase 4 milhões de pessoas, está vazio.
A empresa de saneamento Sabesp diz que as obras feitas depois da crise hídrica para interligar os sete mananciais de São Paulo diminuem o risco de falta de água.
“Se tiver um manancial com mais água do que a média e outro com menos água do que a média, eu consigo priorizar o uso desse manancial que tem mais água para poder economizar um pouco o manancial que tem menos água. E isso que consegue nos deixar hoje numa média similar aos últimos 5 anos mesmo com a estiagem muito forte que está tendo no Brasil todo”, afirma André Gois, superintendente de produção de água da Sabesp.
Sobre as chuvas que recarregam os reservatórios, as previsões do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) indicam uma tendência de agravamento da estiagem.
“Hoje nós temos uma pressão maior sobre os recursos hídricos porque as vazões caíram e isso impacta em todos os usos e usuários de água das bacias na nossa região”, afirma Antônio Carlos Zuffo, professor titular de hidrologia e gestão de recursos hídricos da Unicamp.
Jerson Kelman, que já comandou a Sabesp e a Agência Nacional de Águas (ANA), descreve o cenário diante das mudanças climáticas.
“É claro que todos nós temos que estar preparados pro pior – que é as condições meteorológicas e hidrológicas ficarem pior. E como se faz isso? Com educação pra população não desperdiçar o recurso natural, a água. E, de outro lado, as empresas de aumentar a confiabilidade nos seus sistemas de captação e tratamento”, diz Kelman.