Pesquisadores da UFRGS comprovaram os altos índices de turbidez da chuva que caiu na última semana em Porto Alegre. A cor da água também está seis vezes superior ao limite considerado potável pelo Ministério da Saúde. Chuva escura traz risco à saúde no RS
No Rio Grande do Sul, a poluição que fez a água da chuva ficar escura traz também risco à saúde para quem reaproveitar essa água.
A chuva que ajuda a limpar o céu chega escura ao chão.
“Você botava o baldinho, assim, ficava aquela água, o balde cheio de preto assim”, diz a aposentada, Marisa Ribas.
“Os carros saem com a água chuva, água preta. Assusta muito”, afirma a autônoma, Vera Luci Dorneles.
Chuva escura no RS: reaproveitamento da água pode trazer riscos à saúde, alertam pesquisadores
Reprodução/TV Globo
A chuva escura acontece porque há muita fumaça das queimadas acumulada na atmosfera e a fuligem que está suspensa no ar se mistura à água.
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul constataram que a água da chuva é tão turva que ultrapassa qualquer limite considerado aceitável.
“Ele dá em 33, o correto seria em torno de um para a água potável, então ele está 30 vezes mais do que deveria. Muito mais turbidez, principalmente da fuligem. Não é normal a gente encontrar tantas em uma chuva do dia a dia”, destaca Mateus Pessota, estudante de engenharia ambiental/UFRGS.
Chuva escura no RS: reaproveitamento da água pode trazer riscos à saúde, alertam pesquisadores
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A cor da água também fora dos limites considerados potável pelo Ministério da Saúde.
“Principalmente da amostra de chuva da quinta-feira, que foi a primeira chuva que caiu em Porto Alegre depois de longo período sem chuva, os valores de sólidos totais foram muito elevados. Ela apresenta uma qualidade muito inferior ao esperado de uma água de chuva”, explica Loudi Albonorz, coordenador do laboratório de Saneamento/UFRGS.
Chuva escura no RS: reaproveitamento da água pode trazer riscos à saúde, alertam pesquisadores
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Os pesquisadores também faz um alerta: essa fumaça originada do norte, centro-este e sudeste do país ainda deve se fazer presente no Rio Grande do Sul pelos próximos 30 dias. A água da chuva nesse período deve ter o uso bastante restrito. No máximo, para limpeza de calçada e consumo de animal completamente desaconselhável.
“Para lavar roupa, como muita gente faz, não é indicado”, diz Mateus Pessota, estudante de engenharia ambiental/UFRGS.
O resultado sobre a presença de demais substâncias tóxicas que impactam o meio ambiente deve sair na semana que vem.
“A alta concentração de sólidos facilita o transporte de metais que podem estar na atmosfera, que chegam até a superfície. Também temos impacto no meio ambiente, que pode ter uma destruturação do solo, uma degradação ambiental de rios ou de aquíferos, que são coletados para a água para a população”, acrescenta Loudi.
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